O Dossiê Pelicano - John Grisham

GRISHAM, JOHN. O Dossiê Pelicano. São Paulo: Editora Arqueiro, 2020. 432p. Título original: The pelican brief.

"A primeira suposição foi fácil: os assassinatos tinham sido cometidos pelo mesmo grupo, pelas mesmas razões. Se não fosse isso, então sua busca era infundada. A segunda foi mais difícil: os crimes não tinham sido motivados por ódio ou vingança, mas foram na verdade uma tentativa de manipulação. Havia algum caso ou conflito a caminho da Suprema Corte, e alguém queria juízes diferentes na tribuna. A terceira suposição foi um pouco mais fácil: esse caso ou conflito envolvia muito dinheiro." p.71

John Grisham é o autor mais conhecido quando falamos de thrillers jurídicos. Eu adoro o gênero e sempre estou a caça dos livros dele que ainda não tinha lido. Confiram o que achei de O Dossiê Pelicano.

A Suprema Corte nos EUA é formada por nove juízes, sete deles foram nomeados por presidentes republicanos e eram conservadores ao extremo. O mais velho deles, Rosenberg, tinha 91 anos, e fora nomeado há 15 anos pelo último presidente  democrata no poder. E ele se recusava a aposentar e ceder seu lugar para mais um conservador. O outro era Gleen Jensen, com 42 anos era o mais novo na corte e suas opiniões mudavam muito, ultimamente ele seguia os votos de Rosenberg. Os juízes vivem sob inúmeras ameaças de morte dos diversos grupos de ódio espalhados pelo país, e eram protegidos pelo FBI o tempo todo.

Quando dois juízes são assassinados na mesma noite, com métodos diferentes e em lugares diferentes, o país fica em polvorosa. O chefe de gabinete, Fletcher Coal, vê nas mortes uma oportunidade para o presidente. A um ano da reeleição, ele pode nomear juízes mais favoráveis ao seu governo e jogar toda a culpa da morte no chefe do FBI, vitória para a Casa Branca. A investigação começa e várias teorias são levantadas. 

Darby Shaw, 24, é uma brilhante estudante de direito em Nova Orleans, e curiosa, resolve investigar esse mistério. Ela namora seu professor de direito constitucional, Thomas Callahan, 45, um entusiasta da matéria e fã de Rosenberg. Quando sua aluna inteligentíssima lhe mostra um dossiê muito improvável, ele não leva muito a sério, mas acha a teoria intrigante o suficiente para ser compartilhada. Ele entrega o Dossiê Pelicano para um amigo advogado que trabalha para o FBI. E em poucas horas, a Casa Branca, o FBI e a CIA estavam de posse do dossiê. 

Tudo não passava de uma teoria boba... até que Callahan é assassinado e Darby escapa por pouco. Ao tentarem matá-la, eles mesmo validaram um dossiê que estava sendo levado na brincadeira pelo FBI. Começa então uma caça frenética pelos culpados e pelo assassino. Darby foge, sem saber em quem pode confiar, sabendo que pode ser morta a qualquer momento. 

Gray Grantham é um repórter famoso de Washington Post. Ele trabalha com reportagens investigativas e estava na caça do próximo furo ao ser procurado em segredo por um advogado com um nome falso, Garcia. Ele ainda não tinha nada, até que Darby entra em contato com ele e está disposta a falar. 

Os dois começam uma fuga alucinante para escapar da morte, ao mesmo tempo que continuam investigando. Ele está interessado no próximo furo, mas acaba se envolvendo em uma conspiração bilionária que pode prejudicar muita gente importante.

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Já li vários livros do autor e este tem um estilo diferente. Ao contrário dos longos tribunais e julgamentos acirrados, aqui temos uma trama mais ágil e com mais cara de thriller. A parte política é bem desenvolvida, mas tem muita ação com a corrida frenética da protagonista para sobreviver. 

Eu adorei a narrativa, o ritmo intenso do livro e toda a teoria de conspiração. Não achei lento, achei o enredo muito bom e bem desenvolvido. Engraçado como a teoria do Dossiê Pelicano não era nada demais, até os próprios bandidos validarem o documento ao tentar matar Darby.  E com isso, as agências do governo ficam em polvorosa. O presidente apresentado era um idiota, na verdade seu chefe de gabinete é que realmente governa e tomas decisões. E o tal Coal é bem sinistro. 

Os personagens são interessantes, mas eu esperava mais da protagonista. Darby é aquele estereótipo da estudante brilhante, lindíssima e que passa o livro todo mostrando isso. Tem várias cenas sobre suas longas pernas, suas unhas vermelhas e etc, achei bem machista a narrativa em alguns  momentos. Apesar disso eu mergulhei na história e achei a leitura muito interessante.

O final foi um pouco corrido, e algumas coisas ficam em aberto, já que pessoas ricas e importantes serão investigadas, sabe-se lá se alguém realmente irá pagar pelos assassinatos.  Por um lado é frustrante, por outro, temos ciência de que é assim que funciona na política e na justiça, inocente até que se prove o contrário. 

Muita gente deve conhecer o filme, apesar de ser bem antigo. O livro foi adaptado para o cinema em 1993, dirigido por Alan J. Pakula e estrelado por Julia Roberts (Darby) e Denzel Washington (Grantham). Eu já assisti há muitos anos, mas quero rever agora para comparar com o livro, vamos ver se foram fiéis. 

Para quem não leu nada do autor ainda é uma ótima opção para conhecer o trabalho do Grisham, esse é mais ágil do que alguns que o livro praticamente todo ocorre nos tribunais. Leiam!

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