A filha perfeita - Lucinda Berry

>>  segunda-feira, 24 de março de 2025

BERRY, Lucinda. A filha perfeita. São Paulo: Editora Astral Cultural, 2024. 384p. Título original: The Perfect Child.

"- É seu primeiro caso de homicídio?
- Já estive em outros casos.
Eu gostaria de viver em um mundo em que não conhecesse intimamente a violência, mas já vi mais do que gostaria, dado o trabalho que faço. Ainda assim, fui incapaz de imaginar que os Bauer estivessem envolvidos em algo tão terrível." p.7

 O livro se inicia com o diálogo acima, então o tempo todo sabemos que alguém vai ser assassinado, mas não sabemos quem, nem o porquê. Essa é a premissa do thriller A filha perfeita da Lucinda Riley, confiram o que achei!

Hannah e Christopher Bauer são um casal perfeito. Eles têm uma bela casa, carreiras bem-sucedidas no mesmo hospital - ela como enfermeira e ele como cirurgião ortopédico-, e um casamento muito feliz. Só faltava uma coisa para a família, uma criança. Hannah tentou engravidar por muitos anos, mas após vários abortos desistiu de seu sonho. Agora eles estavam passando por um longo processo para adotar uma criança.

Quando uma menininha abandonada, Janie, de apenas 6 anos, chega ao hospital em condições terríveis, Chris logo fica muito próximo dela. Eles criam um vínculo instantâneo e ficam mais próximos com a longa estadia dela no hospital.

A polícia encontrou Janie, amarrada em uma espécie de coleira, sozinha, em uma área de trailers. Depois, descobrem que sua mãe foi assassinada dentro do trailer onde viviam, o assassino ainda não foi localizado. Ela foi espancada, estava muito abaixo do peso, repleta de fraturas novas e antigas. E com a mente, obviamente, muito perturbada. 

Janie não é uma criança comum, ela é muito pequena para a idade, ainda usa fraldas e tem crises terríveis quando é contrariada. A assistente social encarregada, Piper Goldstein, fica muito feliz quando os Bauer resolvem dar a Janie um lar temporário. Eles são treinados, têm experiência hospitalar, tempo e recursos para cuidar dela. 

Mas mesmo com o acompanhamento terapêutico e toda a paciência do mundo, a adaptação não é fáci. A criança parece descontar em Hannah, a figura da mãe, toda a raiva dos traumas que carrega. E para Chris, ela guarda seu lado mais doce e angelical. Logo o casal está lidando com muitas desavenças e problemas sérios. Chris se recusa a enxergar os problemas da criança, e as maldades de Janie começam a abalar Hannah física e psicologicamente.

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Perturbador. Não tem outra palavra que melhor descreva este livro. A narrativa da autora é excelente, prende o leitor do início ao fim, e os personagens são bem reais, bem construídos e irritantes na maior parte do tempo rs.  

Desde o começo eu morri de medo dessa adoção. Eu não conseguia enxergar um final feliz ou ter empatia com a criança, só temia por Hannah, uma mulher incrível e que só queria construir uma família. A cegueira de Christopher, que achava tudo que Janie fazia normal, não ajudava. E para mim não trouxe grandes surpresas, a maioria dos desdobramentos eu já esperava.  Ainda mais depois que Hannah engravidou, eu temi com todas as forças pelo bebê que estava por vir.  A única surpresa para mim foi o "quem morreu", que é anunciado logo no início do livro, isso eu realmente não esperava. 

O meu ranço com Christopher só cresceu no decorrer do livro, e eu não conseguia entender como Hannah aguentou tudo aquilo sem tomar uma atitude. Ela questionava sua capacidade como mãe, sentia que falhava ao não conquistar o amor de Janie, ou quando a criança não melhorava seu comportamento. Eu lia e pensava: Que cilada, que criança dos infernos hahaha. A menina, ao meu ver, era claramente uma mini sociopata, e nem os profissionais de saúde mental que cuidavam dela, pareciam enxergar o que realmente acontecia. 

O final foi totalmente aberto e me fez desgostar da leitura, parece que a autora nem se preocupou em escrever um final decente depois de tudo isso. Quatro anos depois, ela publica um conto que dá uma luz neste final, chamado "A Welcome Reunion", não lançado no Brasil. Eu fiquei com tanta raiva que nem deu vontade de ler, mas a sinopse do conto já esclarece muito do que ficou em aberto aqui. [ALERTA DE SPOILERS] Perto do final, um acidente acontece em casa e Cole sofre uma queda e vai parar no hospital com um grave ferimento na cabeça. Hannah tem um surto psicótico e acaba sendo internada em uma clínica. E com o acidente, eles estão sendo investigados por agressão contra as crianças, então Janie e Cole (o bebè dos dois) vão ficar com a tia, irmã de Hannah. Claro que o idiota do Chris não conta a ninguém tudo o que aconteceu, então Hannah é a louca que agredia as crianças. Até que a tia cai da escada e morre, e Janie claramente a empurrou. No final Hannah tem alta e volta para casa, Janie está internada em uma clínica desde que a tia morreu. Aí os policiais descobrem que Janie foi quem matou a mãe, eles estão indo para a casa do Bauer contar, e o livro termina assim, do nada. Você não sabe se eles cancelaram a adoção ou não, se continuaram casados, o que aconteceu com a criança infernal, nada hehe.[FIM DOS SPOILERS]

Bom, o thriller certamente prende e é muito perturbador, eu leria outros livros da autora porque gostei muito da narrativa. Mas este não me ganhou, então não super indico, depende muito do gosto de cada leitor. Quem leu conte se curtiu.

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Avaliação (1 a 5):

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