Maria Altamira - Maria José Silveira
>> quarta-feira, 2 de junho de 2021
SILVEIRA, Maria José. Maria Altamira. São Paulo: Editora Instante, 2020. 280 p.
Você alguma vez já pensou que não conhece muito sobre seu próprio país? Que você não sabe muito sobre os recantos mais escondidos do Brasil, ou até já ouviu falar, mas tão pouco e, por vezes, tão mal, que não se deu ao trabalho de prestar atenção? Vocês já parou para pensar o que sabe sobre aqueles que primeiro habitaram esse Brasil antes de todo mundo achar que é dono destas terras e não eles, os índios? Você pode não ter pensado em nada disso, e ok. Mas eu me peguei pensando no assunto desde que comecei a ler livros sobre o sertão nordestino e, agora, lendo Maria Altamira, uma história sobre índios, não sobre cangaço, eu me peguei pensando: " o que eu sei sobre os índios?" Bom, se o livro me provocou reflexões desse tipo, imagina o que mais pode ter me causado? Descubra na resenha a seguir.
Alelí é uma peruana, que vivia na cidade de Yungay até que um dia, nos idos dos anos 1970, um terremoto provocou o soterramento de praticamente toda a cidade, restando apenas 300 sobreviventes. Dentre eles, Alelí.
Sem nenhum parente vivo e perturbada pela perda da filha pequena, Illa, Alelí sai sem rumo pela América do Sul, nos levando a países como Chile, Argentina, Paraguai, até chegar ao Brasil. Em cada país, Alelí ficava de favor aqui, ali. E assim foi seguindo a esmo.
No Brasil, ela conhece Manuel Juruna, índio do povo Yudjá que vivia na terra do Paquiçamba, às margens do rio Xingú, próximo à cidade de Altamira, no Pará.
Com Manuel, Alelí conheceu novamente o amor. Ela engravida novamente e pensa que com ele e o bebê que está vindo, finalmente será feliz. Com a morte trágica dele, morto por um pistoleiro, a mando dos madeireiros da região, ela tem a certeza de estar amaldiçoada e que todos que ela ama não podem ficar perto dela, ou morrerão.
Assim, após dar a luz à sua filha, Alelí volta a sair sem rumo pelo mundo, deixando para Chica, mulher que a ajudou a colocar a menina no mundo, a pequena criança e a benção de criá-la como sua filha.
Passamos, então, a conhecer Maria Altamira. Uma jovem que cresce em meio à discussão acerca da construção da usina de Belo Monte, que está prestes a ser construída e pronta para devastar o rio Xingu e tudo que há em volta. Ela luta, junto com o povo de Altamira, com os índios da região para que a construção não avance.
De repente, Maria acha que precisa ser alguém na vida, assim, quem sabe, conseguirá fazer mais pelas causas que acredita. Ela, então, se muda para São Paulo, e vai viver em um prédio ocupado no centro de São Paulo, onde passa a lutar por uma nova luta.
E assim, vamos acompanhando a luta dos índios para salvar suas terras, de Maria Altamira pelos sem-tetos e pela causa indígena, além de buscar incessantemente quem matou seu pai, homem que não conheceu, mas que admira e sofre por sua morte ter sido tão cruel. Além de seguirmos Alelí por onde ela vai passando aos longos dos anos. Quanto mais o tempo passa, mais Alelí pensa na filha que deixou para trás, de quem não sabe sequer o nome.
Será que um dia mãe e filha se reencontrariam?
Primeiro, gostaria de elogiar a edição lançada pela Editora Instante. A capa com abas viradas para fora trazem a sinopse, depoimentos sobre o livro e, ainda, quando aberto, um mapa do rio Xingu. Por dentro, as folhas são alternadas entre preto e papel em cor normal, completando a obra de arte que é o livro já desde a capa e diagramação.
Passando à história em si, a forma de escrita de Maria José Silveira é fácil, clara, hipnotizante. Começava a ler e, de repente, já havia avançado na leitura e nem percebi!
Apesar disso, é bom lembrar que não é uma leitura exatamente leve, afinal de contas, traz assuntos importantes, incômodos e necessários que precisam ser discutidos, tratados, como a questão indígena no Brasil, a forma como são tratados, retirados das terras em que vivem como se qualquer lugar lhes servisse. Trazendo um progresso prejudicial à terra, à cultura, às pessoas. Além disso, traz outros temas como a quantidade de pessoas que vão para São Paulo para "fazer a vida" e acabam em situação de rua, ou mortos; o estupro, homofobia.
Eu fiquei com muita pena da Alelí o livro todo e senti muita empatia pela Chica, que cria Maria Altamira como filha. Maria Altamira é forte, batalhadora, um pouquinho cabeça dura, rs, mas nada que atrapalhe a empatia por ela.
Ao longo de toda a história eu fiquei muito reflexiva em relação a tudo que o livro aborda, principalmente em relação à situação dos índios. Como pode um povo que já estava nesta terra quando ela foi "descoberta", ser tratado como o verdadeiro invasor? Como desmerecer uma cultura tão rica, importante para nosso país? Eu sei que há muitos projetos de proteção, há leis que os amparam, mas o que vejo também é que cada dia mais eles são retirados de suas terras para que o "progresso" possa avançar cada vez mais, em um total desrespeito a esse povo e à sua cultura.
