As suas lembranças são minhas - Cecelia Ahern
>> sexta-feira, 22 de setembro de 2023
AHERN, Cecelia. As suas lembranças são minhas. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. 352p. Título original: Thanks for the memories.
"No início, sinto um calafrio em pensar, arrepios percorrem meu corpo, mas, pensando melhor, aconchego-me na cama e me abraço. De repente não me sinto tão só, sinto-me feliz com a companhia que tenho dentro de mim. É este o motivo da ligação que sinto com ele? O sangue, fluindo dos canais dele para os meus, me possibilitou sintonizar sua frequência e experimentar suas memórias pessoais e paixões?" p. 225
Os livros da Cecelia Ahern normalmente tem um pé no mundo da fantasia. Algo inexplicável se mistura a uma história de amadurecimento e romance. Aqui não foi diferente, confiram o que achei de As suas lembranças são minhas, outro bem antigo que finalmente saiu da fila.
Joyce Conway acredita que perdeu tudo e com o coração destroçado tenta recomeçar. Aos 33 e depois de inúmeras tentativas, ela perdeu o bebê que esperava. E com isso, seu casamento que já estava morto, chegou ao fim. Joyce tira uma licença em seu trabalho como corretora imobiliária e se muda novamente para a casa do pai, Henry. O pai já idoso, anda meio esquecido e mais fraco, o que sempre a deixa assustada.
Justin Hitchcock, 43, abandonou um ótimo emprego em Chicago e se mudou para Londres, onde trabalha em uma galeria de arte. Após o divórcio, só queria ficar mais perto da filha de 18 anos, Bea. Ele também dá palestras em Dublin, como professor convidado da universidade. Justin ainda está ressentido com a ex-mulher, é bastante egocêntrico e deixa a filha louca com suas constantes ligações. Seu irmão Al e sua cunhada, acabam indo para Londres, para tentar ajudar Justin e dar um jeito em seu apartamento novo.
Em uma de suas palestras na Irlanda, Justin acaba doando sangue - apesar do seu pavor de agulhas - pois fica muito interessado na médica que busca por doações. O que ele não sabia, é que sua vida mudaria completamente depois disso. Ele e Joyce se esbarram por acaso na rua, e sentem uma conexão mágica, como se já se conhecessem, apesar de nunca terem se visto.
Joyce recebeu uma transfusão de sangue quando perdeu o bebê. Ela não faz ideia que aí está a ligação, mas começa a ter sonhos de coisas que não viveu, memórias diferentes, gostos diferentes e até compartilha novos conhecimentos. Ela que nunca estudou arte, de repente sabe tudo sobre o assunto. Vegetariana há vários anos, começa a gostar de carne. E fala italiano e até latim! Sem fazer ideia de como aprendeu.
Eles não se conhecem, não sabem como podem se encontrar de novo. Mas de alguma forma, várias coincidências fazem com que eles se vejam, e ambos, ficam obcecados por descobrir mais sobre o outro.
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Engraçado que esse livro tem uma média de nota mais baixa nas redes literárias (3.8 no Skoob e 3.7 no GoodReads), então eu li sem muitas expectativas. E eu adorei os personagens!! Eles me fizeram curtir muito o livro, mesmo com o início meio lento.
A premissa tem sempre algo fantástico. Aqui a protagonista recebe uma doação de sangue, e passa a ter memórias, conhecimentos e lembranças que fizeram parte da vida do doador. E os dois, mesmo sem se conhecer, se sentem imediatamente atraídos um pelo outro, quando se topam por acaso na rua.
Joyce, a protagonista, é uma mulher que está se recuperando de uma perda terrível. E seu casamento acabou depois disso, o que torna tudo mais difícil. Ela volta a morar com o pai, evita os conhecidos que olham para ela com cara de pena. Tudo está muito confuso, e esse encantamento por um desconhecido, e as lembranças todas que povoam seu sonho, são uma distração e uma alegria. Joyce é muito sem noção às vezes, e no começo eu ficava muito sem paciência com ela, principalmente com os descuidos com o pai (que claramente estava com um início de Alzheimer ou outra demência). E Henry, o pai, é o personagem mais fofo que já existiu! Eu queria abraçá-lo o tempo todo! Ele estava confuso, mas apoiando a única filha em tudo, já viúvo e solitário. Ele com suas tiradas engraçadas e todo empolgado com coisas novas, fofo demais gente! Só Henry vale o livro.
Justin irrita demais no começo hahaha. Bem egocêntrico e egoísta, só pensando nos seus próprios problemas. Ele dá pouca atenção ao irmão e a cunhada, que vieram do outro lado do mundo para ajudá-lo. Enche o saco da filha e tem birra da ex-mulher que já está com outra pessoa. Bem chatinho. Mas ele parecia um garoto entusiasmado à procura da moça desconhecida, e me ganhou na segunda metade do livro. No final já achava Justin fofo, engraçado, muito inteligente e igualmente desajeitado. Acho que ele só tinha bem poucas habilidades sociais hehe.
O romance é corrido, o final é corrido, todos da autora seguem mais ou menos essa linha. Focam mais no desenvolvimento pessoal, no amadurecimento do que no relacionamento em si.
Eu adorei e indico para quem curte a autora e livros que saiam do lugar comum, leiam!
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Avaliação (1 a 5):