A guerra que me ensinou a viver - Kimberly Brubaker Bradley

>>  segunda-feira, 19 de junho de 2023


BRADLEY, Kimberly Brubaker. A guerra que me ensinou a viver. Rio de Janeiro: Editora DarkSide Books, 2018. 280p. Título original: The war I finally won.

"Eu tentei falar, mas não saiu nada. Engasguei, então comecei a chorar, e a Susan me embalou, indo e vindo, indo e vindo, como se eu fosse um bebezinho, como se ela me amasse, como se sempre tivesse me amado." p.24

A guerra que salvou a minha vida (resenhado pela Evelyn) é um jovem adulto repleto de drama, que coloca em perspectiva o conceito de tragédia e de dificuldade na vida dos jovens. Eu adorei e agora conto para vocês o que achei da continuação, A guerra que me ensinou a viver da Kimberly Brubaker Bradley. 

Ambientado na Inglaterra de 1939, o livro conta a história de duas crianças inglesas em plena Segunda Guerra Mundial. No primeiro livro ficamos conhecendo Ada, uma menina triste e solitária, que cresceu sendo desprezada pela mãe, simplesmente por ter nascido com "pé torto", um defeito no pé que a impedia de andar corretamente. Ela cresceu presa em casa, vendo o irmão mais novo, James, crescer como uma criança normal. Ada era castigada diariamente, pelos motivos mais bizarros. Ela não conhecia o lado de fora da sua casa, não sabia ler nem escrever, não conhecia nada. Até que as crianças são retiradas de Londres e enviadas para o interior, como medida de proteção contra os ataques alemães. Agora refugiados, Ada tem uma chance de sobreviver, ou melhor, de viver!

Essa resenha contém spoilers para quem não leu o primeiro livro!!

Ada e James agora vivem com Susan, e estão amando sua nova vida. Eles moram em uma fazenda, Ada aprendeu a ler e escrever, tem um pônei chamado Manteiga e conseguiu operar o seu pé. Ela agora pode andar como uma criança normal, e não acredita que viveu 11 anos daquele jeito. Ela não é mais uma "aleijada" e tem um sentimento dúbio pela mãe biológica, que lhe fez tanto mal. Mas isso é passado, já que Susan agora é sua guardiã legal. 

Claro que a guerra está cada vez pior e todos correm perigo. Eles sofrem com a pouca comida, com o racionamento, e a casa de Susan foi totalmente destruída por uma bomba alemã. Sem escolha, eles vão morar em um pequeno chalé de Lady Thorton, mãe da melhor amiga de Ada, Maggie

Quando uma jovem judia, se muda para o chalé a pedido de Lord Thorton, as reações são diversas. Ruth é uma jovem muito inteligente e precisa aprender matemática para entrar em Oxford. Seus pais conseguiram fugir do país a tempo, e estão em um local para refugiados na Inglaterra. Alguns a consideram uma inimiga, por ser alemã, eles ainda não tem noção do que é ser judeu na Alemanha nazista.  Ruth está sempre triste, calada, e Ada aos poucos começa a se aproximar dela. 

Eles precisam lutar para sobreviver, para continuarem juntos e se esforçarem para acreditar em um amanhã melhor. 


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Adorei a continuação! Acho que até gostei mais do que o primeiro livro, já gostava dos personagens e torci muito por eles. A narrativa da autora é muito sensível, a história sendo contada pelo olhar de Ada, uma criança que sofreu tanto e que não acredita em tantas coisas, foi escrita de forma muito tocante. 

Ada é uma menina muito interessante, alguém que teve uma criação tão diferente de outras crianças. Ela cresceu presa dentro de casa, já que a mãe considerava seu pé um defeito. A primeira vez que saiu de casa, tudo a encantava. Árvores, grama, ar puro. Ao longo dos seus 11 anos de vida, sofreu agressões físicas e psicológicas. Ela não sabia ler nem escrever, e agora, palavras simples, muitas vezes são desconhecidas para ela. 

É muito interessante ver Ada evoluindo, aprendendo, amadurecendo. É triste o quanto ela não acredita no amor, e não quer que Susan seja chamada de "mãe", uma palavra que para ela é quase um xingamento. Ela faz novos amigos e agora faz parte de uma família de verdade. Seu irmão mais novo é um fofo, mas não tem noção de tudo o que ela passou. E sua revolta ao descobrir que o problema todo no seu pé, seria corrigido com uma simples cirurgia, e ter noção do tanto que sofreu por nada. Susan tem uma paciência infinita, é lindo ver o relacionamento das duas evoluindo. E Lady Thorton irrita na maioria do tempo, mas é uma personagem muito interessante. 

O contraste mostrado também na pobreza em que vivem Ada e James, comparada com a vida privilegiada dos outros personagens foi muito importante. Nenhum deles tinha ideia do quanto elas eram pobres, de tudo o que eles tinham sem dar valor. Eu acho esse tipo de contraste extremamente importante para o público jovem. Que na maioria das vezes se acostumou a ter de tudo e acha isso completamente normal. Mal sabem ele o privilégio de ter comida, saúde, educação, roupas e uma família que se importa com eles. 

Ada também descobre o que é o amor, ela não acredita nisso. Acha que Susan pode largá-los a qualquer momento, que tudo é muito frágil e pouco confiável. Elas descobrindo novos e bons sentimentos foi lindo de se ver. 

A não ser que a autora escreva um terceiro livro, eu achei o final fraco. Esperava tão mais! Foi corrido, não avançou nada no tempo. Senti falta de um epílogo, mas eu queria pelo menos o fim da guerra e uma vida mais normal para todos eles. 

De qualquer forma eu indico muito a duologia, os dois livros são ótimos. Leiam!

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Avaliação (1 a 5):

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