Você alguma vez já pensou que não conhece muito sobre seu próprio país? Que você não sabe muito sobre os recantos mais escondidos do Brasil, ou até já ouviu falar, mas tão pouco e, por vezes, tão mal, que não se deu ao trabalho de prestar atenção? Vocês já parou para pensar o que sabe sobre aqueles que primeiro habitaram esse Brasil antes de todo mundo achar que é dono destas terras e não eles, os índios? Você pode não ter pensado em nada disso, e ok. Mas eu me peguei pensando no assunto desde que comecei a ler livros sobre o sertão nordestino e, agora, lendo Maria Altamira, uma história sobre índios, não sobre cangaço, eu me peguei pensando: " o que eu sei sobre os índios?" Bom, se o livro me provocou reflexões desse tipo, imagina o que mais pode ter me causado? Descubra na resenha a seguir.
Alelí é uma peruana, que vivia na cidade de Yungay até que um dia, nos idos dos anos 1970, um terremoto provocou o soterramento de praticamente toda a cidade, restando apenas 300 sobreviventes. Dentre eles, Alelí.
Sem nenhum parente vivo e perturbada pela perda da filha pequena, Illa, Alelí sai sem rumo pela América do Sul, nos levando a países como Chile, Argentina, Paraguai, até chegar ao Brasil. Em cada país, Alelí ficava de favor aqui, ali. E assim foi seguindo a esmo.
No Brasil, ela conhece Manuel Juruna, índio do povo Yudjá que vivia na terra do Paquiçamba, às margens do rio Xingú, próximo à cidade de Altamira, no Pará.
Com Manuel, Alelí conheceu novamente o amor. Ela engravida novamente e pensa que com ele e o bebê que está vindo, finalmente será feliz. Com a morte trágica dele, morto por um pistoleiro, a mando dos madeireiros da região, ela tem a certeza de estar amaldiçoada e que todos que ela ama não podem ficar perto dela, ou morrerão.
Assim, após dar a luz à sua filha, Alelí volta a sair sem rumo pelo mundo, deixando para Chica, mulher que a ajudou a colocar a menina no mundo, a pequena criança e a benção de criá-la como sua filha.
Passamos, então, a conhecer Maria Altamira. Uma jovem que cresce em meio à discussão acerca da construção da usina de Belo Monte, que está prestes a ser construída e pronta para devastar o rio Xingu e tudo que há em volta. Ela luta, junto com o povo de Altamira, com os índios da região para que a construção não avance.
De repente, Maria acha que precisa ser alguém na vida, assim, quem sabe, conseguirá fazer mais pelas causas que acredita. Ela, então, se muda para São Paulo, e vai viver em um prédio ocupado no centro de São Paulo, onde passa a lutar por uma nova luta.
E assim, vamos acompanhando a luta dos índios para salvar suas terras, de Maria Altamira pelos sem-tetos e pela causa indígena, além de buscar incessantemente quem matou seu pai, homem que não conheceu, mas que admira e sofre por sua morte ter sido tão cruel. Além de seguirmos Alelí por onde ela vai passando aos longos dos anos. Quanto mais o tempo passa, mais Alelí pensa na filha que deixou para trás, de quem não sabe sequer o nome.
Será que um dia mãe e filha se reencontrariam?
Primeiro, gostaria de elogiar a edição lançada pela Editora Instante. A capa com abas viradas para fora trazem a sinopse, depoimentos sobre o livro e, ainda, quando aberto, um mapa do rio Xingu. Por dentro, as folhas são alternadas entre preto e papel em cor normal, completando a obra de arte que é o livro já desde a capa e diagramação.
Passando à história em si, a forma de escrita de Maria José Silveira é fácil, clara, hipnotizante. Começava a ler e, de repente, já havia avançado na leitura e nem percebi!
Apesar disso, é bom lembrar que não é uma leitura exatamente leve, afinal de contas, traz assuntos importantes, incômodos e necessários que precisam ser discutidos, tratados, como a questão indígena no Brasil, a forma como são tratados, retirados das terras em que vivem como se qualquer lugar lhes servisse. Trazendo um progresso prejudicial à terra, à cultura, às pessoas. Além disso, traz outros temas como a quantidade de pessoas que vão para São Paulo para "fazer a vida" e acabam em situação de rua, ou mortos; o estupro, homofobia.
Eu fiquei com muita pena da Alelí o livro todo e senti muita empatia pela Chica, que cria Maria Altamira como filha. Maria Altamira é forte, batalhadora, um pouquinho cabeça dura, rs, mas nada que atrapalhe a empatia por ela.
Ao longo de toda a história eu fiquei muito reflexiva em relação a tudo que o livro aborda, principalmente em relação à situação dos índios. Como pode um povo que já estava nesta terra quando ela foi "descoberta", ser tratado como o verdadeiro invasor? Como desmerecer uma cultura tão rica, importante para nosso país? Eu sei que há muitos projetos de proteção, há leis que os amparam, mas o que vejo também é que cada dia mais eles são retirados de suas terras para que o "progresso" possa avançar cada vez mais, em um total desrespeito a esse povo e à sua cultura.
A Maria José Silveira, meu agradecimento por trazer esse tema.
O final do livro é arrebatador e ao mesmo tempo devastador e ao mesmo tempo tão coerente que penso que não poderia terminar de outra forma.
Convido você que gosta de literatura brasileira ou que quer conhecer mais e principalmente conhecer mais sobre nosso próprio país, a dar uma chance para Maria Altamira. Vai ser uma viagem incrível.
O final do livro é arrebatador e ao mesmo tempo devastador e ao mesmo tempo tão coerente que penso que não poderia terminar de outra forma.
Convido você que gosta de literatura brasileira ou que quer conhecer mais e principalmente conhecer mais sobre nosso próprio país, a dar uma chance para Maria Altamira. Vai ser uma viagem incrível.
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