O Mistério dos Sete Relógios – Agatha Christie
>> sexta-feira, 30 de setembro de 2022
CHRISTIE, Agatha. O Mistério
dos Sete Relógios. Porto Alegre: Editora L&PM Pocket, 2013. 288p. Título
original: The Seven Dials Mystery.
O Mistério dos Sete Relógios é o décimo livro do PROJETO AGATHA CHRISTIE. Foi publicado em 1929 e nos traz a segunda história de um de seus personagens recorrentes, que aparece em 5 livros ao todo: o Superintendente Battle, da Scotland Yard. O Projeto Agatha Christie é uma iniciativa do Blog Viagem Literária para reunir leitores fãs da autora e que desejam ler ou reler a sua obra, seguindo a ordem cronológica de lançamento dos livros. Lemos juntos um livro por mês e nesse período conversamos sobre nossas impressões e compartilhamos experiências. Ainda dá tempo de entrar, é só acessar as informações do Projeto no post de apresentação, que você encontra AQUI.
Conhecemos o superintendente Battle
em “O Segredo de Chimneys” (cuja resenha vocês conferem AQUI), um homem sério,
discreto e observador que trabalha como investigador da Scotland Yard. Mas
agora, não só Battle está de volta, como diversos outros personagens que
apareceram em “O Segredo de Chimneys”: Lady Eileen (Bundle), Lord Caterham,
Bill Eversleigh, George Lomax e Tredwell. Novamente Battle tem um papel
secundário, aparecendo depois de decorrida uma boa parte da história e é o
encarregado de investigar uma série de crimes e acontecimentos estranhos que
novamente assolam Chimney. Na verdade, dessa vez é Bundle quem rouba toda a
cena e garante os melhores momentos da história, alguns bem engraçados:
Desta vez, a mansão Chimneys foi alugada por alguns meses por Sir Oswald e Lady Coote. Os dois, que aparentemente não leem jornal ou não se importam em morar em casas onde crimes aconteceram (eu jamais teria essa coragem), organizam uma festa contando com convidados como Gerry Wade, Jimmy Thesiger, Ronny Devereux, Bill Eversleigh e Rupert "Pongo" Bateman (esse nome é tão 1930 que chega a dançar o Charleston ao pronunciar). Wade é aquele amigo que gosta de dormir mais, o que faz com que os outros preguem uma peça, colocando oito despertadores em seu quarto cronometrados para tocar em diferentes momentos. Quem precisa de inimigos quando se tem amigos assim? Pois bem, acontece que na manhã seguinte Wade é encontrado morto em sua cama, apenas mais um dos assassinatos registrados na casa. A curiosidade, e o gatilho para toda a história, fica por conta da presença de apenas 7 dos relógios.
Christie tentou dar à história
uma pegada mais cômica, uma das razões pelas quais muitos a consideram a mãe do
gênero “Cozy Mistery”. Eu particularmente adoro histórias assim, um detetive
com pegada de humor. Se você também gosta desse tipo descontraído de leitura,
recomendo com fervor a série “Clube do Crime das Quintas-Feiras”, que a Nanda
resenhou AQUI. Inclusive, o terceiro livro já está disponível nas livrarias
britânicas e em breve sai no Brasil!
Bom, é inegável que “O Mistério
dos Sete Relógios” é um representante do gênero, assim como seu antecessor. A
autora claramente caprichou no alívio cômico, garantido pelo relacionamento de Bundle
com seu pai. Os dois retornam à Chimneys apenas para Bundle entrar no centro da
confusão ao atropelar Ronny Devereux, apenas para depois constatar que ele já
havia sido baleado. Algum sobrevivente das aulas de Direito Penal por aí? Isso
bem que parece uma questão da prova da OAB!
Para mim não resta dúvidas de que a participação de Bundle e seu pai é o coração da história. E, honestamente, é um dos únicos pontos positivos que posso falar do livro. Eu já não gostei muito de “O Segredo de Chimneys”, uma história engraçada, mas não bem traçada. “O Mistério dos Sete Relógios” segue a mesma linha, mas com ainda mais problemas. A autora parece perder o rumo da trama, deixando tudo mirabolante demais, grande demais, complicado demais, para concluir de um jeito completamente fora de seus padrões ao não deixar o leitor participar da solução.
Enquanto o primeiro livro foi
recebido com críticas positivas, “O Mistério dos Sete Relógios” já foi
criticado desde o seu lançamento. As críticas retratam o livro como nada
realista (o que concordo) e abaixo da média (concordo parcialmente, há
piores). De fato, foi o suficiente para decretar o afastamento de Battle até
aparecer em “Cartas na Mesa”, de 1936, com diversos outros personagens
recorrentes da autora.
