Flores de Cabul - Gabriele Clima

>>  quarta-feira, 15 de março de 2023

 


CLIMA, Gabriele. Flores de Cabul. São Paulo: FTD Educação,  2022. 207 p. Título original: Fiori di Kabul.


Sempre gostei muito de ler livros sobre a religião islâmica. Já tinha lido alguns livros de ficção a respeito, mas para mim é um assunto inesgotável, assim como é ler sobre a Segunda Guerra Mundial. Assim, quando recebi Flores de Cabul fiquei ansiosa para ler e saber logo o que se passaria na história. Agora divido com vocês minhas impressões sobre Flores de Cabul!


Maryam é uma criança de seis anos quando a história começa, mas já sabe que há algo de errado em uma religião que prega que as mulheres devem obedecer e fazer o que manda o marido. As mulheres não podem andar sozinha, sair com braços e pés de fora, tampouco mostrando o rosto. E Maryam odeia isso. Odeia que digam que ela é uma mulher, como se isso fosse algo pejorativo,  ruim.

Ela quer sair da sombra, quer voar alto, como uma pomba, quer ir longe, viver na luz como é direito de todo ser humano, independente da religião, do país, do gênero. 

E ela quer ir para a luz fazendo algo que ama: andar de bicicleta. Quer ser uma ciclista. Mas sabe que é praticamente impossível uma mulher andar de bicicleta em Cabul, ainda mais sozinha.

Mas apesar da questão religiosa e cultural tão limitante em relação à mulher e apesar de seu pai, um cara linha dura que não perdoa nada, Maryam vai correr atrás para alcançar aquilo que deseja, conquistar o seu lugar no mundo. 




Em homenagem ao mês da mulher, a FTD traz esse livro do autor italiano Gabriele Clima que traz a força e a coragem de uma jovem afegã que entra para a equipe feminina de ciclismo, desafiando a tradição de seu país. 

Para escrever a história, o autor se inspirou em um artigo de jornal de 2016, que falava sobre a equipe feminina de ciclismo em Cabul que havia sido indicada pelo parlamento italiano ao Prêmio Nobel da Paz. 

Eu não consegui desgrudar do texto. O autor escreve de uma forma tocante, fluida e contagiante, de forma que não conseguia largar. O livro foi fluindo, fluindo até que pluft, acabei! As ilustrações de Camila Catto contribuíram ainda mais para que a minha imaginação voasse ao longo da leitura. 





Tive tanta raiva do pai de Maryam! Um fanático religioso que oprime toda a família, tratam as mulheres como animais, inclusive a esposa e a filha. Tive vontade de dizer umas boas na cara dele, rs. 

A mãe de Maryam é uma vítima das circunstâncias. Criada para se casar e obedecer ao marido,  não sabe fazer outra coisa, nem seguir outro caminho. Mas sabe que não quer essa vida para sua filha. Quer que ela seja livre e, se possível,  bem longe dali. 

O irmão de Maryam,  Hamid, pode passar de início a impressão de que seria a cópia do pai, afinal, ele é o segundo homem da casa, mas a verdade é que ele é um jovem de bom coração e não vai medir esforços para ajudar a mãe e a irmã,  principalmente defendendo elas das garras do pai tirano.

É muito triste ler como as mulheres são tratadas em um dos países com maior discriminação de gênero e violência contra mulher. Mas, por outro lado, é triste ler como há mulheres que não aceitam esse tratamento, que lutam todos os dias por melhores condições, por serem tratadas de igual para igual. Isso vinha melhorando até o retorno do Talibã, que nada mais trouxe do que retrocesso ao país e aos direitos das mulheres. 

Eu queria, sinceramente,  ter dado cinco estrelas para o livro. E assim seria, não fossem as ausências que para mim fizeram falta no texto. Algumas pontas soltas que eu gostaria de ter visto uma solução, um desfecho ou um desenvolvimento melhor. Mas não é nada que estrague a leitura ou faça com que seja menos bonita, menos inspiradora. 

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Avaliação (1 a 5): 4.5






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