Amar é relativo - Sophie Kinsella
>> segunda-feira, 3 de abril de 2023
KINSELLA, Sophie. Amar é relativo. Rio de Janeiro: Editora Record, 2021. 392p. Título original: Love your life.
"Quando chego à porta, olho para ele pela última vez, sentindo meu coração implodir de tristeza." p.333
Um dos livros mais criticados da Kinsella, com uma média bem baixa para a autora que é uma das queridinhas do chick-lit. Eu vi tantos comentários negativos, que nem animei a ler na época que lançou. Será que é tão ruim assim? Confiram o que eu achei!
Ava é uma mulher solteira no enorme mercado de encontros londrino. Cansada dos aplicativos e dos primeiros encontros horríveis, elas e suas melhores amigas se divertem com suas últimas tentativas fracassadas de romances. Ava tem um trabalho monótono - escreve bulas de remédios para uma empresa farmacêutica -, e muitos planos em andamento, nenhum deles concluídos. Ela quer fazer velas de aromaterapia, quer aprender a fazer almofadas artesanais e quer escrever um romance! E essa última ideia é a empreitada da vez.
Suas melhores amigas sempre lhe dão apoio e torcem por ela. Nell é uma mulher forte, com pavio curto e cheia de atitude. Ela tem uma doença crônica, mas odeia suas crises e não gosta de comentar sobre isso. Todas se alternam cuidando dela quando está doente. Sarika é uma advogada de sucesso, metódica e objetiva (o aposto de Ava). Seu plano atual é colocar tantos filtros em um aplicativo caro de encontros, que vai encontrar seu par perfeito! Ela tem critérios como: quantas vezes ele lava o cabelo por semana, morar no máximo a 10 minutos de uma estação de metrô, não ser dançarino, dentre outros que matam as amigas de rir. Maud tem 3 filhos, é divorciada e vive pedindo inúmeros favores para todo mundo! Quem a conhece bem precisa estar preparado para resistir ao seu lindo sorriso e olhos amigáveis.
E além delas, Ava tem o amor da sua vida, Harold! Um beagle que adotou depois que ele foi abandonado em uma estrada, ela chora só de pensar nessa crueldade. O cachorro tem uma personalidade quase humana, é o mais mimado do mundo, e rouba comida como um míssil teleguiado. Ava não concorda com os pré-requisitos da amiga, afinal, o homem da sua vida pode estar em qualquer lugar, e ela não vai desistir dele por um filtro qualquer na internet. Mas e se ele odiar cachorros? E se ele amar carne, sendo Ava uma vegetariana apaixonada? E se ele amar golfe, uma das coisas que ela mais odeia na vida?!
Bom, Ava decide passar uma semana na Itália, em um retiro para escritores. A ideia é se desligar de tudo e se concentrar no projeto do seu livro. Ela está super animada a não olhar o WhatsApp a cada 2 minutos, a deixar a Internet de lado. Mas o que ela não consegue, é ignorar o homem lindo e apaixonante que está em sua turma, o Holandês. Acontece que no retiro, todos devem inventar um codinome, e ninguém pode conversar nada sobre suas vidas pessoais. Mas e uma paixão tórrida, será que ela sobrevive a uma posterior vida real?
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Respondendo a pergunta inicial, eu não achei o livro péssimo não, mas também está longe de estar entre os melhores da autora. É um livro de certa forma questionador, o título original define bem "Love your life", achei o título nacional bem aquém da proposta da história, ele não tem o mesmo significado importante do título em inglês. Algo como "Ama a sua vida" ficaria bem mais condizente, embora tenha uma vibe meio autoajuda rs.
Isso porque, a história trata exatamente disso, pessoas muito diferentes que se respeitam e se amam do jeitinho que elas são. Um grande exemplo disso são as quatro amigas, mulheres muito diferentes, mas sempre prontas para apoiar os sonhos das outras, e estão lá unidas em todos os momentos.
Como contraponto, temos o romance do casal principal, Ava e Matt (o Holandês), que se descobrem duas pessoas completamente diferentes. E fica a pergunta, os opostos realmente se atraem? Ou, para um casal funcionar, eles precisam realmente ter gostos muito parecidos? Com certeza a segunda forma é mais fácil e mais prática hehe, mas não quer dizer que será a ideal para você.
Ava é uma sonhadora, uma mulher que pensa sempre positivo e abraça novas pessoas e novas ideias com todo o seu coração. Ela também é uma acumuladora, que coleciona livros que "ninguém mais vai querer e serão destruídos se eu não os salvar", móveis velhos e tem inúmeros projetos inacabados. Seu cachorro é o centro de sua vida, e apesar de muito fofo, Harold é extremamente mimado e descontrolado. Mas ela é aquela pessoa que sempre enxerga o copo meio cheio e vai sempre apoiar todos que gosta.
Matt é um homem objetivo, centralizado, um empresário de sucesso. Ele tem sempre o pé no chão, vive para o trabalho e para a empresa familiar. Acaba deixando seus sonhos de lado nessa objetividade, e vive para fazer o que os pais querem. Ele gosta de praticidade, de modernidade, ela de cores vivas e móveis velhos. Ele ama carne, ela é vegetariana. Ele tem cachorros adestrados na casa dos pais, ela tem o Harold que destrói uma camisa em segundos, mas "olhem com ele é fofo!" hehe.
E depois de uma semana idílica na Itália, deixando o mundo real de fora, esses dois darão certo? É a questão que fica em aberto.
No meio do caminho temos realmente muitas cenas tediosas e chatas. Não posso negar que Ava é uma das protagonistas mais chatinhas da autora. Ela enxerga tudo de uma forma e acha que todos têm que fazer o mesmo. Ava me irritou por uma boa parte do livro! O casal em si, por causa de todas essas diferenças, é muito pouco funcional. Ela vive passando pano mentalmente em todos os problemas e segue acreditando que Matt é o homem da sua vida. Será?
E não é dos livros super engraçados da Kinsella, pelo contrário. É chato em alguns momentos, em outros exagerado e tem alguns momentos divertidos. Eu adorei os dois amigos do Matt e me diverti com eles.
Para quem estiver desanimado, preciso dizer que o final é uma fofura só! Claro que isso poderia ter sido melhor desenvolvido ao invés do marasmo do meio, mas o final vale cada página do livro! Eu me emocionei e torci tanto por todos eles. É um livro que caberia muito uma continuação, não que fique sem final, mas porque eu simplesmente queria saber mais da vida dos outros personagens.
Bom, esse não é um livro para qualquer leitor, mas veja se é um livro para você. Para mim foi uma leitura que valeu muito a pena, eu indico!
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