Flores para Algernon - Daniel Keyes
>> quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
KEYES, Daniel. Flores para Algernon. São Paulo: Editora Aleph, 2018. 288 p. Título original: Flowers for Algernon.
Já fazia um tempo que tinha curiosidade de ler Flores para Algernon, mas estava aguardando o livro entrar em promoção para comprá-lo, afinal, era um livro que eu queria ter na estante. Foi na Black Friday de 2021 que a oportunidade surgiu e finalmente adquiri meu exemplar e finalmente pude conhecer a história. Se você não sabe do que se trata o livro ou até sabe, mas tem curiosidade de saber o que achei, vem que te conto.
Charlie Gordon tem 32 anos e sofre de uma deficiência intelectual grave. Ele estuda em um colégio para pessoas retardadas (sim, escrito exatamente assim) e foi indicado por sua professora para participar de um experimento que o tornaria inteligente. Era um experimento perigoso, que só havia sido testado em um ser antes de Charlie: Algernon, um rato, que ficou inteligente.
Charlie, então, aceita participar do experimento. Após a cirurgia, ele vai ficando cada vez mais inteligente, o que se mostra ótimo por um lado, contudo, o ônus da cirurgia também começa a afetá-lo, por vezes, de uma forma mais profunda do que o bônus de ficar inteligente. Charlie percebe, por exemplo, que as pessoas que ele achava que eram suas amigas e que gostavam dele, na verdade, apenas se divertiam às custas de sua deficiência. Além disso, sua inteligência vai tomando proporções absurdas, chegando a saber até mesmo mais do que os próprios chefes da pesquisa em que ele é a cobaia. Mas, será mesmo, que inteligência é tudo na vida de uma pessoa?
-(...)o significado de toda a minha existência - envolve conhecer as possibilidades do meu futuro e também do meu passado aonde estou indo tanto quanto aonde já fui. Apesar de sabermos que, no fim do labirinto, a morte nos aguarda (e isso é algo que nem sempre soube, até pouco tempo atrás, pois o adolescente em mim pensava que a morte acontecia só com outras pessoas), vejo agora que o caminho escolhido pelo labirinto me faz quem seu. Não sou apenas uma coisa, mas também uma maneira de ser - uma das muitas maneiras - , e saber os caminhos que percorri e os que me restam vai me ajudar a entender o que estou me tornando." (p. 204)
O livro é narrado de forma epistolar por Charlie, por meio dos relatórios de progresso que ele é orientado a escrever desde antes de passar pelo procedimento cirúrgico. Você pode achar, de início, que há apenas um problema na digitação do livro, mas não se espante, é apenas um recurso para dar maior veracidade ao relato de Charlie. Logo, nada mais genial que o texto ser escrito como o personagem escreveria, até mesmo para mostrar a evolução.
Confesso que no começo fiquei um pouco agoniada com os erros, mas com o tempo acabei me acostumando.
À medida que Charlie vai se dando conta do que as pessoas pensavam dele e vai adquirindo mais conhecimento, fui ficando com mais e mais dó dele. Mas em determinados momentos também cheguei a detestá-lo, quando ele foi ficando mais e mais inteligente a ponto de superar os médicos e acabou se tornando uma pessoa arrogante. mesquinha e isso não foi bom.
Isso acabou gerando uma reflexão a respeito do bom e velho pensamento de "a ignorância é uma bênção". Algumas coisas é melhor não saber. Além disso, será mesmo que seria bom uma pessoa saber tudo? Se tornar tão inteligente a ponto de saber todos os idiomas, saber tudo sobre tudo? Ser tão autossuficiente a ponto de não precisar de mais nada, nem ninguém?
O livro é muito tocante, delicado, e para mim foi quase um cinco estrelas. Um pequeno detalhe sobre o Algernon é que não me fez dar todas as estrelinhas.
Eu não sabia, e talvez você também não saiba, que esse livro é um clássico norte-americano que foi adaptado para o cinema em 1968 como Os dois mundos de Charly com direito, até mesmo, ao Oscar de melhor ator a Cliff Robertson. Fiquei muito curiosa para assistir à adaptação, se alguém já assistiu, me conte o que achou!
Indico para todo mundo que curte ficção científica ou quem tem interesse em conhecer mais o gênero.
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Avaliação (1 a 5): 4.5