Até o Verão Terminar – Colleen Hoover
>> sexta-feira, 3 de junho de 2022
HOOVER, Colleen. Até o Verão
Terminar. Rio de Janeiro: Galera Record, 2021. 336p. Título Original: Heart
Bones.
“Até o Verão Terminar” é um
livro da popular autora estadunidense e texana Colleen Hoover, que
constantemente figura na lista de mais vendidos em diversos países. Na ativa no
mercado editorial desde 2012, quando publicou “Métrica” e “Um Caso Perdido” (clique
nos títulos para conferir as resenhas, escritas pela Nanda), há 10 anos a autora
vem conquistando fãs incondicionais de seus romances Jovem Adulto, marcantes
por não terem medo de mexer com as emoções do leitor. Eu conheci a autora com “Um
Caso Perdido” e desde então leio religiosamente todos seus livros. E foi assim
que cheguei em “Até o Verão Terminar”.
O bom de Colleen Hoover é que
ela é consistente. A autora encontrou a sua receita do sucesso e raramente se
aventura fora da fórmula mágica. É verdade que os últimos lançamentos “Verity”
(cuja resenha da Nanda vocês conferem AQUI) e “Layla” (que a Evelyn resenhou
AQUI) foram um pouco mais ousados, mas se você analisar a fundo verá que ali
tem o enredo romântico e o “segredo/acontecimento” no meio da história que
marca toda a narrativa. Eu não culpo a autora: ela faz muito bem o que se
propõe e acho uma excelente ideia se ater ao que você sabe. Mas isso vem com um
risco, o de perder leitores antes fiéis, mas que perdem aquela paixão e vício
literário ao saber que encontrarão mais do mesmo. E acho que me enquadro aqui.
Minha trajetória como leitora
sempre envolveu muitos romances. Me lembro bem de uma época onde apenas
consumia livros chick-lit, e até hoje guardo com carinho alguns livros de Marian
Keyes, Sophie Kinsella e Helen Fielding. Keyes e Kinsella ainda me têm como
leal leitora, e é um estilo de escrita que muito me agrada. Com o tempo, fui
descobrindo outros gêneros e estilos literários e definitivamente não sou mais
a mesma pessoa que devorava histórias de amor com uma pitada de comédia. Mas de
vez em quando eu sinto aquele saudosismo em meu coração, aquele frio na barriga
que só é curado com uma boa história de amor. Às vezes com risos, como é o caso
dos lançamentos de Kinsella, às vezes com lágrimas, como as vezes acontece com
Keyes. E às vezes precisamos de um livro que vai te dilacerar por dentro e
deixar completamente vidrada em suas páginas. E é nesse momento que busco a Colleen
Hoover.
Meu primeiro contato foi com “Um
Caso Perdido”, emprestado pela Nanda. Acho que já li mais livros da biblioteca
dela do que da minha própria, diga-se de passagem. Lembro de pegar o livro e de
repente ficar incomunicável com qualquer outro estímulo ao meu redor. O único
sentido que fazia uso era a visão, e não dormi até acabar o livro, com aquela
sensação visceral interna, como se a história tivesse acontecido comigo. Esse é
o dom de Hoover, e vem livro, vai livro, ela mantém essa constância. A mulher,
como uma habilidosa torturadora inquisitiva literária, sabe fazer o seu público
alvo sofrer. E é um sofrimento excelentemente horrível, que a gente vicia e
volta para mais. “Um Caso Perdido” marcou minha era de consumismo Hooveriano, e
lia os livros em inglês comprados ainda na pré-venda, um benefício único e
inigualável do Kindle.
Tenho alguns favoritos, como “Novembro,9” e “O Lado Feio do Amor” (clique nos títulos para conferir as resenhas da
Nanda) e eles sempre estarão no meu coração (e na estante da Nanda, claro). Mas
agora, 10 anos depois de descobrir a autora, acho que nosso momento passou. Não
sei se é por que ela lança cada vez mais livros, às vezes 3 em um ano. Talvez
seja meu momento de vida, que reduz ainda mais meu interesse por livros do
gênero. Mas de alguma forma, Hoover deixou de ser uma autora fura-fila para
mim, aquela que você para tudo que está fazendo para ler. A prova disso é o
momento em que leio “Até o Verão Terminar”, 2 anos após seu lançamento. Sem
aquela ânsia em ter meu coração partido em milhares de pedaços para depois ser
curado, eu encarei o livro com um pouco de preguiça, confesso, esperando mais
do mesmo. E foi um pouco isso que encontrei.
