Viagem Literária: A filha do conde

HEATH, Lorraine. A filha do conde. Rio de Janeiro: Editora Harlequin, 2020. 304p. (Sins of all seasons, v.3). Título original: The scoundrel in her bed.

"Sem experimentar a dor, Vivi, como é possível apreciar a alegria quando não se está sofrendo." p.175

Estou adorando a série Sins of all seasons da Lorraine Heath! Hoje conto para vocês o que achei do terceiro livro com A filha do conde.

Lady Lavínia Kent foi criada para se casar com um duque, um acordo que os pais de ambas as famílias fizeram quando ela era ainda criança. Ela é a única filha mulher do Conde de Collinsworth e tem um dever a cumprir. Mas na adolescência ela conheceu um rapaz e se apaixonou perdidamente. Eles viveram uma linda história de amor, mas acabaram se separando.

Oito anos se passaram. Isso e tudo o que aconteceu em sua vida depois, fez com que Lavínia abandonasse o Duque de Thornley no altar (Amor de um Duque). Agora aos 25 anos, ela vive escondida da família na parte pobre de Londres, mora em um convento, e faz o possível para resgatar crianças bastardas das mulheres que não irão cuidar delas, e levá-las para um orfanato.

Finn Trewlove sempre soube que é filho bastardo de um conde indigno. Assim como seu irmão, Aiden, ele foi deixado na porta de Etti Trewlove pelo pai, junto com algumas poucas moedas. A maioria dos aristocratas, pouco se importava se seus bastardos sobreviviam ou não. Mas ele deu sorte, foi criado por uma mãe amorosa e tem Aiden e vários irmãos adotivos que ama. Ele sempre odiou a aristocracia e tudo que a envolve. Mas aos 21 anos, ele foi se apaixonar logo por uma Lady. E tudo deu errado.

Ele reencontra Lavínia por acaso, em uma rua pobre de Londres, e começa a segui-la. E enfim, tanto tempo depois, eles descobrem a verdade sobre o que os separou. Finn quer reconquistar seu primeiro e único amor, Lavínia acredita que a menina que ele amou não existe mais, ela só quer esquecer e seguir em frente.

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Engraçado que este parece ser o livro favorito da série para muita gente, mas foi o que menos gostei até agora. Não estou dizendo que não gostei, apenas que meu favorito ainda é o primeiro, Desejo e escândalo, e em seguida o segundo, Amor de um duque, eu amo a Gillie! Já A filha do conde tem um enredo mais pesado, mais dramático e bem triste em alguns momentos. Gostei muito da leitura, mas faltou algo para eu amar.

Eu adorei os protagonistas! Finn é um homem incrível, de uma sensibilidade ímpar e uma abnegação sem tamanho. Fiquei impressionada com a forma que ele lidou com tudo que lhe aconteceu, sem guardar tantos rancores, seguindo em frente abrindo novamente seu coração para Lavínia de forma tão sincera e completa. Lavínia perdeu tudo o que amava apenas por ser uma aristocrata, uma lady que precisava fazer o que se esperava dela. No início ela é bem jovem e imatura, mas ela cresce da pior maneira possível. A Lavínia adulta tem o coração machucado e muitos arrependimentos do passado. Mas ela deixa tudo para trás, abre a mão de toda sua vida de luxos, para lutar pelo que acredita ser certo.

O enredo é forte e bem dramático. No início tem um prólogo que deixa explícito o grande drama do livro, e mesmo já sabendo morri de pena de Lavínia e Finn. Desde o começo da série a autora aborda muito o tema dos bebês abandonados no século XIX, e destaca as grandes diferenças entre a vida luxuosa da aristocracia (que em sua maioria pouco fazia para merecê-la) e a vida na parte pobre do país. O número de bebês bastardos que foram abandonados e até assassinados naquela época é de partir o coração. O livro trabalha diretamente com tudo isso, já que o grande sonho de Lavínia é salvar o máximo de bebês abandonados que conseguir e garantir uma criação segura e amorosa para eles. Além disso eu amei a participação maior de Robin, uma criança que Gillie cuidava e que morava em sua taberna.

O único problema do livro para mim, foi que temas importantes foram abordadas de forma muito rasa e resolvidos quase que instantaneamente. O reencontro dos dois e a forma como eles fizeram as pazes, eu esperava muito mais dessa parte. O reencontro de Lavínia com a família, tudo se resolve em um capítulo. Esperava também uma participação maior dos irmãos Trewlove, devido a importância do que aconteceu.

E não tem como eu comentar sobre, sem contar o grande drama do livro, então quem for ler, não leia o resto do parágrafo! (rs) [ALERTA DE SPOILER] Lavínia teve um bebê logo depois que eles são forçados a se separar, com 17 anos. A mãe tira o bebê dela e ela nunca ficou sabendo nem o sexo do bebê e nem se ele sobreviveu. Além de tudo isso, no livro eles descobrem que a criança está viva e têm a chance de buscá-la. Finn, que foi criado por uma mãe adotiva e entende o que isso representa, acredita que a criança deverá continuar onde está, com os únicos pais que conhece e ama. Já Lavínia quer buscar a filha de qualquer forma e criá-la. Em um capítulo apenas, eles vão até a casa, conhecem a família, ela desiste de tudo e vai embora. Não acho que ela fez errado, só acho que ficou tudo muito raso. Ela não tentou conhecer a filha nem a mãe adotiva melhor naquele momento, só vai embora. Eu esperava muito mais desta parte.[ FIM DO SPOILER]

Talvez o fato de eu não ter filhos e nem querer ser mãe, me deixou muito fora de sintonia com a trama. Mas não sei se é só isso, já li vários livros com a mesma temática que eu amei e chorei horrores! Ah mas o livro também tem suas partes emocionantes, impossível não chorar em determinado momento.

Eu estou amando a série como um todo e já estou curiosa para ler o próximo da série, o livro do Aiden. Lorraine Heath foge do comum quando se fala em romance de época, é uma autora que indico para todo mundo, principalmente quem já tentou ler o gênero e não curtiu! Leiam!

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