Tempo de perdoar - John Grisham

>>  segunda-feira, 14 de março de 2022


GRISHAM, John. Tempo de perdoar. São Paulo: Editora Arqueiro, 2021. 560p. (Jake Brigance, v.3). Título original: A time for mercy.

"- Mas você nunca contou a ninguém?
- Não, senhor. Eu não tinha para quem contar.
- Você estava sofrendo essas agressões terríveis mas nunca procurou ajuda?
- De quem?
- Que tal as autoridades? A polícia?
O coração de Jake congelou com a pergunta. Ele ficou chocado com aquilo, mas estava preparado, assim como sua testemunha. Com timing e dicção perfeitos, Kiera olhou para Dyer e disse:
- Senhor, eu estava sendo estuprada pela polícia." p. 477

Tempo de matar é um clássico dos thrillers jurídicos, ainda mais após o filme sensacional que deixou o livro ainda mais conhecido. Vinte anos depois o autor resolveu dar continuidade à história e escreveu mais um livro protagonizado pelo advogado de defesa, Jack Brigance. A herança foi um presente para os fãs e agora temos uma "trilogia", confiram o  que achei de Tempo de perdoar do John Grisham.

Essa resenha não contém spoilers sobre os livros anteriores!

E mais três anos se passaram em Clanton, Mississippi. Em 1991, Jack Brigance, tem um consultório respeitado na cidade, muitos amigos e uma vida feliz com a família. Depois de dois casos polêmicos, as coisas finalmente estavam se ajeitando. Ele e Carla, viviam felizes na pequena cidade ao lado da filha Hannah, 9 anos, e planejando um segundo filho. Na cidade as coisas estavam evoluindo, mas ainda era uma cidade do interior, preconceituosa e tradicional. 

Até que uma nova tragédia acontece na cidade, e mais uma vez o juiz local, Omar Noose, só confia em Jake para cuidar do assunto. Um caso sem honorários, de alto custo, com pouca chance de sucesso, impopular... que fez todos os advogados da cidade saírem correndo com desculpas prontas. E, Jake, mais uma vez, é pego no meio do redemoinho.

Stuart Kofer era considerado um policial exemplar. Trabalhava ao lado do xerife, Ozzie Walls, desde que deixara o exército e era querido na cidade. Sua família era enorme e antiga na cidade. O pacto entre policiais o protegia de qualquer respingo a esta índole:  Suas enormes bebedeiras, dirigir embriagado, e as duas denúncias de abuso feitas pela namorada. 

Josie morava com Stuart havia uns 2 anos, e não tinha dinheiro para se mudar de lá com os dois filhos. Trabalhava em dois empregos, mas Stuart sempre pedia mais dinheiro para as despesas dos filhos dela, e ela não conseguia juntar nada. E então ia suportando... as agressões verbais, as brigas, as surras. Seus dois filhos escutavam impotentes e desesperados através da porta fechada do quarto. O mais velho, Drew, tinha 16 anos e a mais nova, Kiera, 14. 

Em uma noite em que tudo sai do controle, eles acreditam que a mãe está morta no chão da cozinha e Stuart bêbado, apagado no quarto. É então que Drew, pega a arma do policial e faz justiça com as próprias mãos. 

No Mississippi um crime de tamanha violência é passível de pena de morte. Drew é quase uma criança; franzino, aparenta ter 12 anos e parece estar sofrendo pelo choque. Jake é designado para o caso, mas o garoto confessou e não acha que tem muito o que pode ser feito. Mas quando ele começa a saber de todos os detalhes envolvendo a família, irá clamar por justiça. Indo contra a maré, sendo retaliado por todos os policiais da cidade, perseguido pela família do policial assassinado, ele buscará justiça. Ele fará de tudo para salvar Drew da pena de morte, custe o que custar! 

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Esse é um daqueles livros que em que o leitor prende o fôlego, e só respira quando tudo termina. Quem leu os dois livros anteriores do Jake Brigance já conhece praticamente todos os personagens e as intrigas daquela pequena cidade, e sofre a cada página! Apesar dos 3 livros terem tramas independentes, as histórias estão muito ligadas. É um livro que aconselho ler na ordem! Inclusive li algumas resenhas no Skoob reclamando da lentidão do livro, que 70% da história é morosa até chegar ao julgamento e etc. Mas só quem não leu os outros diria isso, para quem já conhece esses personagens, todos os acontecimentos iniciais foram muito pertinentes. Eu adorei a leitura!!

Eu amo os personagens! Adoro Jake, um advogado honrado que vira quase um mártir nesses casos onde ele só tem prejuízos. A verba é baixíssima para casos desse tipo, a cidade paga no máximo mil dólares ao advogado pelo caso todo. Imagina isso? Não é nada, não paga as horas, não paga um perito nem outros gastos do processo. É trabalho pro bono. O problema é que logo que Jake assume a defesa, todos passam a odiá-lo! Os novos clientes somem, o escritório fica sem renda e Jake já está endividado de um outro processo que está defendendo. Ele e a esposa ficam desesperados, mas sem ter muito o que fazer. E a família de Drew não tem grana, morri de pena deles o livro todo.  E temos vários personagens secundários ótimos! Harry Rex (outro advogado e o melhor amigo de Jake) que passa o livro revoltado dele ter aceitado o caso; Portia (filha da protagonista do livro anterior) que trabalha como assistente com Jake e pretende ser a primeira negra a se tornar advogada na região; Lucien Wilbanks (advogado que teve a licença caçada, mas trabalha informalmente com Jake e é o dono do prédio) um senhor sem noção divertido que está presente desde o primeiro livro.  Até Carl Lee aparece! 

Sobre o caso em si, a história é revoltante. Stuart mereceu tudo o que aconteceu e muito mais, morreu até rápido kkk. Ele se orgulhava de ser policial e considerava isso um passe livre para seu comportamento. Drew só estava se defendendo, desesperado achando que a mãe estava morta e ele podia acordar e matar os dois também. Stuart vivia bêbado, batia em Josie, nas crianças e, como foi descoberto depois, abusava sexualmente da Kiera. O problema é como provar isso e conseguir clemência? Afinal ele matou um policial e no Mississipi existe uma leia que diz que assassinato de policial prevê a pena de morte, mesmo o tal policial, não estando em horário de serviço.  Jake pega mais uma missão impossível! Eu morri de dó de Drew, de sua mãe e sua irmã. 

O grande problema jurídico do livro, é a penalidade em si. Porque Jake quer lutar contra a pena de morte ou a prisão perpétua. Mas Drew atirou em alguém dormindo e confessou, foi preso em flagrante. E ele matou um homem. Qual pena seria justa? Inocentá-lo? Ele não é inocente. Mas qual a pena para praticamente uma criança que passou por tudo aquilo?? A dúvida está na mente de todos. E todos os policiais da cidade, a família do falecido, odeiam Jake! Afinal, para eles, Jake estava sujando a imagem de um bom homem para tirar seu assassino da cadeia.

Eu amei a leitura, mas me decepcionei um pouco com o final. Eu queria um vislumbre do futuro, já que algumas questões importantes ficam em aberto. Não sei se terá mais um livro com o protagonista, espero que sim. Preciso de uma resposta para o que aconteceu. John Grisham arrasa nos thrillers jurídicos, mas independente disso, nenhum autor escreve cenas nos tribunais como ele! O julgamento é arrasador, de arrepiar! Dava vontade de fechar o livro e começar a ler tudo de novo! Só não foi um favorito pelo final, se eu soubesse que haveria uma continuação seria um 5 estrelas hehe.

Eu indico para todos, leiam essa trilogia, é imperdível na estante!

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Jake Brigance do John Grisham
  1. Tempo de matar  (A time to kill)
  2. A herança (Sycamore Row)
  3. Tempo de perdoar (A time to mercy)

Avaliação (1 a d5):

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