A pediatra - Andréa Del Fuego
>> quarta-feira, 13 de abril de 2022
FUEGO, Andréa Del. A pediatra. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. 160 p.
Ha algumas semanas vinha ouvindo falar muito de A pediatra e minha curiosidade só me deu sossego quando finalmente resolvi dar uma chance para essa história. Sabia que o pessoal estava dividido entre os que amaram e os que odiaram a história e, mais especificamente a protagonista. Só me restava descobrir a qual grupo pertenceria. Quer descobrir? Então, vem comigo!
Cecília é uma pediatra fora dos padrões. Não tem amor pela profissão, tampouco gosta de crianças. Ela afirma, com todas as letras, que cursou medicina e virou pediatra por causa do paim que é endocrinologista pediátrico. Mas, ao contrário do pai, Cecília não curte tratar doenças específicas. Prefere ficar no feijão com arroz da pediatria. Se necessário for, indica um amigo especialista.
Na vida pessoal, Cecília é uma mulher solitária. Desde o divórcio, vive em seu apartamento com a empregada que, havia acabado de descobrir que estava grávida.
Tudo podia ser muito tranquilo na vida da pediatra, não fosse o fato de ela ter conhecido um homem, Celso, em uma festinha infantil e se interessado por ele ( e ele por ela). Não bastasse ter se apaixonado pelo homem, Cecília ainda se encantou pelo filho do homem, a quem ela ajudou a colocar no mundo. Por Bruninho ela faria qualquer coisa, mais até do que pelo Celso. Será que Bruninho e Celso serão capazes de quebrar a pedra de gelo que é o coração de Cecília? O que ela seria capaz de fazer para ter o que quer? Descubra lendo A pediatra!
A leitura foi muito rápida e fácil. Andréa escreve de uma forma deliciosa e envolvente. Fiquei o tempo todo curiosa e ansiosa pelo próximo capítulo, que chegava rapidinho, já que eles eram bem curtinhos.
Acho que foi o momento ideal para fazer a leitura de A pediatra. Não que não indique para mulheres que não sejam mães, nada disso. É que apenas achei que foi o meu momento de ler. Como mãe, pude compreender melhor algumas falas e situações. Contudo, foi ainda mais difícil entender algumas atitudes de Cecília, apesar de tê-la odiado menos do que eu esperava. Mesmo assim, ela toma algumas decisões que se não toda, a maioria das mulheres, mãe ou não, reprovaria. Ou qualquer ser humano com coração, rs.
Gostei muito de acompanhar o dia a dia de Cecília como pediatra, deixando de lado as questões profissionais. Percebe-se que a autora fez um excelente trabalho de pesquisa para contar essa história. Há ainda, em paralelo com o romance secreto que Cecília tem, uma investigação, por parte dela, a um novo neonatologista que estaria lhe "roubando" pacientes trazendo um novo conceito de parto: o humanizado. Isso estaria lhe prejudicando e ela vai usar suas armas para não sair prejudicada.
O ponto alto da história para mim foi a quebra da expectativa que temos em relação a uma pessoa, um profissional. Especialmente uma mulher e pediatra. Fomos habituados a espera sempre o melhor das pessoas, que sejam pessoas boas, profissionais dedicados e apaixonados pelo que fazem, não sendo possível aceitar a ideia de que existam pessoas que sejam más, cruéis, ou que não tenham nascido com instinto maternal, ou que não sejam tão apaixonadas pela profissão, embora a exerça a contento, como é o caso de Cecília, que sequer reclamação tinha no conselho de medicina ou direto de seus pacientes.
O fato é que a Cecília é uma personagem que não foi criada para causar empatia. Ela veio para desromantizar a ideia que temos das pessoas e as expectativas que criamos em cima delas. Foi criada, na minha humilde opinião de leitora que viaja muito enquanto lê, para tirar o leitor da zona de conforto em relação aos protagonistas. Ela é egocêntrica e pauta extremamente tudo que faz em suas vontades. Arrisco a dizer, correndo o risco de errar, que ela é a antagonista da própria história.
E é por isso que indico essa história para você, caro leitor, que quer sair da zona de conforto da leitura de uma forma diferente, ou, simplesmente, que quer conhecer a escrita de Andréa Del Fuego. Depois, me conte o que você achou a da história e se, assim como eu, você conhece alguma " Cecília" por ai, seja pediatra, advogada ou qualquer outro tipo de profissional.
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