Naquele fim de semana - Sarah Alderson
>> segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
ALDERSON, Sarah. Naquele fim de semana. Rio de Janeiro: Editora Record, 2021. 336p. Título orginal: The weekeend away.
"Fecho os olhos ao desligar e deixo as palavras ricochetearem em vão, como uma chuva misturada com neve batendo contra uma vidraça gelada." p. 259
"Duas amigas viajam. Só uma volta." Essa é a premissa e a frase da capa de Naquele fim de semana, o thriller de estreia da inglesa Sarah Alderson. Hoje conto para vocês o que achei!
Orla e Kate são melhores amigas desde a época da faculdade, moraram juntas, se divertiram muito, e atualmente tentam seguir a tradição de viajar juntas, pelo menos uma vez ao ano. Enquanto Kate construiu uma carreira de sucesso, ganhava muito e tinha um marido rico, Orla abandonou o emprego para cuidar da filha recém nascida, Marlow, e tinha um casamento tranquilo com Rob.
E agora Orla consegue um final de semana livre, deixa sua bebê com o pai, e viaja com Kate para Portugal. Claro que tudo agora é diferente. Orla sente seus seios inchados com excesso de leite, se preocupa o tempo todo se o marido está cuidando bem de Marlow sozinha e se sente feia, gorda, esquisita. Sua melhor amiga glamorosa, separou do marido depois dele tê-la traído e promete tirar metade de tudo o que ele tem. Impetuosa, Kate quer aproveitar muito, jantar nos melhores restaurantes e se divertir nas baladas locais.
Na primeira noite das duas em Lisboa, depois de jantarem em um restaurante caríssimo, Kate usa drogas e bebe bastante. E depois disso, arrasta Orla para um bar, onde conhecem dois lindos rapazes locais. Ela insiste em convidá-los para o apartamento em que estão ficando, apesar da resistência de Orla. Orla ficou muito bêbada e apaga, sem lembrar de nada do que aconteceu no restante da noite.
Ao acordar, ainda grogue e com ressaca, Orla percebe duas coisas aterrorizantes. A primeira é que aparentemente foi drogada, por isso ficou tão bêbada e apagou. Sem provas de algum abuso sexual, ela fica apavorada com a hipótese. A segunda delas, Kate desapareceu. Ela não encontra a amiga, nem sua bolsa ou celular, e os homens que estiveram lá já foram embora.
Desesperada, começa a procurar Kate pela vizinhança enquanto tenta ligar para ela, sem sucesso. Conta meias verdades ao marido, que insiste que Kate deve estar por aí se divertindo. Ao refazer seus passos da noite anterior, Orla conhece Konstantin. Ele é o motorista do Uber que levou ela e Kate até o bar, e ela resolve voltar lá em busca de pistas. Ele resolve ajudá-la levando para vários lugares e falando português para facilitar suas perguntas. Sem pistas, Orla resolve ir à polícia, que não ajuda muito afirmando que ainda não pode registrar o desaparecimento.
Em sua busca por Kate, Orla descobre segredos que podem mudar toda a sua vida.
"A escuridão desce como um capuz de veludo, envolvendo-me completamente em sua calidez e suavidade." p.319
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Li muitos comentários positivos sobre ele e fiquei curiosa. Eu gostei, mas esperava mais do thriller, achei a história e personagens bem simples e com desenvolvimento raso. Esperava mais do enredo também. Mas é uma leitura que flui muito bem, narrativa gostosa e que deixa o leitor grudado do início ao fim.
Começando pelos personagens, não me apeguei muito a eles, talvez por não serem tão bem construídos. Kate logo se mostra uma pessoa horrível, então eu me importava zero pelo que teria ou não acontecido com ela, só estava curiosa em solucionar o mistério. Orla é uma protagonista legal, mas tão confusa e faz tanta burrice, que confesso que fiquei com um pouco de ranço dela. Os outros personagens são todos meio que jogados na história, como o misterioso Konstantin, o marido Rob, os dois detetives, o dono do apartamento que elas alugam e demais coadjuvantes.
A autora é roteirista, então acho que está mais acostumada a escrever histórias rápidas e com plot twists constantes. Senti falta de um maior desenvolvimento no geral, tudo é muito jogado. Achei todos os ganchos forçados! Ela pega um Uber para ir ao tal bar com Konstantin, e no dia seguinte, depois que Kate some, entra em contato com ele para levá-la de novo até lá, já que não se lembrava do nome do bar (era só olhar no app, mas ok). E do NADA, ele resolve ajudá-la em tudo, leva a moça para vários lugares sem cobrar e inclusive investiga por ela, com uma participação inexplicável de todas as testemunhas, que logo contam tudo o que ele quer saber. Do nada, o dono do apartamento que alugaram, o tal do Sebastian, oferece para Orla ficar em um quarto no apartamento dele (ela teve que sair de onde estava, porque estava alugado para outras pessoas). E mesmo achando o cara sinistro, o que ela faz? Faz sua malinha e se hospeda lá, em um quarto SEM CHAVE. Outro gancho fraco foi a polícia (sinceramente, se se passasse na América do Sul eu até acreditava mais kkkk). Os dois detetives conduzem interrogatórios fracos, com poucas perguntas e logo suspeitam da própria Orla. E a idiota não chama um advogado em hora nenhuma, e só vai piorando sua situação.
O enredo é interessante, apesar de eu ter achado tudo um pouco dedutível. No início, Orla acorda e vê camisinhas usadas, taça quebrada e algo que "parece sangue" e várias pistas. Ela faz o quê? Limpa o apartamento! E logo em seguida, começa a andar pra cima e para baixo com o motorista do Uber desconhecido, que para mim era um mafioso desde o início. Kate parece ser uma mentirosa compulsiva, e todos se importam zero se ela morreu hahaha. A trama se desenvolve rápido e logo estamos tentando descobrir a solução da charada.
O final não trouxe surpresas para mim, desconfiei da pessoa logo que soltaram uma informação sobre seu paradeiro naquela noite. Mas antes disso suspeitei do Sebastian, o dono do apartamento sinistro, do ex-marido da Kate, rico e se beneficiaria com sua morte, e até dos dois modelos que passaram a noite lá. [ALERTA DE SPOILERS] Desde que falaram do caso dos dois, Kate e o marido de Orla, eu passei a desconfiar do marido dela. Quando ela descobriu que ele foi a Portugal naquela noite, tive certeza que era ele. No final quando prendem o policial que mentiu, mas nega tê-la matado, eu continuei achando que era o Rob e acertei no final. [FIM DOS SPOILERS]
O livro foi adaptado para o cinema pela Netflix, com o título homônimo. Lançado em 2022 sob a direção de Kim Farrant, tem no elenco Leighton Meester, Luke Norris e Christina Wolfe. Estou curiosa agora para ver o filme.
É um livro mais indicado para quem é inexperiente em thrillers. Para quem lê muito o gênero como eu não vai encontrar muitas novidades. Quem leu me conte se curtiu, leiam!
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Avaliação (1 a 5):