Mesmo assim, confesso que é
uma leitura fácil, como Christie sabe como ninguém entregar. Mas às vezes nem
sempre uma leitura fluida é uma leitura completamente prazerosa.
Até mês que vem, na segunda aventura de Tom e Tuppence em
“Sócios no Crime”, o décimo primeiro livro. Que orgulho desse projeto!
Adicione ao seu Skoob!
Série Superintendente Battle
1. O Segredo de Chimneys (The Secret of Chimneys), 1925
2. O Mistério dos Sete Relógios (The Seven Dials Mystery), 1929
3. Cartas na Mesa (Cards on the Table), 1936
4. É fácil matar (Murder is Easy / Easy to Kill), 1939
5. Hora Zero (Towards Zero), 1944
Avaliação (1 a 5): 1.5 estrelas
“– Escute, Ronny,
quem enfileirou os despertadores na prateleira daquele jeito?
– Como vou saber?
Uma das crianças, imagino.
–O engraçado é
que só vi sete relógios, não oito – disse Jimmy. – Um deles sumiu. Você
percebeu isso?
Ronny pareceu
espantado.
– Sete em vez de
oito – disse Jimmy, franzindo a testa – Por que será?” (capítulo 3)
O Mistério dos Sete Relógios é o décimo livro do PROJETO AGATHA CHRISTIE. Foi publicado em 1929 e nos traz a segunda história de um de seus personagens recorrentes, que aparece em 5 livros ao todo: o Superintendente Battle, da Scotland Yard. O Projeto Agatha Christie é uma iniciativa do Blog Viagem Literária para reunir leitores fãs da autora e que desejam ler ou reler a sua obra, seguindo a ordem cronológica de lançamento dos livros. Lemos juntos um livro por mês e nesse período conversamos sobre nossas impressões e compartilhamos experiências. Ainda dá tempo de entrar, é só acessar as informações do Projeto no post de apresentação, que você encontra AQUI.
“Bundle fez uma
careta.
– Por que as
pessoas precisam morrer no meu quarto? – perguntou ela, indignada.
– Era isso que
eu estava dizendo! – exclamou lorde Caterham, triunfante. – É muita
desconsideração. As pessoas hoje em dia não têm a menor consideração.”
(capítulo 4)
Desta vez, a mansão Chimneys foi alugada por alguns meses por Sir Oswald e Lady Coote. Os dois, que aparentemente não leem jornal ou não se importam em morar em casas onde crimes aconteceram (eu jamais teria essa coragem), organizam uma festa contando com convidados como Gerry Wade, Jimmy Thesiger, Ronny Devereux, Bill Eversleigh e Rupert "Pongo" Bateman (esse nome é tão 1930 que chega a dançar o Charleston ao pronunciar). Wade é aquele amigo que gosta de dormir mais, o que faz com que os outros preguem uma peça, colocando oito despertadores em seu quarto cronometrados para tocar em diferentes momentos. Quem precisa de inimigos quando se tem amigos assim? Pois bem, acontece que na manhã seguinte Wade é encontrado morto em sua cama, apenas mais um dos assassinatos registrados na casa. A curiosidade, e o gatilho para toda a história, fica por conta da presença de apenas 7 dos relógios.
“– Não tenho a menor dúvida de que você é uma motorista
muito imprudente e que ainda vai atropelar e matar algum pobre infeliz algum
dia... – disse ele. – Mas não foi dessa vez.
– Mas...
– Seu carro não tocou nele. Esse homem levou um tiro.”
(capítulo 5)
Para mim não resta dúvidas de que a participação de Bundle e seu pai é o coração da história. E, honestamente, é um dos únicos pontos positivos que posso falar do livro. Eu já não gostei muito de “O Segredo de Chimneys”, uma história engraçada, mas não bem traçada. “O Mistério dos Sete Relógios” segue a mesma linha, mas com ainda mais problemas. A autora parece perder o rumo da trama, deixando tudo mirabolante demais, grande demais, complicado demais, para concluir de um jeito completamente fora de seus padrões ao não deixar o leitor participar da solução.
Adicione ao seu Skoob!
2. O Mistério dos Sete Relógios (The Seven Dials Mystery), 1929
3. Cartas na Mesa (Cards on the Table), 1936
4. É fácil matar (Murder is Easy / Easy to Kill), 1939
5. Hora Zero (Towards Zero), 1944
Avaliação (1 a 5): 1.5 estrelas