O último duelo: Uma história real de crime, escândalo e julgamento por combate na França medieval - Eric Jager
>> quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
Estava muito curiosa para ler O último duelo, sobretudo após descobrir que tinha sido adaptado para o cinema, afinal, quem me conhece sabe o quanto sou fã de adaptações literárias. Além disso, sabia que se tratava de uma história real que se passou na idade média lá na França. Como sou uma boa fã de História, saber disso me deixou ainda mais motivada para conhecer essa história. Vamos, então, saber o que achei de O último duelo?
Jean de Carrouges é um guerreiro normando que está lutando em plena Guerra dos 100 anos. Não bastasse os perigos da guerra e o fato de ter que deixar sua esposa para lutar por seu país, quando ele retorna de uma das batalhas se depara com a notícia de que seu antigo amigo e atual inimigo Jacques Le Gris teria cometido um grave crime contra a esposa de Jean: estupro.
Esse tipo de crime, naquela época, era passível de punição por meio de duelo judicial, em que acusado e acusador entravam e apenas um saía vivo. Quando o crime ocorre e Jean pede que o tribunal autorize o duelo, esse tipo de julgamento já havia praticamente deixado de existir e Jean quase não tem chance de tentar provar suas alegações em relação a Jacques e, assim, lavar a honra e salvar a própria vida e a de sua esposa.
Contudo, o tribunal, após analisar o caso, autoriza a realização do que seria o último duelo judicial, e Jean de Carrouges e Jacques Le Gris se verão frente a frente para provar quem estaria falando a verdade e quem morreria como condenação por seu ato, ou, no caso de Jean, por seu falso testemunho.
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Comecei a leitura do livro devorando cada página, cada pedacinho, cada vez mais ansiosa para saber quem venceria o último duelo.
O livro alterna entre acontecimentos relacionados à Jean e Jacques, começando quando eles ainda eram amigos, até a vida do vencedor anos depois do fim da contenda entre eles; e acontecimentos da guerra e da família real.
Ao longo do livro, pela riqueza de detalhes e a tentativa do autor de entregar ao leitor de forma mais próxima possível os acontecimentos fica fácil perceber o quanto ele pesquisou para escrever a história. O que temos, então, é um livro de não ficção com uma história completa, rica, contada de forma franca, capaz de deixar o leitor de queixo caído e até mesmo arrepiado às vezes.
Foi muito interessante saber mais sobre o período da Idade Média, o feudalismo, o duelo judicial e as leis judiciais vigentes na época.
Fiquei também muito espantada com algumas "crendices" do povo da época, mas antes de achá-las engraçadas fiquei mais foi chocada com a forma com que as pessoas interpretavam os acontecimentos. Um exemplo disso era o entendimento que se tinha à época que para uma mulher engravidar ela precisava ter um orgasmo. E assim, se uma mulher estuprada engravidasse, o filho não poderia ser do estuprador, pois ela, por certo, não teria sentido prazer com o ato.
Jean, um nome muito comum na época (praticamente todo homem que aparece na história são Jean alguma coisa) e Jacques são personagens que provocaram um sentimento contraditório em mim ao longo do texto.
Inicialmente, torci muito por Jacques e achava que Jean não passava de um invejoso, despeitado. Mas, com o correr do livro e com a suspeita do estupro, não deu pra passar pano e continuar a torcer por ele.
Marguerite, a esposa de Jean, é que mais sofre o livro todo e nunca vou deixar de torcer e sofrer junto com mulheres assim, principalmente por ela ter vivido em uma época em que as mulheres não tinham voz, nem espaço na sociedade.
O livro só não levou cinco estrelinhas por algumas partes que achei bem repetitivas e um pouco cansativas, mas não são muitas e não atrapalham o andamento do livro. Só me cansaram um pouco.
Assim, se você é fã de história e gosta de um bom livro de não ficção, eu indico!
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Avaliação (1 a 5): 4.5
