Bolo preto - Charmaine Wilkerson
>> quarta-feira, 21 de setembro de 2022
WILKERSON, Charmaine. Bolo preto. São Paulo: Editora Paralela, 2022. 304 p. Título original: Black cake.
Bolo preto me chamou a atenção pelo título e pela sinopse. O primeiro romance de Charmaine Wilkerson prometia ser uma grande história e, claro, despertou a minha curiosidade por tudo o que a sinopse, que raramente leio, trazia. Agora, divido com vocês as minhas impressões sobre Bolo Preto.
A família Bennet parece perfeita. Pais que se amam, que tem dois filhos amados, um menino e uma menina, que acreditam que os pais são o casal perfeito e que, quando crescerem, querem ser como eles.
Assim pensavam Benny e Byron (ou B e B, como são chamados pela mãe), os filhos de Eleanor e Bert Bennet. Benny, inspirada pela comida da mãe e o famoso bolo preto que ela fazia, queria fazer culinária e montar uma cafeteria. Byron era apaixonado pelo mar, assim como os pais, e queria estudá-lo.
Até que eles cresceram e Benny se tornou a filha diferentona.
Até que Byron se tornou o filho perfeito que fazia tudo o que os pais mandavam, o afastando da irmã.
Até que a mãe morreu e deixou para eles uma carta e uma gravação cujo conteúdo jogaria por terra tudo o que eles pensavam saber sobre si mesmos e a própria família e mudou para sempre a vida dos dois.
Desde que li a sinopse imaginei que esse seria aquele livro impossível de largar e que me deixaria desesperada para saber mais e mais e mais sobre o que aconteceu. E no início até foi assim.
Mas com o passar da leitura, percebi que, apesar de uma ótima premissa, a sua execução ao longo do livro foi péssima.
Primeiro porque a autora é extremamente prolixa. Há narrações sobre o presente e o passado da família e, quando estamos no presente, tentando entender o que Eleanor deixou para os filhos e a história parece que vai caminhar, de repente são inseridos diversos e diversos capítulos sobre o passado que, ao invés de explicar de uma vez o que está acontecendo, vai empurrando a história com a barriga e ainda esfriando nossa expectativa em relação ao relato no presente.
Foi muito frustrante.
Além disso, Byron e Benny não são protagonistas cativantes. Fica difícil se conectar com eles e sentir solidariedade por algo que eles passaram. Eles ficam remoendo as mesmas coisas, acontecimentos e sentimentos o livro inteiro e, quando estão prontos para resolver os assuntos, não acontece de uma forma que o leitor pensa, "ah, que gracinha!". Ao invés disso pensei: "Só isso?"
Acho que as únicas personagens que efetivamente me cativaram foram Pearl e Bunny, apesar de ter me afeiçoado um pouco à Eleanor.
Outro ponto incômodo foram os capítulos curtos e seus títulos aleatórios. Sei que, no geral, capítulos curtos são dispostos assim para agilizar a leitura e facilitar o andamento da história, mas no caso desse livro serviu para empurrar tudo ainda mais com a barriga e criar uma embromação danada. Sinceramente, teria sido melhor deixar os capítulos sem título.
Não posso deixar de mencionar a frustração também em relação às reviravoltas da história. Tanta enrolação para contar o óbvio e isso me deixou ainda mais irritada com a autora.
No fim das contas eu só queria que o livro acabasse e que ela parasse de se estender por mais e mais capítulos, para contar o que ela podia ter dito em apenas um. Para vocês terem noção do que digo, a autora levou seis capítulos para revelar uma coisa que, se resumido em um, teria economizado paciência do leitor (sobretudo porque era óbvio o que ela ia contar) e páginas do livro.
Antes de ir embora, deixo uma curiosidade sobre o bolo preto que dá título ao livro. Ele advém da tradição dos ingleses de congelar os bolos de casamento para serem consumidos em momentos posteriores do matrimônio, sobretudo para comemorar o primeiro ano de casamento e trazer sorte para os anos seguintes. A família real britânica aderiu a esse hábito e todos os casamentos tiveram pedaços de seus bolos guardados (Rainha Elizabeth II, Príncipe (agora rei) Charles, Príncipe William. Alguns pedaços chegaram a ser leiloados e renderam uma boa grana. Eu não sei não, eu que sou muito fã de bolo teria dificuldade de congelar e esperar pra comer, rs, e vocês?
Não digo exatamente que indico a leitura de Bolo preto, mas como sei que a literatura não é uma unanimidade e que as críticas costumam despertar ainda mais vontade de ler, leiam! E que seja uma boa experiência para vocês!
P.S: O livro será adaptado para série por Oprah Winfrey, mas não achei informações suficientes ou concretas a respeito. Acho que há um grande risco de, pela primeira vez, gostar mais de uma adaptação que da obra em si, vamos ver.
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