Persuasão - Jane Austen
>> segunda-feira, 17 de abril de 2023
AUSTEN, Jane. Persuasão. São Paulo: Editora Martin Claret, 2018. 288p. Título original: Persuasion.
"Não consigo ouvir mais em silêncio. Tenho que falar com você com os meios que estão ao meu alcance. Você trespassa a minha alma. Sou agonia e esperança." p. 257
E assim começa a carta de amor mais linda da literatura... Estou amando ler/reler os livros da Jane Austen. Fica até difícil escolher um romance favorito, a narrativa é maravilhosa. Confiram o que achei de Persuasão!
O vaidoso viúvo, Sir Walter Elliot, de Kellynch Hall, dava valor a duas coisas: beleza e títulos de nobreza. Viúvo, ele tinha três filhas. A mais nova, Mary, se casou com o herdeiro Charles Murgrove, fidalgo de Uppercross, no condado de Somerset. A mais velha, Elizabeth, era a mais bela e a menina dos olhos do pai, mas continua solteira, já que não conhecera homem algum digno dela. Ou seja, rico e com um título.
Anne Elliot é a filha do meio, aos 27 anos é a mais inteligente e a mais tranquila das irmãs. Ela não tem mais esperança de se casar e encontrar a felicidade, o único homem que amou, foi rejeitado pela família por não ser "importante o suficiente".
Como só teve filhas mulheres, o herdeiro do título de baronete era um primo distante. William Walter Elliot era o homem perfeito para se casar com Elizabeth, porém, ele desdenhou da família e acabou se casando com uma mulher rica, mas sem classe.
As meninas perderam a mãe muito nova e Anne era muito próxima da melhor amiga da mãe, Lady Russell. Era sua madrinha e sua amiga mais próxima. Anne sempre dava ouvidos às suas opiniões e tentava permanecer tranquila, em meio a loucura do resto da família.
Quando fica óbvio que eles vivem muito acima de suas condições financeiras, o advogado da família convence Sir Walter a alugar a mansão e passar a temporada em uma pequena casa em Bath. Insatisfeita, a família se muda. Anne vai ficar um tempo com a irmã mais nova, que vive doente e reclamando dos filhos.
Em meio a novos lugares e novos conhecidos, Anne mal ousa ter esperanças. Mas será que ela ainda poderá encontrar a felicidade?
"Se havia errado a ceder à persuasão uma vez, lembre-se de que era uma persuasão exercida em nome da segurança, não do risco. Quando cedi, achava que cedia ao dever, mas nenhum dever podia ser invocado neste caso. Ao casar-me com um homem indiferente a mim, correria todos os riscos e violaria todos os deveres." p. 265
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Até hoje não tem nenhum livro da autora que eu não tenha gostado, ainda faltam alguns para eu ler, mas no geral todos são excelentes. Tem aqueles que amei mais, outros menos, e Persuasão entra na lista dos que mais gostei.
Seu único defeito é ser tão fininho, eu queria muito mais de Anne. O livro tem críticas veladas, como sempre a autora faz uma sátira enorme com o ego da pequena nobreza inglesa e imaginem isso, em 1818! Esse foi um dos últimos livros da autora, publicado postumamente. Meu coração de leitora fica arrasado por esses autores que só adquiriram realmente prestígio anos depois de sua morte. Jane Austen estará sempre entre minhas romancistas favoritas. Seus livros têm uma estrutura impecável e uma narrativa perfeita.
Os personagens aqui são como sempre, muito interessantes. Desde o pai, completamente sem noção e um dos alívios cômicos da trama, até Anne, acho que minha personagem favorita da autora. Anne é inteligente, dedicada, tem uma alma apaixonada e um coração puro. Ela não critica ninguém e está sempre pronta para ajudar, uma fofa! Mary é outra que só faz rir, uma chata de galocha que está sempre desmaiando, deprimida, exigindo tudo do seu jeito, marido dela é um santo. E Elizabeth é bem apagada na trama, mas aparenta ser tão sem noção quanto o pai. Queria mais dela, achei que se revelaria mais "vilã", mas ela era só uma mulher que faria qualquer coisa pelas aparências. Quanto aos "mocinhos", temos várias possibilidades ao longo do livro, e eu adoro isso, não é aquele tipo de romance onde você já saca na primeira página quem vai terminar com quem.
E só o final desse livro, vale a história toda. Que final lindo, bem escrito, emocionante. Como eu disse no início, tem A CARTA DE AMOR! A mais linda, emocionante e bem escrita da literatura. Eu reli umas três vezes a página e me emocionei em todas elas.
Nesse livro, mais uma vez se destaca a crítica da autora às convenções sociais da época. Ela fala de orgulho, ambição e das escolhas erradas que podem definir uma vida inteira.
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