O livro conta a história de
Beyah, a protagonista que continua a tendência de Hoover em dar nomes “alternativos”
a seus personagens. A menina adolescente tem uma vida muito difícil: uma mãe
drogada, um pai alienado e extremamente ausente, e uma vida onde ela teve que aprender
muito cedo a encarar a pobreza extrema para sobreviver, sozinha, sem qualquer
rede de apoio. Sua única esperança é conseguir uma bolsa de atletismo para
entrar na Universidade. Ela é uma exímia jogadora de vôlei, e isso fez meus
olhos brilhar. Eu também joguei vôlei quando tinha essa idade e esse esporte
sempre esteve presente na minha vida. Isso me animou um pouco, pois achei que a
prática estava presente de alguma forma na história. Mas não, é só mencionado
como uma forma dela conseguir sair da situação em que vive e ter alguma
perspectiva de memória. Fiquei decepcionada? Sim, mas tudo bem!
Não quero compartilhar muitos
detalhes da história, pois esse é um caso onde temos acontecimentos marcantes
logo nas primeiras páginas. O fato é que falta pouco para Beyah conseguir ir
para a Universidade e ter uma condição melhor, mas algo acontece que faz com
que ela tenha que buscar outras soluções, coisas que vão mexer com feridas
muito dolorosas de sua vida. E claro, tem um garoto. Sempre tem um garoto!
Hoover mais uma vez aplica a
sua fórmula de sucesso: protagonista com alguma dificuldade, que vamos aos
poucos descobrindo as ramificações e realmente quão fundo é o buraco + romance
que traz alguma luz à sua vida, mas que vem com vários poréns e sofrimentos +
oportunidade de crescimento pessoal para todos envolvidos. E como um bom livro
#CoHo não pode faltar um aspecto essencial: a leitura é completamente viciante.
Comecei a ler o livro em um
domingo aproximadamente às 20h00, crente que seria uma leitura que me daria o
sono necessário para descansar diante uma nova semana. A minha inocência me
custou caro: apenas consegui largar o livro depois das 4h00, quando finalmente
terminei! Isso mostra um livro engajante, fluido, com uma leitura fácil e envolvente.
Um bom e sólido exemplar da autora nesse aspecto. Já a história...
Olha, o casal é fofo e todos
os elementos estão ali. Mas de alguma forma eu não consegui torcer por eles. Eu estava mais curiosa no que estava acontecendo e qual seria a resolução de tudo
do que torcendo para os personagens ficarem bem e felizes. Talvez eu ainda
esteja um pouco amarga por causa do vôlei. Quer dizer, nem a cena em que ela joga vôlei
é adequada, sabe? As regras do esporte estavam todas erradas! Mas eu já superei
isso (eu acho). O que não superei é o fato de, ao contrário de tanto outros
livros, eu achar os problemas de todos os personagens completamente superáveis
com o incrível e magnífico poder do diálogo! Sei que serei voto vencido nisso e
corro risco de vida (ou cancelamento, pior!) ao falar isso de um livro da
Colleen Hoover, mas eu realmente não me conectei com os personagens dessa vez.
Uma pena, mas mesmo assim
consigo reconhecer que a autora consegue entregar livros engajantes que eu provavelmente
vou continuar lendo, mesmo que demore 2 anos para isso!
O resumo dessa conversa toda? Bem, a Colleen Hoover continua aí do mesmo jeito, com a mesma receita. Resta saber o quanto você ainda é ávido para consumir esse conteúdo!
Adicione ao seu Skoob!
Avaliação (1 a 5): 2.75
O resumo dessa conversa toda? Bem, a Colleen Hoover continua aí do mesmo jeito, com a mesma receita. Resta saber o quanto você ainda é ávido para consumir esse conteúdo!