Emma - Jane Austen
>> segunda-feira, 6 de março de 2023
AUSTEN, Jane. Emma. São Paulo: Editora Martin Claret, 2018. 536p. Título original: Emma.
"- Se eu amasse você menos, seria capaz de falar mais sobre isso." p.471
Jane Austen é uma das autoras inglesas de maior influência quando falamos de romances clássicos. Seus romances repletos de ironia ambientados na Inglaterra do século XIX fazem sucesso desde sempre. Eu li alguns livros da autora há muitos anos e agora estou aproveitando a nova coleção lindíssima da Editora Martin Claret para ler ou reler alguns deles. O livro da vez foi Emma, confiram o que achei.
Emma Woodhouse é uma mulher rica, bonita e inteligente. Com apenas 21 anos, se acha muito influente e inteligente, um destaque na pequena vila onde vivia. Ela é a filha mais nova de duas irmãs e vive em uma grande casa sozinha com o pai depois que a irmã se casou. A herdeira de Hartfield, a família mais influente do vilarejo. O Sr. Woodhouse demandava cuidados e atenções diárias, e Emma não tinha a pretensão de casar, pretendia cuidar do pai.
Mas isso não a impedia de tentar formar vários outros casais, Emma acreditava ter um dom para encontrar o par perfeito para todos os seus amigos. Isso depois que ela se achou responsável por juntar a Srta. Taylor, sua governanta que praticamente a criou, com um vizinho e amigo da família, o Sr. Weston.
Quando Emma fica próxima de Harriet Smith, uma moça que foi criada no internato por ser filha de pais desconhecidos, uma bastarda, Emma logo fica encantada com sua beleza e bons modos e quer achar o par ideal para ela.
Na vizinhança também mora um velho amigo da família, o Sr. Knightley. Com seus 37 anos, ele tenta colocar algum juízo e humildade na cabeça de Emma, sem grandes sucessos. Ele é o irmão mais novo do cunhado de Emma, e portanto, passa muito tempo na casa de Emma conversando com ela e seu pai.
O Sr. Elton, o jovem clérigo local, é a escolha de Emma para sua nova grande amiga. Mas o que ela vê como um par perfeito, pode acabar terminando de forma bem diferente da sua imaginação. Jane Fairfax é outra moça solteira que está hospedada com a tia na vizinhança, bela e talentosa, acaba não conquistando o afeto de Emma. Frank Churchill é o enteado da Sra. Weston que vem passar férias no local, atraindo imediatamente o interesse de Emma.
Emma irá se intrometer na vida de todas as pessoas à sua volta, até perceber que não é tão sábia nem tão boa quanto imagina.
"A vaidade trabalhando em uma mente fraca produz muitos tipos de danos."
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Engraçado como essa leitura começou morna, mas se transformou em um livro muito interessante e no final, eu estava adorando a história. Um dos livros recentes que li da autora foi Razão e Sensibilidade que nos trás uma crítica acirrada sobre as limitações da mulher naquela época. Já aqui, temos uma protagonista forte e razoavelmente independente, rica, com um futuro garantido, mas que não conquista os leitores. Emma foi descrita por Austen como uma "heroína que ninguém além dela própria iria gostar muito". E esse livro é o retrato da vaidade e do orgulho, através de um humor ácido muito sutil e bem inserido.
Emma é a personagem que menos gostamos da história quase até o final! Ela só se torna mais simpática quando uma personagem bem pior entra em cena. E eu amei "odiar" Emma durante boa parte do livro. Ela é arrogante, orgulhosa, cheia de razão e se acha a última bolacha do pacote rs. E quando Emma cai do cavalo, tudo o que ela acredita TER e SER como garantidos, não está mais lá.
Em uma das suas raras autocríticas, Emma reflete: "Era tarde demais para ser simplória e ignorante, mas Emma se convenceu de que deveria ser humilde e discreta, além de reprimir sua criativa imaginação pelo resto da vida." (p.158) Nesta citação ela se comparava com outra personagem, Harriet, que ela acreditava possuir essas duas "qualidades".
Outro fator interessante era como a vida daquelas pessoas era completamente monótona! São páginas e páginas de diálogos vazios, onde nada se tem para fazer ou dizer, além das fofocas sobre os acontecimentos da vizinhança. A vida da aristocracia era composta por um monte de dias vazios e sem objetivos. E você acompanha esse "novelão" e se envolve com tudo o que acontece e quase começa a fazer parte daquela vida tediosa. Incrível como a autora sempre constrói muito bem seus cenários e personagens.
Emma é o centro de toda essa trama, talvez por isso, seja a única protagonista da autora que dá seu nome a obra. A narrativa é repleta de comentários sarcásticos e irônicos, uma crítica velada à sociedade da época.
O livro foi adaptado recentemente (2020) para o cinema pela Netflix. A produção foi estrelada por Anya Taylor-Joy no papel de Emma.
Eu adorei a leitura, foi um dos livros da autora que me fisgou. Quem já leu me conte se curtiu, leiam!
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Avaliação (1 a 5):