Viagem Literária: Eleanor & Grey

CHERRY, Brittainy C. Eleanor & Grey. Rio de Janeiro: Editora Record, 2020. 406p. (Chances, v.1). Título original: Eleanor & Grey.

"As pessoas não precisavam falar sobre o amor para saber que ele existia. O amor não é real apenas porque alguém o verbaliza. Não, o amor só meio que ficava por ali, quietinho, nas sombras da noite, curando as rachaduras em nosso coração." p.123

Já li alguns outros livros da Brittainy C. Cherry e gostei da maioria. Eu comprei esse livro faz algum tempo, via sempre muita gente elogiando, mas acabou ficando parado na fila. Hoje finalmente conto para vocês o que achei de Eleanor & Grey.

Eleanor tinha apenas 16 anos quando conheceu Grey. Ela era uma menina tímida, odiava socializar e amava ler. Em uma festa em que seus pais praticamente a obrigam a ir com a sua prima, Shay, ela acaba conhecendo Grey. Ele, o garoto lindo e popular, jogador do time de basquete, rico... ela, uma solitária que sofria bullying, uma menina que estava na festa lendo o novo livro do Harry Potter e usando um dos suéteres feitos pela mãe.

Os dois não tinham nada em comum, e ela disse isso para ele. E logo depois, ele tinha lido todos os livros do Harry Potter já lançados, para ter algo em comum com ela. Ela era Lufa-Lufa, ele Corvinal. Eles se tornaram amigos e depois algo mais. Foi Grey quem a apoiou nos piores momentos de sua vida, quando a mãe dela contou que estava com câncer. Foi Eleanor que iluminou os dias solitários dele, que era filho único de pais ausentes e manipuladores. Mas o destino acabou por afastá-los cedo demais. Eles tentaram manter contato, mas com o tempo, acabaram deixando de se falar.

"Também prometi a mim mesma que, se a vida um dia nos reaproximasse, se as estrelas se alinhassem e, se de alguma forma, nossos caminhos se cruzassem novamente, assim como as ondas na praia, eu me derramaria sobre ele." p.135

Aos 33 anos, Eleanor, de certa forma, ainda é aquela menina solitária. Ela divide o apartamento com Shay, tem um emprego como babá e luta para pagar as contas. Quando é demitida, sem aviso prévio, fica desesperada para conseguir uma nova vaga. Ao comparecer a uma entrevista, qual não é sua surpresa, quando ela reencontra Grey. Tantos anos depois.

Mas ele está longe de ser o rapaz alegre e sorridente por quem ela se apaixonou. Grey carrega nos olhos uma dor enorme. Ele está destruído e desconta sua raiva no trabalho, e em quem estiver por perto. Ela agora só quer uma chance, de ajudar uma pessoa que a salvou há tantos anos.

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Esse livro foi uma caixinha de surpresas para mim. E como eu não leio sinopse, não sabia nada sobre ele. Começou como um YA fofo! Logo no início eu já me apaixonei pelos protagonistas, torci por ele, sofri com eles. A leitura me emocionou em vários momentos, tem trechos lindos. Logo depois temos um salto temporal de 16 anos e reencontramos os protagonistas já adultos. Eu não esperava por isso e nem pelos desdobramentos, um plot twist fenomenal para quem lê sem saber nada sobre o livro.

Eu tive meus altos e baixos com a autora, ela usa e abusa sem dó dos clichês rs, ama uma trama bem novelesca e adora uma narrativa melosa. Tem livros dela que nem indico para diabéticos rs. Então, alguns livros dela eu adorei, outros achei fracos, não teve meio termo. Esse vai para a lista dos favoritos dela! Apesar de todos os clichês e toda a melosidade, eu achei a história muito linda e emocionante.

Eleanor e Grey eram adoráveis! Como não se encantar por uma menina doce e inteligente, apaixonada por Harry Potter? Que tinha pais adoráveis e amava ficar com eles. Nada de adolescentes chatos e mimizentos por aqui. E Grey, o rapaz, lindo, rico, popular, que no fundo era só um rapaz fofo e solitário. Eu estava tão apaixonada e torcendo por eles, que quase gritei quando viro uma página e vejo que 16 anos se passaram!

E eles adultos são tão diferentes! A transformação de Grey é óbvia, todas as suas perdas fizeram com que ele se transformasse em um homem infeliz, obcecado pelo trabalho e solitário. Já Eleanor continuava a mesma de sempre. Uma alma boa, disposta a tudo para ajudar. Só que eu senti falta de algo nessa Eleanor adulta, eu esperava mais dela. Ela parecia não ter uma vida fora do mundinho do trabalho. Ela não tinha sonhos, ela não tinha amigos, nem planos... isso me incomodou bastante. Ela só estava ali para o que desse e viesse, 24 horas por dia, disposta a ajudar Grey.

Eu adorei os pequenos dramas, os desdobramentos e amei o final! A história emociona e encanta em vários momentos. [ALERTA DE SPOILER] No futuro, Grey perdeu a esposa, Nicole, em um acidente de carro e ficou viúvo e com duas filhas, uma de 5 e outra de 14 anos. Karla, a mais velha, ficou com um problema na perna que a faria mancar para sempre e o rosto bastante marcado pelos cortes que sofreu. Quando Eleanor começa a trabalhar na casa, ela nem reconhece Grey, que grita e é grosso o tempo todo e parece ignorar o passado deles. E Karla, a adolescente revoltada, que não quer papo com ninguém. É lindo ver como aos poucos ela consegue ir mudando tudo, fazendo com que ele enxergue uma luz no fim do túnel. Mas também achei ela capacho demais em algumas cenas em que ele é super grosso com ela. [FIM DO SPOILER]

É um lindo romance para quem curte esse estilo, tem cenas lindas, emocionantes, uma boa dose de drama e muitas cenas amorzinho. Terminei com um sorriso no rosto e querendo mais. Leiam!!

Coleção Chances: