O nariz - Nikolai Gógol
>> quarta-feira, 4 de maio de 2022
Nunca tinha lido nada de Gógol, mas tinha curiosidade. O nariz foi a primeira história do autor que li e deixo aqui para vocês as minhas impressões sobre O nariz, rs.
Um belo dia, o major Kovaliov acorda sem o nariz. Isso mesmo. O nariz do major se separa de seu dono, decidido a ser dono dele mesmo. Kovaliov passa por situações desesperadoras e constrangedoras para tentar recuperar seu nariz que insiste em levar uma vida própria.
Como Kovaliov vai aparecer em público sem uma parte visível de si mesmo? Como resolver a questão rapidamente e evitar um vexame? Descubra lendo O nariz!
O conto é muito rapidinho de ler e dizem que é bem engraçado. Digo dizem, porque sou uma pessoa de humor um tanto diferente e muitas vezes não acho graça em coisas que obviamente deveriam ser engraçadas, mas morro de rir em situações não óbvias, por assim dizer.
Não quer dizer que não tenha gostado do conto. Pelo contrário! Ver um nariz querendo ser independente, enquanto o "dono" não conseguia cuidar de seu próprio nariz, foi bem irônico.
O autor buscou com a história, por meio do realismo mágico e do grotesco, trazer uma crítica à burocracia russa, que assim como todo tipo de burocracia, tudo dificulta, principalmente as coisas e situações mais simples. Buscou, ainda, uma crítica à forma como funcionava a sociedade russa à época, com a preocupação de Kovaliov com a reputação e com o que diriam dele em contraponto à estranheza da situação de estar sem o nariz.
O conto traz também uma sátira política. De tudo isso, acho que a crítica à burocracia foi a que mais peguei, compreendi, pois a literatura russa sempre se apresentou meio confusa para mim.
O livro usa o recurso do duplo, que é quando há uma entidade que "imita" um "eu" original, mas não são exatamente iguais. Isso pode acontecer com o corpo todo, mas também com partes dele que é o que acontece nessa história.
Apesar de parecer muito estranho ao leitor essa história de nariz vivendo como uma pessoa normal, fora de um corpo, no livro é algo bem natural, nenhum personagem parece se importar ou até mesmo notar.
A explicação para isso está ao final do conto, nessa edição da Antofágica pelo menos, em um texto da professora Raquel Toledo. Uma verdadeira aula que precisa ser lida. É muito enriquecedor e esclarecedor para o leitor.
Tem vontade de conhecer a escrita de Gógol? Tem curiosidade sobre essa história? Leiam!
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