Viagem Literária: Boa garota nunca mais

JACKSON, Holly. Boa garota nunca mais. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2023. 496p. (Manual de assassinato para boas garotas, v.3). Título original: As Good As Dead.

"E Pip não pode fazer isso. Não podia. Porque, se ligasse para aquela pobre mulher, estaria admitindo que havia uma chance, uma possibilidade, de o homem errado estar na cadeia. E o homem certo? Estaria do lado de fora de sua casa, desenhando bonecos de palito das mulheres que já matou indo atrás dela, chamando-a para se juntar às outras. A número seis. E aquele era um jogo para o qual ela não estava pronta. Um stalker era uma coisa, mas isso..." p.136

Cheguei ao final da Trilogia Manual de assassinato para boas garotas, um suspense YA que surpreendeu muitos leitores. Confiram o que achei de Boa garota nunca mais da Holly Jackson.

No primeiro livro conhecemos Pip Fitz-Amobi, uma jovem de 17 anos, que resolve investigar um caso de assassinato que aconteceu em sua pequena cidade há 5 anos atrás. Uma garota popular desapareceu e foi dada como morta. Seu namorado era o principal suspeito e se matou pouco tempo depois, o caso foi encerrado. Ela nunca acreditou que Sal teria matado Andy. E se junta ao irmão mais novo do rapaz, Ravi, para investigar tudo novamente. Ela usa como desculpa o fato da repercussão na mídia ter influenciado a investigação e apresenta a proposta como seu projeto escolar de conclusão do ensino médio. A verdade mudará a vida de muitas pessoas.

Essa resenha não contém spoiler sobre os volumes anteriores, mas fala sobre a vida atual dos principais personagens!

Pip está prestes a ir para a faculdade, mas ainda não se recuperou dos eventos traumáticos de sua última investigação. Ela resolveu o caso, mas a que custo? Ainda sente e enxerga o sangue escorrendo de suas mãos. Desesperada, sem conseguir dormir, e sem se abrir com ninguém sobre os problemas que enfrenta, começa a comprar remédios controlados do traficante local, para que consiga dormir.

Ao mesmo tempo, devido a fama de seu podcast, ela recebe todo o tipo de mensagens, inclusive algumas ameaças. Uma pessoa, anônima, envia sempre a mesma mensagem: Quem vai investigar quando você desaparecer?

Ela começa a observar e percebe que está sendo perseguida de perto. Seu namorado, Ravi, insiste que ela vá à polícia, que mais uma vez não a leva a sério. Agora ela, claro, precisa investigar por contra própria e descobrir quem está por trás disso, antes que se torne a próxima vítima.

Estranhos bonecos de giz são desenhados cada vez mais próximos de sua casa. Ela descobre uma ligação de um caso antigo, um serial killer condenado por matar adolescentes, que confessou e está preso. Mas a mãe do rapaz jura que ele é inocente, e pede para que Pip descubra a verdade. Porém, se ele for realmente inocente, significa que o verdadeiro assassino está à solta. E que Pip será sua próxima vítima.

"Ela fechou os olhos e fez uma promessa silenciosa para Ravi, porque ele a havia escolhido, e ela o havia escolhido: os dois se safariam disso." p.449

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Eu adorei os dois primeiros volumes da trilogia e estava ansiosa para ler o final. E já adianto que esse não me empolgou como os anteriores. O livro é muito grande (quase 500 páginas) e muito descritivo, demora muito para ficar empolgante.

Gosto muito de todos os personagens. Pip e Ravi são ótimos! Inteligentes, perspicazes, e prontos para tudo para descobrir a verdade e se salvarem. E como um casal eles também são ótimos. Ela confia nele totalmente, só não conta sobre sua luta interna com seus traumas, o que me deixou com raiva o livro todo. Ela precisa de ajuda, fica se auto medicando e não procura um médico, não conta aos pais nada. Os pais e seu irmão são ótimos também, adoro a família dela.

O enredo desse volume é lento, são páginas e páginas dos devaneios de Pip, de suas visões assustadoras e ela se drogando para tentar ficar estável. Ela tem alguém atrás dela, e continua correndo todos os dias, saindo a noite sozinha e tomando muito pouco cuidado. Isso dela se achar imbatível, mesmo estando apavorada, irrita um pouco. Depois a trama melhora, já que a tensão aumenta muito quando descobrimos que realmente existe um serial killer atrás dela. Então ou ela pega o culpado, ou ela pode ser morta a qualquer momento.

O final foi bem interessante e emocionante, a adrenalina que faltou no começo corre solta na parte final. Mas senti falta de um epílogo e de uns "anos depois" mostrando o que aconteceu com todo mundo. Até porque com tudo o que aconteceu, você não tem ideia de como Pip realmente está ou Ravi. [ALERTA DE SPOILER] No final ela descobre que o serial killer é o pai de Andie, mas logo depois ele a sequestra e ela quase morre. Ela consegue escapar e mata o cara, mas ela não confia na polícia para enxergar isso como legítima defesa. Nessa parte eu acho que ela vacilou, mas ela resolve armar uma trama inteira, para mudar o horário da morte (esquentando e esfriando o corpo) e armar um álibi para ela e Ravi. Ao mesmo tempo, ela decide acusar Max do assassinato (ele foi inocentado das acusações de estupro e ela quer pegá-lo de qualquer jeito). E para tudo dar certo ela decide terminar o namoro e se afastar de todos até que tudo termine (o que pode levar uns 2 anos com prisão, julgamento e tal). Então ela vai para a faculdade, termina o namoro, trata os pais com frieza e some. E só no final quando tudo termina, ela iria voltar ao normal. Mas o livro termina assim. [ FIM DOS SPOILERS]

No geral eu indico a trilogia, porque a história é boa, os personagens são ótimos e tudo é bem intrigante. É uma leitura diferente, principalmente para o público YA. Mas eu esperava mais do último volume. Quem leu me conte se curtiu!

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Trilogia Manual de assassinato para boas garotas: