Arsène Lupin: O ladrão de casaca - Maurice Leblanc
>> quarta-feira, 25 de agosto de 2021
LEBLANC, Maurice. Arsène Lupin: O ladrão de casaca. São Paulo: Editora Principis, 2021. 192 p. Título original: Arsène Lupin Gentleman Cambrioler.
Há alguns dias trouxe para vocês a resenha de um livro de Sherlock Holmes, um investigador com dom para dedução. Agora, trago para vocês a resenha de Arsène Lupin, considerado (embora eu não concorde) como o homólogo francês da criação de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes. O que eu achei da história? De quem será que eu gostei mais? Sherlock ou Arsène? Ambos? Nenhum deles? Vem que eu conto para vocês!
Arsène Lupin é considerado um Robin Hood da Bella Époque. Ele é ousado, atrevido, esperto. Não se leva muito a sério e sua arma mais poderosa é o gracejo.
Ele utiliza as formas mais mirabolantes para "surrupiar" bens valiosos dos ricos. A forma com que ele faz isso não é simplesmente para retirar esses bens dos ricos, mas é uma forma também de ridicularizá-los, literalmente rindo na cara da riqueza, chegando ao absurdo de avisar a vítima de que cometeria o roubo.
Além disso, Arsène arrasta corações atrás de si, com toda a sua beleza, galanteio e gentileza.
Como toda história de "polícia e ladrão", Arsène vive desafiando o inspetor Ganimard e se defronta diversas vezes com o seu rival "Herlock Sholmes", criando várias situações constrangedoras para o detetive.
Apesar de todos os esforços do detetive e do inspetor, Lupin sempre conseguia o que queria e, mais, não se deixava apanhar.
Lançado originalmente em 1907, Arsène Lupin é narrado tanto pelo próprio autor, que se coloca no lugar do personagem para acompanhar Lupin e suas aventuras, quanto pelo próprio Lupin. Não há muita lógica na alternância dessa narrativa, de modo que por vezes o leitor pode se confundir em relação a quem está contando a história. Queria dizer que isso melhora ao longo do livro, mas não acontece.
Isso porque o livro trás uma coletânea com as primeiras nove histórias de Arsène Lupin. Elas são interligadas de certa forma, mas podem ser lidas de forma independente.
As histórias são tão pequenas que são focadas em contar exclusivamente o que aconteceu e como Arsène fez para articular o roubo. Contudo, achei tão curtinhas que acabaram, por vezes, por serem superficiais, o que fez com que me sentisse um pouco frustrada. Queria mais da história!
Além disso, em determinado momento passei a esperar por uma história em que Lupin se desse mal, rs. Não era possível que ele se desse bem o tempo todo, saísse impune em todas as histórias. Se eu tive minha vontade satisfeita, vocês terão que ler para descobrir.
Uma curiosidade sobre a história é que, vocês devem ter reparado que na sinopse acima eu mencionei um detetive com nome de Herlock Sholmes, certo? Pois é. Inicialmente, as primeiras histórias de Arsène Lupin em que ele aparece, o nome que constava era o mesmo do personagem de Arthur Conan Doyle: Sherlock Holmes. Contudo, Doyle, ao ficar sabendo disso, processou Maurice Leblanc para que o nome fosse retirado dos livros, já que o autor estaria se apropriando de personagem que não criou. O resultado foi que, ao invés de retirar o nome do livro, Leblanc se comprometeu a alterar o nome, de modo que ficou como Herlock Sholmes. Na minha humilde opinião, é impossível ler esse nome sem corrigi-lo, e assim tenho certeza que muito leitor lê como se tivesse escrito o nome original, o que não ajuda muito para os fins que Conan Doyle queria.
De qualquer maneira, acredito que ainda que Maurice Leblanc tenha trazido Sherlock Holmes para suas histórias, jamais será semelhante ao original.
Eu acabei não curtindo o livro tanto assim. Não senti empatia por Arsène, apesar de todo o seu gracejo e charme e, como eu disse acima, achei as histórias um pouco vagas e rasas, o que me incomodou bastante.
O livro foi adaptado para a TV e a série vem fazendo sucesso na Netflix! Lupin já tem duas temporadas e um público fiel. O vencedor do Emmy Louis Leterrier dirige esta série estrelada por Omar Sy (Intocáveis). Na série Lupan quer vingar o pai de uma injustiça cometida por uma família muito rica e poderosa.
Assim, apesar dos pesares, Sherlock Holmes me conquistou mais (ou será que e incomodou um pouco menos?) e se tiver que defender um dos dois em uma briga, fico com o detetive!
Ainda assim, vale a leitura para conhecer o personagem e formar a própria opinião!
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Série Arsène Lupin:
- Arsène Lupin, o ladrão de casaca (1907) (Arsène Lupin Gentleman Cambrioler)
- Arsène Lupin vs. Herlock Sholmes (1908) (Arsène Lupin Versus Herlock Sholmes)
- A agulha Oca (The Hollow Needle) (1909)
- 813 (1910)
- A rolha de cristal (1912) ( The Crystal Stopper)
- As confidências de Arsène Lupin (1913) ( The Confessions of Arsène Lupin)
- Os dentes do tigre (1914) ( Arsène Lupin in the Teeth of the Tiger)
- A Mulher do Mistério (1916)
- O Triângulo Dourado: o retorno de Arsène Lupin (1918) ( The Golden Triangle)
- Arsène Lupin: A Ilha dos Trinta Caixões (1919) (L'île aux trente cercueils)
- As Oito Tacadas do Relógio (1922)
- A tumba secreta (1923)
- Arsène Lupin vs. Condessa Cagliostro (1924)
Avaliação (1 a 5):