Se Liga, Dani Brown – Talia Hibbert
>> sexta-feira, 6 de maio de 2022
HIBBERT,
Talia. Se Liga, Dani Brown. São Paulo: Editora Paralela, 2022. 287p. Título
original: Take a Hint, Dani Brown.
Se Liga, Dani Brown é o segundo livro da trilogia das Irmãs Brown, escrita pela britânica Talia Hibbert. Ele conta a história da protagonista, Danika “Dani” Brown, e a sua luta para confiar e abrir seu coração. Como seu antecessor, a escrita é leve e o livro é de fácil leitura, com traços da “linguagem hot” típica de alguns chick-lits. Novamente não temos qualquer suspense em torno do romance central: a narração da história varia entre os dois pombinhos, Dani e Zafir (Zaf), o segurança da universidade onde Dani estuda que por acaso é um maravilhoso e enorme ex-jogador de rúgbi. A capa fofa e colorida não engana o leitor e promete uma história apaixonante, o que o livro entrega.
A estrutura é muito semelhante com o primeiro livro da série, aquele que conta a história da irmã mais velha, Chloe. De cara já somos apresentados aos protagonistas, que já se conhecem e mantêm uma mútua atração. A história mais uma vez não é sobre como eles se conheceram ou sobre como essa atração surgiu, mas sim como os dois vieram a se aproximar e que fantasmas eles têm que espantar no caminho à felicidade. Desta vez temos a irmã do meio como protagonista, Danika, uma estudante de doutorado em literatura que tem seus objetivos muito bem traçados e faz tudo por eles, até negligenciar sua saúde física e mental e se fechar para qualquer tipo de relacionamento. Ela não tem medo em expressar sua espiritualidade e sexualidade, e um dia pede a Oxum uma pessoa para aliviar seus anseios físicos, sem correr o risco de se apegar. E o destino, na forma de uma simulação de incêndio mal sucedida na Universidade, a coloca diante de Zaf, o segurança bonitão com corpo de atleta, por quem ela já nutria uma atração.
Como parece ser a marca registrada da autora, há um acontecimento trágico/engraçado que aproxima o casal protagonista. Desta vez é a simulação, que deixa Dani presa no elevador por alguns minutos, para ser resgatada por Zaf. A foto do resgate, com Zaf carregando Dani, viraliza e circula a #DraRugBaby. Surpresos com a popularidade, eles fazem um acordo: Dani fingirá ser a namorada de Zaf para que ele use a fama online para divulgar sua instituição de caridade e em troca Zaf ajudará Dani em seus... er... anseios físicos, sem se apegar. E CLARO que esse plano vai dar certo, né?
Dá para perceber que a autora se dedicou muito às cenas chaves do romance, como a própria sequência do resgate. E também senti uma grande evolução em relação ao primeiro livro. Enquanto “Acorda pra Vida, Chloe Brown” tem uma comédia mais forçada e óbvia, a de “Se Liga, Dani Brown” é mais espirituosa e natural, quase fofa. Por exemplo:
Considero fofa pois é algo mais factível, isso pois a personagem é espirituosa. Eu consegui me relacionar com a ansiedade de Dani, que a faz ser debochada em alguns momentos e um ombro amigo em outros. Quem me conhece sabe que a minha tendência a exagerar é tragicômica, sendo a minha cara considerar 12 minutos diversas horas. Especialmente quando presa em um elevador. Claustrofóbicas ansiosas entenderão!
Esse é um típico chick-lit que não tem qualquer segredo, novamente. Desde a primeira linha está claro qual será o enredo do livro: o sexo sem compromisso/relacionamento falso que de repente pode representar alfo mais. Dani tem o foco e a empatia que Zaf precisa para enfrentar sua luta contra a ansiedade, e Zaf tem o carinho e a emoção suficiente para fazer Dani se abrir (tenho certeza de que Zaf é pisciano). Novamente Hibbert entrega um livro legal, fácil, seguro e sem muitas surpresas, e um pouco melhor que seu antecessor, sem dúvidas.
Eu acho que a autora tem um pouco de Danika, um pouco dessa ansiedade canalizada em raciocínio lógico e tiradas rápidas e inteligentes. E eu gostei do fato de termos um protagonista masculino que sai um pouco do padrão do gênero. Zafir ainda é um bonitão atleta alvo de desejo das mulheres, mas é um homem emotivo, que gosta de conversar sobre sentimentos e completamente apaixonado por romances, onde temos:
Eu fortemente acredito que esse livro agradará um vasto público, pois é engraçadinho, romântico, com muitas cenas hots e os personagens são pessoas genuinamente boas que merecem ser felizes. Mas mesmo assim algumas coisas me incomodam, especialmente a superficialidade. Me chamem de antiquada, mas eu simplesmente PRECISO de uma preliminar literária para me apaixonar por um casal. Eu não gosto de histórias que partem da premissa que a atração existe, eu gosto de ver ela nascendo, ir tecendo o momento do encontro. Se você espera isso em “Se Liga, Dani Brown”, esse não é o livro para você. Esse é um livro sobre como um casal pode superar suas lutas internas juntas, com uma boa dose de sexo no meio.
E termino essa resenha com a minha parte favorita do livro:
E até a última irmã, Eve. Será que ela também vai encontrar o amor? Dúvida cruel!
Adicione ao seu Skoob!
Série As Irmãs Brown
Avaliação (1 a 5):
“Zaf deu um último suspiro e conseguiu abrir
a porta. Dani teve um instante para registrar a visão: o homem alto, largo e
forte, cujo rosto em geral carrancudo já passava ao território da fúria, mas cujos olhos castanhos e
calorosos eram gentis o suficiente para anular o efeito. Por algum motivo, o
contraste – entre suas feições severas e seu olhar suave e fluido – a fez
estremecer. A luz brilhava atrás de Zaf e formava um halo a sua volta, fazendo
com que ele parecesse ainda maior que o normal. Dani se deu conta, como se um
punho gigante e cósmico a tivesse atingido, de que aquela coisa toda de
resgatá-la nobremente da morte tinha que ser um sinal. Tinha que ser o
sinal. O momento e o drama eram significativos demais para que ela pudesse
ignorar. Era como se setas em neon apontassem na direção dos ombros deliciosos
de Zaf e o universo gritasse: Pode ser este aqui, já que você está tão
impaciente”. p. 38
Se Liga, Dani Brown é o segundo livro da trilogia das Irmãs Brown, escrita pela britânica Talia Hibbert. Ele conta a história da protagonista, Danika “Dani” Brown, e a sua luta para confiar e abrir seu coração. Como seu antecessor, a escrita é leve e o livro é de fácil leitura, com traços da “linguagem hot” típica de alguns chick-lits. Novamente não temos qualquer suspense em torno do romance central: a narração da história varia entre os dois pombinhos, Dani e Zafir (Zaf), o segurança da universidade onde Dani estuda que por acaso é um maravilhoso e enorme ex-jogador de rúgbi. A capa fofa e colorida não engana o leitor e promete uma história apaixonante, o que o livro entrega.
A estrutura é muito semelhante com o primeiro livro da série, aquele que conta a história da irmã mais velha, Chloe. De cara já somos apresentados aos protagonistas, que já se conhecem e mantêm uma mútua atração. A história mais uma vez não é sobre como eles se conheceram ou sobre como essa atração surgiu, mas sim como os dois vieram a se aproximar e que fantasmas eles têm que espantar no caminho à felicidade. Desta vez temos a irmã do meio como protagonista, Danika, uma estudante de doutorado em literatura que tem seus objetivos muito bem traçados e faz tudo por eles, até negligenciar sua saúde física e mental e se fechar para qualquer tipo de relacionamento. Ela não tem medo em expressar sua espiritualidade e sexualidade, e um dia pede a Oxum uma pessoa para aliviar seus anseios físicos, sem correr o risco de se apegar. E o destino, na forma de uma simulação de incêndio mal sucedida na Universidade, a coloca diante de Zaf, o segurança bonitão com corpo de atleta, por quem ela já nutria uma atração.
Como parece ser a marca registrada da autora, há um acontecimento trágico/engraçado que aproxima o casal protagonista. Desta vez é a simulação, que deixa Dani presa no elevador por alguns minutos, para ser resgatada por Zaf. A foto do resgate, com Zaf carregando Dani, viraliza e circula a #DraRugBaby. Surpresos com a popularidade, eles fazem um acordo: Dani fingirá ser a namorada de Zaf para que ele use a fama online para divulgar sua instituição de caridade e em troca Zaf ajudará Dani em seus... er... anseios físicos, sem se apegar. E CLARO que esse plano vai dar certo, né?
Dá para perceber que a autora se dedicou muito às cenas chaves do romance, como a própria sequência do resgate. E também senti uma grande evolução em relação ao primeiro livro. Enquanto “Acorda pra Vida, Chloe Brown” tem uma comédia mais forçada e óbvia, a de “Se Liga, Dani Brown” é mais espirituosa e natural, quase fofa. Por exemplo:
“- O botão de emergência não funcionou, ela disse, desfrutando da
tensão no corpo de Zaf enquanto ele continuava a abraça-la. - Fiquei horas presa
aqui.
- Hum... acho que não foram horas.
- Quase uma hora, então, ela se corrigiu.
- Danika, faz doze minutos que o alarme disparou." p. 39
Considero fofa pois é algo mais factível, isso pois a personagem é espirituosa. Eu consegui me relacionar com a ansiedade de Dani, que a faz ser debochada em alguns momentos e um ombro amigo em outros. Quem me conhece sabe que a minha tendência a exagerar é tragicômica, sendo a minha cara considerar 12 minutos diversas horas. Especialmente quando presa em um elevador. Claustrofóbicas ansiosas entenderão!
Esse é um típico chick-lit que não tem qualquer segredo, novamente. Desde a primeira linha está claro qual será o enredo do livro: o sexo sem compromisso/relacionamento falso que de repente pode representar alfo mais. Dani tem o foco e a empatia que Zaf precisa para enfrentar sua luta contra a ansiedade, e Zaf tem o carinho e a emoção suficiente para fazer Dani se abrir (tenho certeza de que Zaf é pisciano). Novamente Hibbert entrega um livro legal, fácil, seguro e sem muitas surpresas, e um pouco melhor que seu antecessor, sem dúvidas.
Eu acho que a autora tem um pouco de Danika, um pouco dessa ansiedade canalizada em raciocínio lógico e tiradas rápidas e inteligentes. E eu gostei do fato de termos um protagonista masculino que sai um pouco do padrão do gênero. Zafir ainda é um bonitão atleta alvo de desejo das mulheres, mas é um homem emotivo, que gosta de conversar sobre sentimentos e completamente apaixonado por romances, onde temos:
“- Por que você lê romances?, ela perguntou, parecendo um pouco
com uma sargento ou uma investigadora de polícia. Ops...
Zaf olhou para Dani como se ela tivesse perguntado se leite vinha
dos peixes. - Pelo romance.
- Pelo... romance.
- É. Pessoas se apaixonando, falando de seus sentimentos e vivendo
felizes para sempre."
p. 69
Eu fortemente acredito que esse livro agradará um vasto público, pois é engraçadinho, romântico, com muitas cenas hots e os personagens são pessoas genuinamente boas que merecem ser felizes. Mas mesmo assim algumas coisas me incomodam, especialmente a superficialidade. Me chamem de antiquada, mas eu simplesmente PRECISO de uma preliminar literária para me apaixonar por um casal. Eu não gosto de histórias que partem da premissa que a atração existe, eu gosto de ver ela nascendo, ir tecendo o momento do encontro. Se você espera isso em “Se Liga, Dani Brown”, esse não é o livro para você. Esse é um livro sobre como um casal pode superar suas lutas internas juntas, com uma boa dose de sexo no meio.
E termino essa resenha com a minha parte favorita do livro:
“- Dani, é só um treinamento. Não tem gás nenhum.
Ela levou um tempo para processar aquelas palavras, então ficou
tão corada que parecia que ia pegar fogo.
- Ah, tá. Hum. Esquece o que eu falei
da barba. Tô muito louca, é o gás.” p. 40
E até a última irmã, Eve. Será que ela também vai encontrar o amor? Dúvida cruel!
Adicione ao seu Skoob!
Série As Irmãs Brown
- Acorda pra Vida, Chloe Brown (Get a Life, Chloe Brown), 2019
- Se Liga, Dani Brown (Take a
Hint, Dani Brown), 2020
- Act Your Age, Eve Brown, 2021 (Ainda não lançado no Brasil)
Avaliação (1 a 5):