Viagem Literária: A irmã do sol

RILEY, Lucinda. A irmã do sol. São Paulo: Editora Arqueiro, 2020. 688p. (As sete irmãs, v.6). Título original: The sun sister.

"-É preciso ser uma pessoa muito forte para admitir que tem um problema, Electra. Isso não é um sinal de fraqueza. Muito pelo contrário." p.241

A série As sete irmãs mescla romance contemporâneo e histórico ao ligar a vida das protagonistas com suas antepassadas. Confiram o que achei do sexto volume da série com A irmã do sol da Lucinda Riley.

Pa Salt é um homem riquíssimo e muito misterioso. Ele adotou seis bebês ao redor do mundo, e criou suas filhas na isolada ilha da família, na Suíça. Elas não sabem nada sobre suas origens, e quase nada sobre a vida ou os negócios de Pa Salt. Só sabem que ele foi sempre um ótimo pai, criou todas com muito amor e lhes deu tudo. Ele viajava muito a trabalho, sua vida e seu passado era um mistério. Depois que ele faleceu de repente, cada filha segue o seu caminho.

Esta resenha não contém spoilers sobre os livros anteriores!

Nova York, 2008

Electra D'Apliese, 26, é a irmã revoltada, que nunca se sentiu parte da família. A última a ser adotada, um bebê que gritava pela casa exigindo atenção. A única preta entre as irmãs e a única que atingiu riqueza e fama ainda muito nova. Ela foi descoberta por acaso em Paris, aos 16 anos, e hoje é uma modelo de sucesso internacional. Electra vive rodeada de roupas maravilhosas, belos homens e muito agito.

No entanto, quando está longe da imagem perfeita dos ensaios e das passarelas, sua vida é uma bagunça. O uso contínuo de vodka e cocaína está cobrando seu preço, e isso só piorou depois da morte de Pa Salt e do término do seu último relacionamento. De coração partido, afastada da família, sem amigos, ela chega ao fundo do poço.

E lá, prestes a ruir, sem saber como encarar o vício e pedir ajuda, ela recebe uma visita inesperada. Uma mulher chamada Stella Jackson afirma ser sua avó materna. E para explicar tudo, ela irá contar uma longa história.

Quênia, 1939

Cecily Hunter-Morgan deixou tudo o que conhecia para trás de forma abrupta, depois de seu noivo terminar tudo com ela e começar a namorar uma das beldades de Nova York. A família de Cecily faz parte da nata aristocrática da cidade, e ela odeia ter que encarar todos falando dela, de como ela foi largada pelo noivo. Quando sua madrinha, que ela não via há anos, Kiki Preston, lhe convida para visitar sua casa no Quênia ela reluta. Afinal a África é um local cheio de perigos desconhecidos, ainda mais para alguém como ela, que foi criada cercada por empregados.

Sem alternativa a não ser assistir ao casamento do ex-noivo com outra mulher, ela acaba aceitando o convite. Antes de seguir para seu destino final, ela passa algum tempo em Londres na casa de uma amiga da mãe, e lá, seu coração é partido mais uma vez.

Já no Quênia, deslumbrada com a beleza do país, enquanto tenta se adaptar aos costumes locais e ao calor insuportável, ela descobre algo que destruiria sua vida e a honra da família para sempre. Sem saber o que fazer, com uma guerra prestes a começar na Europa, ela não vê saída para seu futuro.

O sofrimento de seus antepassados para lutar por um mundo melhor para sua raça, proporcionou a Electra tudo o que ela é hoje. Ela precisa olhar para trás e seguir em frente, como já dizia seu pai.

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Eu tinha um certo receio com este livro, pela forma que Electra se comportava quando aparecia brevemente nos livros anteriores, já estava com um pouco de ranço da personagem e com um pé atrás com o livro dela. E embora tenha demorado para me pegar e eu realmente tenha me irritado muito com ela no início, a história me ganhou. No final adorei a leitura e acho este um dos melhores livros da série.

Electra é aquela "rebelde sem causa" ou a "pobre menina rica". Ela cresceu no meio de uma família grande e amorosa, com o pai adotivo que amava todas as filhas e deu tudo de melhor para elas. Em uma ilha na Suíça, riquíssimos, com todo o cuidado do mundo. Apesar disso ela não se encaixava, cresceu meio isolada das irmãs e tem seus traumas do passado. Já adulta ela não consegue lidar com a perda, com todas as emoções da dor da perda do pai, e desconta tudo em bebidas e drogas. Eu confesso ter muito pouca paciência com viciados, então o livro me irritou bastante até começar a história do passado.

Cecily é uma personagem incrível! Uma mulher que poderia ter se tornado mais uma riquinha mimada, pois foi criada assim, mas quebra estereótipos e enfrenta o que for preciso por aqueles que ama. Foi lindo e emocionante acompanhar o amadurecimento da personagem, tudo que ela lutou e tudo o que abriu mão por amor. Me emocionei em vários momentos da história dos antepassados de Electra.

Quando Electra começa a amadurecer e luta para ficar sóbria e superar seus vícios, o livro melhora muito. Ainda acho que tudo se resolveu muito rápido, pelo tanto que ela abusava de drogas e bebidas, achei que a forma que mostraram ela ótima depois de 1 mês de reabilitação foi bem inacreditável. Mas ok, pelo menos ela deixou de ser chata! A Electra depois desse período foi me conquistando aos poucos, no final já amava a protagonista e torcia muito por ela. Adorei o final e todos os desdobramentos.

Durante todo o livro a autora aborda sobre o preconceito racial e suas consequências para a raça negra. Tanto no passado, com a luta de Cecily por um mundo mais justo, quanto no presente. Stella, a avó de Electra, é uma famosa ativista e luta desde sempre pelos direitos dos negros. Gostei muito da abordagem, da forma como Electra enxergou que a luta do passado a favoreceu tanto no presente para ser o que é: uma modelo preta famosa internacionalmente. E em paralelo, como nos dias atuais, os pretos (pobres) ainda sofrem tantos preconceitos e têm tantas limitações.

Como sempre, tanto na narrativa, quanto no enredo, a história do passado dá um banho na história do presente! Como eu me envolvi com Cecily e todos os personagens, e como chorei por eles.

Acredito que o livro poderia ser mais enxuto, tem muita enrolação em quase 700 páginas... Foi uma ótima leitura, mas tem diálogos truncados e umas descrições exageradas sem necessidade.

Como eu já disse antes, não entra no rol das minhas séries favoritas, mas eu curto a história e quero muito chegar ao final. Estou super curiosa com o mistério todo em torno da sétima irmã, a desaparecida, que finalmente será abordado no próximo livro.

Quem leu não deixe de me contar o que achou, leiam!!

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Série As sete irmãs da Lucinda Riley: