Viagem Literária: A bala que errou o alvo

OSMAN, Richard. A bala que errou o alvo. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2022. 320p. (Thursday murder club series, v.3). Título original: The bullet that missed.

"- Nos reunimos todas as quintas - explica Ibrahim. - Em geral, às onze horas, na Sala de Quebra-Cabeças, mas a exceção de hoje está perdoada. E tentamos resolver crimes. Apesar de que hoje parece ser mais um caso de cometer crimes. Há certa flexibilidade." p.159

O Clube do Crime das Quintas-feiras é minha nova série favorita! Tem suspense, tem comédia, e tem os idosos mais queridos do mundo. Eu amo esses personagens, os enredos, enfim, Richard Osman é o homem do momento quando falamos de Cozy Mysyery. Confiram o que achei do 3º volume da série com A bala que errou o alvo!

Em O clube do crime das quintas-feiras ficamos conhecendo a turma de idosos mais descolada da Inglaterra. Eles moram em um retiro de aposentados, mas ao contrário de todo o tédio esperado nesses lugares, eles resolveram investigar antigos crimes sem solução, como um hobby... Tudo fica mais sério quando alguém realmente morre por lá e eles resolvem descobrir o culpado. E é assim que Elizabeth, a "líder" da trupe e que trabalhou no MI5 (serviço de espionagem doméstica britânico); Joyce, a verdadeira líder do grupo que se passa por uma senhora frágil e inofensiva muito bem; Ron que ainda conserva a fúria dos seus tempos de líder sindical e Ibrahim, um psiquiatra que tem formas muito gentis de dizer tudo o que os amigos precisam escutar... se tornam os mais improváveis detetives britânicos!

A resenha não contém spoilers sobre os volumes anteriores!

O novo caso do Clube do Crime é bem interessante, por insistência de Joyce, é claro, eles começam a investigar o assassinato de uma jornalista em ascensão, ocorrido há dez anos atrás e ainda sem solução. Bethany Waites estava pesquisando sobre uma fraude gigantesca quando seu carro despencou de um penhasco, seu corpo nunca foi encontrado.

Ron consegue uma entrevista na TV e todos se preparam para aproveitar esse falso motivo para falar com o apresentador, Mike Waghorn. Ele é famoso na cidade e era um amigo próximo da vítima. Como todo caso antigo, a investigação tem mais perguntas do que respostas. Uma mulher foi condenada por participar da tal fraude e Ibrahim é enviado ao presídio para conversar com uma velha conhecida deles, Connie Johnson. Ela foi presa por culpa deles, e jurou matar Ron Ritchie. Ibrahim tenta conversar Connie a fazer sessões de terapia com ele, enquanto se aproxima da outra presidiária, Heather Garbutt, em busca de informações.

Já Elizabeth está envolvida na investigação, mas tem problemas maiores com o que se preocupar. Ela e o marido, Stephen, foram sequestrados por um sueco misterioso. Esse homem exige que Elizabeth mate um inimigo seu, Viktor Illyich, um ex-agente da KGB que está prejudicando seus negócios. Elizabeth se nega é claro, tem muito pouco medo de morrer já nessa idade, mas o homem ameaça matar sua melhor amiga: Joyce! Deixando Elizabeth sem muitas opções.

"- Você não podia ter esperado? - reclama Joyce. - Vinte minutos? Eu mal vi o primeiro bloco.

- Você podia ter ficado lá.

- E dar a impressão de ser uma péssima amiga? Eles não sabem que você finge tão bem assim, não é? E eu lá ia dizer 'ah, ela é uma espiã, faz isso o tempo todo'? Convenhamos, tombar no chão e soltar um gemido? Podia ter me avisado. " p. 200

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Eu amo esses livros incondicionalmente, então essa resenha será bastante tendenciosa, já aviso hehehe. Não consigo enxergar defeitos, acho todos muito bem escritos, divertidos e com tiradas que me matam de rir. Algumas coisas no mistério são fáceis de matar, mas isso não tira pontos da obra ao meu ver, porque adoro vê-los solucionar tudo e passar por vários perigos, mas enganando todos os vilões no final. E é cada vilão de meia tigela também, que me mata é de rir!

Os personagens são excelentes e todos tão bem construídos. Joyce é minha favorita! Como me divirto com essa senhora que parece uma avó fofa e logo está drogando um criminoso com chá batizado. E Alan, seu cachorro, é também um personagem já querido, adoro os cuidados dela com o cão. E ela flertando com todos os idosos novos que conhece, em busca de um namorado, não aguento de rir! Ibrahim foi o mais apagado nesse livro, queria mais interações dele com o netinho do Ron, apesar que os diálogos dele com a presidiária lá, foram interessantes (imagino que ela volte no próximo livro). Elizabeth e Stephen garantem o lado mais dramático; o Alzheimer dele avançando é tão triste de se ver, e como mesmo assim nos momentos de lucidez ele desvendou um dos grandes mistérios do livro. Adoro a amizade dele com Bogdan, que agora está todo feliz namorando a Donna. Ron também arruma uma namorada nesse volume, Pauline, a maquiadora do estúdio de TV. Foi uma personagem intrigante, eu suspeitei dela por boa parte do livro.

Falando do enredo, eu sempre gosto dos mistérios e das confusões. Um crime antigo e já arquivado, é bem mais difícil de ser investigado, claro. Mas eles logo começam a falar com todo mundo, colocam os policiais Donna e seu chefe Chris para ajudar, e descobrem um monte de coisas. Nesse livro aparecem novos personagens ótimos também, como o Viktor, espero que ele apareça mais vezes. Alguns detalhes aqui ficaram em aberto, como a Connie que quer matar o Ron e outras coisas sobre o desfecho deste caso, espero que citem no próximo volume.

Eu acertei a motivação e o que aconteceu com a vítima, mas errei o culpado principal. E adorei o final, a forma emocionante como desvendaram tudo. E Elizabeth já sacando o ponto em aberto.

Livros com personagens da terceira idade como protagonistas são incríveis! E deveriam existir muito mais. É lindo ver essa geração mais velha, aposentada, e tão cheia de propósitos, vida, romance! Eu amei e já não vejo a hora de ler o próximo! Indico para todos, é também uma ótima opção para presentear, leiam!!

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Thursday murder club series: