O impulso - Ashley Audrain

>>  quarta-feira, 13 de janeiro de 2021


AUDRAIN, Ashley. O impulso. São Paulo: Editora Paralela, 2021. 326 p. Título original: The push.


Primeira leitura realizada em 2021, e confesso que estava muito ansiosa para ler O impulso. O livro é uma grande aposta da Editora Paralela para 2021, e depois de um encontro virtual com a editora para sabermos mais sobre a obra, a prova foi encaminhada para cada um de nós, meros mortais mortos de ansiedade para ler e descobrir qual o mistério por trás da história. Bom, qual é o mistério exatamente eu não posso dizer, mas posso contar o que achei da história, certo? Então bora ler a resenha e descobrir.


Blythe Connor é casada com Fox e quer mudar o histórico péssimo que as mulheres de sua família (mãe e avó) tiveram como mães. Ela então engravida de Violet, uma linda menininha. Mas, apesar de todos os planos para tentar ser uma mãe melhor, a realidade se mostra muito mais cruel e dura do que ela esperava. Quando engravida pela segunda vez, de Sam, um lindo garotinho, ela passa a sentir tudo aquilo que não sentiu quando engravidou de Violet. Foi como se finalmente se sentisse mãe.

Até que um dia um desastre terrível acontece, e tudo desmorona não só na vida de Blythe, mas de sua família no geral. Seu casamento, sua maternidade, tudo vira de pernas pro ar. Blythe pensa que está fadada a ser infeliz, a ser uma mãe tão terrível quanto sua mãe e sua avó foram.

Mas será que as coisas são tão terríveis quanto ela pinta? Será que esse é o verdadeiro conceito de ser mãe? E seu casamento? Será que estaria perdido?


Esta história se mostrou um misto de emoções para mim. Como mulher que quer ser mãe um dia (espero que não daqui a muito tempo, rs), a forma como Blythe descreve a maternidade, o parto, as dores, os sentimentos, as angústias é bem desanimadora, confesso. Me senti angustiada junto com ela, com medo, com náusea, tudo! Só não concordei com algumas atitudes dela após o nascimento de Violet, mas me pegava às vezes pensando: "Quem sou eu para julgá-la?". Isso já mostra um pouco do que achei da personagem.

Fox, o esposo, não me agradou. Acredito que é normal acontecerem discordâncias em relação à criação dos filhos, contudo, as atitudes dele na história vão muito além de simplesmente discordar de Blythe. O achei um tanto egoísta e abusador.

Não sei o que dizer em relação a Violet, e já vou explicar por quê.

É importante destacar que a história é narrada do ponto de vista de Blythe. Temos uma mãe contando uma história para seu esposo (o leitor aqui não é o foco), tentando se explicar sobre algo que aconteceu. Neste sentido, temos aquele velho conhecido narrador não confiável que tenta convencer o leitor (neste caso, ao mesmo tempo que tenta convencer o marido) de sua versão para fatos que culminaram na derrocada de seu casamento.

Mas até que ponto a versão contada pela personagem é verdade? Se ela mesma, do seu ponto de vista, narra os diálogos, os acontecimentos, como saberemos se é real ou imaginação dela? É impossível dizer, e essa é a graça da coisa. Por  outro lado, como não ficar com a pulga atrás da orelha em relação ao marido dela? Não estaria ela sendo vítima de gaslighting pelo próprio marido? (Gaslighting é um tipo de abuso psicológico em que o abusador distorce ou omite informações para se favorecer, ou para que a vítima duvide de sua memória, percepção e sanidade).

Por isso, fica impossível dizer o que achei de Violet sem entregar pontos importantes ou dar spoiler. Todas essas dúvidas plantadas na história terão que ser desvendadas por você, caro leitor.

O desfecho me deixou boquiaberta – e, sinceramente, talvez até este momento eu ainda esteja sem palavras (se é que isso é possível após escrever tanto nesta resenha, mas é isso mesmo!).

O que posso dizer é que devorei o livro. A escrita da autora nos prende de uma forma que você vai passando as páginas, e passando, e passando, e quando se dá conta, puft! Fim! É como a própria sinopse define: viciante! O livro ainda intercala flashbacks da história da mãe e da avó de Blythe, o que pode ou não sugerir explicações para o comportamento de Blythe como mãe. Deve ser terrível ter histórico de mulheres assim na família, e que sorte que só tive e tenho mulheres maravilhosas na minha!

O mais interessante de tudo é a desconstrução da maternidade: a crueza, a reflexão que fui levada a fazer acerca do que é ser mãe e de outros temas como a depressão pós-parto, a expectativa que criamos e a realidade com que a maternidade se mostra em nossa vida depois do nascimento do bebê. Será que queremos ser mães? Atendemos ao chamado da natureza ou da sociedade? Do matrimônio?

Acredito que a experiência de ler este livro será vivenciada de formas distintas por quem é e por quem não é mãe. E acho que será enriquecedora e conflitante para ambas (se alguma mulher que é mãe leu este livro e esta resenha, vamos conversar a respeito? rs).

O livro será lançado agora, no dia 22.01.2021, e já está em pré-venda! Além disso, já teve os direitos adquiridos para a TV e para o cinema!

Portanto, se você é aquele tipo de leitor(a) que curte histórias como Precisamos falar sobre Kevin, Garota exemplar, A garota no Trem e Canção de ninar, com certeza este livro é para você! Agora, se você não tem muita experiência com o estilo e não leu nenhum dos que citei, pode começar por O impulso!

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Avaliação ( 1 a 5):




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