Viagem Literária: Problemas de gente rica

KWAN, Kevin. Problemas de gente rica. Rio de Janeiro: Editora Record, 2021. 490p. (Podres de ricos, v.3). Título Original: Rich People Problems.

"Eddie tentou esconder seu sorriso de satisfação apreciando a vista do campo de golpe por um momento. Nicky havia sido banido de Tyersall Park, e agora a maior rival dele, Astrid, também seria. As coisas não poderiam estar dando mais certo se eles as tivesse planejado tintim por tintim. Além disso, seus exclusivos sapatos Marinis, mais sexies que tudo no mundo, estavam a caminho." p.176

Para quem curte chick-lit, essa trilogia está entre as imperdíveis do estilo! Depois de Asiáticos podres de ricos e Namorada podre de rica essa família enorme e cheia de confusões volta tentando mostrar que bilionários também têm muitos problemas cof...cof! Confiram o que achei de Problemas de gente rica do Kevin Kwan.

No primeiro livro conhecemos Rachel Chu, uma economista e professora universitária, nascida na China, mas criada nos EUA. Ela viaja para Cingapura para conhecer a família do namorado, Nicholas Young, também professor universitário. Mesmo depois de dois anos juntos ela não sabia muito sobre a família dele, e não tinha a menor noção que o namorado era um herdeiro bilionário. De repente ela está no meio de mansões, aviões particulares e festas exuberantes. E, claro, a família de Nick tem uma ideia bem definida sobre com quem ele deverá se casar, e ela não cumpre os requisitos principais: família e dinheiro.

Contém spoilers se você não leu os livros anteriores!

Rachel e Nicholas Young estão muito bem casados, apesar da família dele ter feito de tudo para atrapalhar, e felizes em NY. Depois do que Su Yi fez para separá-los, Nick nunca mais voltou à Tyersall Park e nem falou mais com a avó. Já sua mãe, Eleanor, está feliz com a nova nora (que agora também é uma herdeira), mas desesperadas por netos, e ela não tem nenhum pudor em se meter na vida dos dois para "ajudar".

Quando todos os parentes ao redor do mundo, recebem a triste notícia de que Ah Ma sofreu um infarto e seu coração está fraco demais para se recuperar, a família inteira começa a viajar para Cingapura a fim de se despedir dela... ou para muitos, para ter uma última chance no testamento mais esperado do século e herdar a propriedade bilionária.

Depois da briga de Su Yi com Nick, todos acreditam que ela mudou o testamento e ele não é mais o herdeiro principal. Com a fortuna sem destino certo, todos quem provar o quão devotado são e como amam a mãe/avó. O principal deles é um dos netos, Eddie Cheng, capaz de cometer qualquer tipo de loucura para herdar a propriedade.

Enquanto isso, outra neta, Astrid Leong, conhecida por sua beleza e elegância, tem seus próprios problemas para se preocupar. Ela luta para se divorciar de Michael Teo, que faz de tudo para conseguir um acordo e impedir a felicidade dela. Ela pretende se casar novamente com seu melhor amigo e grande amor, Charlie Wu. Já Charlie, não consegue se divorciar da ex-mulher, Isabel, que além de rancorosa, tem sérios problemas mentais e torna a vida das duas filhas pequenas do casal uma loucura. Quando tudo o que os dois fazem, vira manchete nos meios de comunicação de fofoca, os pais dela ficam ensandecidos!

Kitty Bing não é herdeira de ninguém, mas conseguiu seus "próprios" bilhões ao se casar com Jack Bing, um bilionário chinês, e lhe dar seu único filho homem. Ele é pai de Colette, que não fala com o pai desde que ele resolveu se casar novamente com "Você Sabe Quem". As duas se odeiam, e Kitty gasta rios de dinheiro para tentar provar sua superioridade. Enquanto isso, Colette aparenta ter "evoluído" e agora luta por causas ambientais ao lado do novo marido, um conde inglês. Kitty surta ao descobrir que tem que fazer uma reverência para a enteada.

"- Alamak, é a esposa do Eddie Cheng, a pobre coitada da garota Tung! Ela está vestida como a rainha Vitória em trajes de luto, de chapéu com um véu que vai até o chão! E os filhos estão usando ternos brocados pretos Nehru. Deus do céu, parece um culto suicida!" p.294

Todos tentam superar seus diversos problemas enquanto gastam milhões. #Perrenguechique se vê por aqui!

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Eu adorei a trilogia desde o primeiro livro e aqui não foi diferente, me divirto muito com essa loucura toda! Claro que o autor escreve chick-lit, então é bom ter isso em mente. Não dá para ver isso como crítica social, nem esperar que os bilionários amadureçam, parem de ser mimados e ganhem consciência social. Eu li sem expectativas nenhuma de engrandecimento e morro de rir de todos os personagens.

O enredo do último livro gira todo em torno da morte de Su Yi e seu testamento. De uma forma ou de outra, todos os personagens estão ligados à família, ou são parentes diretos dela. O falecimento da avó e, principalmente, a leitura do testamento, foi o mais aguardado do livro. Temos também muito sobre o passado de Su Yi durante a Segunda Guerra, eu gostei dessas lembranças, ajudou a mostrar o porquê dela ser tão dura hoje. E como eu me diverti com os desdobramentos! E, claro, enquanto isso, todos os personagens vivem seus próprios "dramas" e dilemas.

Falando sobre eles, mais uma vez Rachel virou coadjuvante da própria história. Ela que era protagonista no livro 1, agora mal ganha uma narrativa. Ela passa o livro todo consolando e apoiando Nick, e é isso. Senti falta do casal junto, e de alguma interação com o pai dela (descoberto no livro 2). Só seu meio irmão mais novo aparece, Carlton. Ele e Colette foram outros que fizeram coisas horríveis no passado e aqui isso é mal citado. O autor passa pano bonito em tudo. Já Kitty está insuportável com todo o dinheiro que tem disponível e surta geral. E ela é uma das que tem mais destaque na narrativa, foi a parte que cansou um pouco. Astrid também tem muito destaque, mas seus dramas com Charlie foram interessantes. Torci muito por ela e senti pena dela em vários momentos. É nessas horas que a gente vê que ser rico ajuda muito em tudo, até no sofrimento obviamente kk. Mas também percebemos que às vezes é melhor ter uma vida repleta de amor e paz interior do que grana demais.

Como eu disse antes tem zero crítica social e não é mesmo o foco do livro. Um exemplo é Colette, que abraça as causas ambientais e diz lutar pela sobrevivência dos orangotangos, que correm risco de extinção. Mas um paralelo claro aí seria Astrid, já que a riqueza da família dela gira em torno da produção de óleo de palma (óleo de dendê), uma das maiores ameaça às florestas onde vivem os orangotangos. E esse fato nem é citado diretamente. Fora isso o fato deles gastarem milhões em um dia de compras e etc., o que já faz parte da história em todos os livros.

O final foi muito emocionante na questão da propriedade e tudo que girava em torno dela. Gostei dos desdobramentos. Só achei algumas coisas jogadas e alguns finais corridos, para um livro com tantas páginas poderia ter sido mais enxuto no início para desenvolver melhor no final.

Eu adorei essa história e indico para quem curte o gênero, é garantia de diversão, leiam!

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Trilogia Podres de Rico do Kevin Kwan