A Letra Escarlate – Nathaniel Hawthorne
>> sexta-feira, 19 de agosto de 2022
A Letra Escarlate, um
clássico da literatura estadunidense, foi escrito por Nathaniel Hawthorne e
publicado em 1850. Passado em uma colônia puritana de Massachusetts entre 1642
e 1649, o livro nos traz a história de Hester Prynne, que teve uma filha fora
do casamento e sofre as consequências de um ato considerado pecaminoso e imperdoável
pela sociedade. Um livro bastante popular desde sua publicação, A Letra
Escarlate é uma das obras mais citadas na educação básica estadunidense e já
foi adaptado diversas vezes para outras mídias.
Conheci o livro e sua história
justamente com o auxílio do cinema, que inegavelmente ajuda a divulgar
histórias originadas na literatura. Mais recentemente, em 2010, tivemos a
divertida e leve comédia romântica teen “A Mentira” (título original: Easy A),
que alavancou a carreira de Emma Stone, merecidamente indicada para o Globo de Ouro
por sua atuação. O filme me fez relembrar uma história que lá no fundo já
conhecia, e plantou a sementinha da curiosidade em ler esse clássico. A
oportunidade veio em 2022, e finalmente pude ligar os pontos de um enredo já
muito conhecido para ter uma maior noção dos temas abordados.
Um livro de ficção histórica, o
enredo se passa na Boston puritana, onde uma multidão se reúne para assistir ao
castigo público de Hester Prynne, uma jovem mulher que deu à luz a uma bebê fora
do casamento e sem paternidade reconhecida. A sentença recebida foi ficar por
três horas exposta em um cadafalso para humilhação pública e que use uma letra "A"
escarlate no peito pelo resto de sua vida, para que todos saibam de seu pecado
e não se aproximem. A existência de Hester começa a incomodar a comunidade,
especialmente as outras mulheres, o que é agravado pelo fato dela veemente se
recusar a dizer o nome do pai da sua filha.
A partir daí, o livro vira algo
parecido como uma fofoca longa e demorada. O seu início cativa e prende o
leitor na promessa da divulgação da paternidade da criança, mas a narrativa é
conduzida de uma forma a perder o interesse no desenrolar da trama. Depois de
algumas páginas de descrições lentas e detalhadas, eu simplesmente não me
importava mais em saber quem era o pai. Talvez fosse essa a intenção do autor,
que passa a tratar muito mais das consequências sociais à Hester e sua criança,
criada à sombra do A escarlate.
Eu poderia escrever algumas
palavras sobre o simbolismo do livro, sobre como a sociedade está condicionada a
condenar as pessoas por seus pecados e como temos que aprender a viver sob a
sombra de “As” simbólicos. Poderia, mas não vou. O livro está aí para isso e
faz essas analogias e simbolismos o tempo inteiro, de todas as formas. Todos
sabemos a força que julgamentos sociais possuem e como é difícil superar o
estigma. A história é sobre isso, muito além do que aconteceu à Hester e quem é
o pai de sua filha. E, honestamente, esse foco não me agradou. Gosto de
romances históricos mais focados em acontecimentos e a época/sociedade apenas
como pano de fundo.
A escrita de Hawthorne, a meu
ver, é recheada de preciosismos e adornos para tentar mostrar um texto muito
mais rico do que é. Parece ser feita de propósito para complicar e tentar
mostrar uma intelectualidade onde, às vezes, não há. Intrigada, fui ler algumas
críticas do Goodreads e encontrei esses tesouros que compartilho com vocês, em minha
livre tradução:
“Se existe um
inferno, Hawthorne é o ajudante do diabo, e a primeira coisa que você recebe
(depois de perceber que está no inferno, pegando fogo, e isso vai durar para
sempre) é este livro. E você tem que fazer um artigo de 10 páginas
elogiando as maravilhosas virtudes dessa enorme perda de tempo. E depois de
terminar de escrever (em seu próprio sangue, veja bem) seu estúpido artigo,
você recebe outro tópico de ensaio que trata desse mesmo livro insípido.
Parabéns, é isso que você vai fazer por toda a eternidade”.
Essa pessoa aparentemente não gostou do livro e da
escrita de Hawthorne. Após ler isso, me senti um pouco melhor e validada. Muitas
vezes esquecemos, mas é importante lembrar que clássicos não são livros
perfeitos e não há problema algum em não gostar da história ou do estilo
narrativo.
Indo um pouco mais além, encontramos outra pérola:
“Oh Deus.
Hawthorne é aquele escritor homem-criança perpetuamente
carente, aquele que espia por cima do seu ombro enquanto você tenta ler e fica
apontando as partes de sua própria escrita que ele acha particularmente boas
e/ou comoventes.
"sim, veja? você vê? veja como eu falei sobre como a rosa
é vermelha, e então eu falo sobre como a hester 'a' é vermelha também? você vê
o que estou tentando fazer aqui, com o simbolismo?"
e é assim durante todo o livro”.
Se você escutou um barulho estranho, foi a minha gargalhada
ressoando alto! O que mais me faz rir é o fato de eu concordar em gênero,
número e grau com o autor do comentário e vai em direção com o que comentei
aqui. Escrita pretensiosa e excessivamente formal. História bem desenhada, mas com
claras falhas de execução. Um livro que me irritou, mas que pelo menos matou a
curiosidade.
E, para terminar, o comentário que resume tudo e mais um
pouco:
“Os personagens desse livro são frígidos”
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Avaliação: 1.5