A Letra Escarlate – Nathaniel Hawthorne

>>  sexta-feira, 19 de agosto de 2022


HAWTHORNE, Nathaniel. A Letra Escarlate. São Paulo: Editora Penguin Companhia, 2011. 336p.
 
A Letra Escarlate, um clássico da literatura estadunidense, foi escrito por Nathaniel Hawthorne e publicado em 1850. Passado em uma colônia puritana de Massachusetts entre 1642 e 1649, o livro nos traz a história de Hester Prynne, que teve uma filha fora do casamento e sofre as consequências de um ato considerado pecaminoso e imperdoável pela sociedade. Um livro bastante popular desde sua publicação, A Letra Escarlate é uma das obras mais citadas na educação básica estadunidense e já foi adaptado diversas vezes para outras mídias.
 
Conheci o livro e sua história justamente com o auxílio do cinema, que inegavelmente ajuda a divulgar histórias originadas na literatura. Mais recentemente, em 2010, tivemos a divertida e leve comédia romântica teen “A Mentira” (título original: Easy A), que alavancou a carreira de Emma Stone, merecidamente indicada para o Globo de Ouro por sua atuação. O filme me fez relembrar uma história que lá no fundo já conhecia, e plantou a sementinha da curiosidade em ler esse clássico. A oportunidade veio em 2022, e finalmente pude ligar os pontos de um enredo já muito conhecido para ter uma maior noção dos temas abordados.
 
Um livro de ficção histórica, o enredo se passa na Boston puritana, onde uma multidão se reúne para assistir ao castigo público de Hester Prynne, uma jovem mulher que deu à luz a uma bebê fora do casamento e sem paternidade reconhecida. A sentença recebida foi ficar por três horas exposta em um cadafalso para humilhação pública e que use uma letra "A" escarlate no peito pelo resto de sua vida, para que todos saibam de seu pecado e não se aproximem. A existência de Hester começa a incomodar a comunidade, especialmente as outras mulheres, o que é agravado pelo fato dela veemente se recusar a dizer o nome do pai da sua filha.
 
A partir daí, o livro vira algo parecido como uma fofoca longa e demorada. O seu início cativa e prende o leitor na promessa da divulgação da paternidade da criança, mas a narrativa é conduzida de uma forma a perder o interesse no desenrolar da trama. Depois de algumas páginas de descrições lentas e detalhadas, eu simplesmente não me importava mais em saber quem era o pai. Talvez fosse essa a intenção do autor, que passa a tratar muito mais das consequências sociais à Hester e sua criança, criada à sombra do A escarlate.
 
Eu poderia escrever algumas palavras sobre o simbolismo do livro, sobre como a sociedade está condicionada a condenar as pessoas por seus pecados e como temos que aprender a viver sob a sombra de “As” simbólicos. Poderia, mas não vou. O livro está aí para isso e faz essas analogias e simbolismos o tempo inteiro, de todas as formas. Todos sabemos a força que julgamentos sociais possuem e como é difícil superar o estigma. A história é sobre isso, muito além do que aconteceu à Hester e quem é o pai de sua filha. E, honestamente, esse foco não me agradou. Gosto de romances históricos mais focados em acontecimentos e a época/sociedade apenas como pano de fundo.
 
A escrita de Hawthorne, a meu ver, é recheada de preciosismos e adornos para tentar mostrar um texto muito mais rico do que é. Parece ser feita de propósito para complicar e tentar mostrar uma intelectualidade onde, às vezes, não há. Intrigada, fui ler algumas críticas do Goodreads e encontrei esses tesouros que compartilho com vocês, em minha livre tradução:
 
“Se existe um inferno, Hawthorne é o ajudante do diabo, e a primeira coisa que você recebe (depois de perceber que está no inferno, pegando fogo, e isso vai durar para sempre) é este livro. E você tem que fazer um artigo de 10 páginas elogiando as maravilhosas virtudes dessa enorme perda de tempo. E depois de terminar de escrever (em seu próprio sangue, veja bem) seu estúpido artigo, você recebe outro tópico de ensaio que trata desse mesmo livro insípido. Parabéns, é isso que você vai fazer por toda a eternidade”.
 
Essa pessoa aparentemente não gostou do livro e da escrita de Hawthorne. Após ler isso, me senti um pouco melhor e validada. Muitas vezes esquecemos, mas é importante lembrar que clássicos não são livros perfeitos e não há problema algum em não gostar da história ou do estilo narrativo.
 
Indo um pouco mais além, encontramos outra pérola:
 
“Oh Deus.
 
Hawthorne é aquele escritor homem-criança perpetuamente carente, aquele que espia por cima do seu ombro enquanto você tenta ler e fica apontando as partes de sua própria escrita que ele acha particularmente boas e/ou comoventes.
 
"sim, veja? você vê? veja como eu falei sobre como a rosa é vermelha, e então eu falo sobre como a hester 'a' é vermelha também? você vê o que estou tentando fazer aqui, com o simbolismo?"
 
e é assim durante todo o livro”.
 
Se você escutou um barulho estranho, foi a minha gargalhada ressoando alto! O que mais me faz rir é o fato de eu concordar em gênero, número e grau com o autor do comentário e vai em direção com o que comentei aqui. Escrita pretensiosa e excessivamente formal. História bem desenhada, mas com claras falhas de execução. Um livro que me irritou, mas que pelo menos matou a curiosidade.
 
E, para terminar, o comentário que resume tudo e mais um pouco:
 
“Os personagens desse livro são frígidos”
 
Adicione ao Skoob!
 
Avaliação: 1.5



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