Viagem Literária: O último demônio a morrer

OSMAN, Richard. O último demônio a morrer. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2024. 320p. (Thursday murder club series, v.4). Título original: The last devil to die.

"- Tem um velho que visita ela na prisão - explica Jason. - Ele esteve lá faz algumas semanas e, depois disso, ela já começou a operação de guerra. Toda a Costa Sul ficou enlouquecida. Mas ninguém sabe quem é o tal do cara, então nem adianta perguntar.

- Nós sabemos quem é - afirma Chris.

- É o Ibrahim - declara Ron.

- Deus do céu, pai - diz Jason, rindo. - Claro, só podia ser o Ibrahim. Você e seus amigos agora estão dando início a guerras do tráfico. Eu preferia quando você escrevia para a prefeitura reclamando da coleta do lixo." p.175

O último demônio a morrer do Richard Osman é o 4º livro da série O clube do crime das quintas-feiras, minha nova série favorita! Os livros tem um estilo conhecido como Cozy mystery, uma mistura de suspense com comédia, mas este também tem um lado dramático muito forte. Confiram o que achei!

Em O clube do crime das quintas-feiras ficamos conhecendo a turma de idosos mais descolada da Inglaterra. Eles moram em um retiro de aposentados, mas ao contrário de todo o tédio esperado nesses lugares, eles resolveram investigar antigos crimes sem solução, como um hobby... Tudo fica mais sério quando alguém realmente morre por lá e eles resolvem descobrir o culpado. E é assim que Elizabeth, a "líder" da trupe e que trabalhou no MI5 (serviço de espionagem doméstica britânico); Joyce, a verdadeira líder do grupo que se passa por uma senhora frágil e inofensiva muito bem; Ron que ainda conserva a fúria dos seus tempos de líder sindical e Ibrahim, um psiquiatra que tem formas muito gentis de dizer tudo o que os amigos precisam escutar... se tornam os mais improváveis detetives britânicos!

A resenha não contém spoilers sobre os volumes anteriores, mas os livros são todos relacionados e precisam ser lidos na ordem!

É clima de Natal em Coopers Chase, e a turma se reúne para vários eventos natalinos. No meio das festas e trocas de presentes, acabam descobrindo que Mervyn, o mais novo interesse romântico de Joyce, estava sendo enganado por uma suposta mulher russa, em um golpe virtual, e já tinha enviado muito dinheiro para a sua suposta namorada, que viria visitá-lo em breve.

Enquanto isso, Elizabeth precisa lidar com preocupações maiores. Seu amado marido, Stephen, vem piorando muito com sua mente deteriorada, e quando ele encontra uma carta, que escreveu para si mesmo no começo do Alzheimer, falando o que deveria ser feito quando a situação piorasse muito, eles precisam decidir o que fazer a seguir. Como sempre, vão contar com a ajuda de Bogan, amigo dos dois e namorado de Donna, uma das policiais que sempre ajuda a turma em suas investigações.

Quando Kuldesh Sharma, um velho amigo de Stephen e dono de um antiquário local é assassinado, eles decidem investigar o caso. Descobrem que uma caixa contendo heroína desapareceu da loja de Kuldesh, aparentemente, a droga entrava no país dentro de algum recipiente antigo, uma falsa antiguidade, e usavam os donos das lojas apenas para fazer a entrega. O distribuidor local ia na loja e levava a caixa embora. Só que agora Kuldesh está morto, a caixa está desaparecida, e além da polícia, todos os traficantes da região estão atrás da heroína.

O caso fica mais complicado, eles precisam lidar com os traficantes, uma presidiária nada confiável, donos de lojas de antiguidades e falsificadores desonestos, e uma nova investigadora hostil. Os policiais Chris e Donna foram retirados do caso, mas continuam investigando para ajudar os amigos.

Quando novas mortes se acumulam, eles correm contra o tempo para encontrar a droga e desmascarar o assassino.

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Eu sempre me divirto muito com essa turma e os acontecimentos hilários, mesmo que alguns sejam bem inacreditáveis em alguns momentos. Mas ao contrário do que esperava, este volume também me fez chorar horrores! A parte dramática protagonizada por Stephen e Elizabeth foi muito triste e pesada. E no final, amei tudo mais uma vez. Esta série é incrivelmente divertida, ao mesmo tempo que passa lições importantes e têm reflexões muito interessantes sobre a vida e a morte.

A doença de Stephen e a tristeza de Elizabeth roubam todas as cenas. Quem conviveu de perto com um familiar amado com Alzheimer, sabe bem o quão triste é esta doença. Ver alguém que você ama se apagando aos poucos, sem lembrar de nada do que foi ou de quem está ao seu redor. E Stephen tem momentos de lucidez, em que percebe tudo o que está acontecendo, e sabe que a esposa não consegue mais manter os cuidados que ele precisa naquele lugar. E então ele decide o que vai acontecer a seguir. E foi de partir o coração.

Na parte de suspense, o caso não me interessou tanto no início. Talvez por se tratar de um assassinato relacionado ao tráfico, e todos os envolvidos eram bandidos que mereciam se dar muito mal no final. O título "O último demônio a morrer" veio muito a calhar dentro desta lógica. Só não entendo como não desconfiam mais de Connie, a traficante presa, que se consulta com Ibrahim como psicólogo. Ele acaba passando muita informação de bandeja para ela, e depois não desconfiam de tudo o que isso causa.

Eu amo os diálogos, mesmo alguns sendo totalmente cinematográficos! Morri de rir quando um dos traficantes ameaça matar alguns deles e a Joyce: "Temos mais de 80 anos, a morte já deixou de nos assustar faz tempo" hahaha. E tem umas coisas completamente malucas! Eles simplesmente marcam um almoço em um restaurante conhecido da cidade, reservam uma área privada, e convidam todos os bandidos envolvidos para ALMOÇAR hahaha. Não dou conta. E ficam lá discutindo o crime calmamente, para tentar descobrir novas pistas e soltar uma "isca", claro que todos caem lindamente rs.

Amei os acontecimentos finais e a forma como amarraram todas as pontas. Eu tinha estranhado algumas coisas e tudo fez sentido. Agora é esperar pelo próximo volume desta série querida, como eu já amo todos os personagens! Joyce continua sendo minha favorita, o autor podia arrumar logo um namorado para ela hehehe. [ALERTA DE SPOILERS] Eu quase morro de chorar com a morte de Stephen, e ele escolhendo partir com um medicamento indetectável, ao invés de ir para uma clínica de repouso e esperar sua mente se deteriorar ainda mais. Triste demais por Elizabeth, por aceitar e ajudar nesta escolha. Entendo totalmente a escolha dele, sem julgamentos aqui, mas imagino fazer isso e esperar quem você ama partir. Na investigação a culpada pela morte de Kuldesh foi uma colega dele, historiadora, que fez tudo por ganância, ao descobrir que a caixa onde estava a heroína era um artefato muito valioso, a droga em si, era o que menos importava ali. Mas no final, as outras mortes e muito do que aconteceu, foi arquitetado por Connie de dentro da prisão, e eu morro de raiva dela continuar na ativa e não desconfiarem dela. [FIM DOS SPOILERS]

Eu amo a série e indico sempre, LEIAM! Dos melhores livros do ano, este estará no Top 10 com certeza.

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Thursday murder club series: