Viagem Literária: Esplendor

GODBERSEN, Anna. Esplendor. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2015. 384p. (The Luxe, v.4). Título original: Splendor.

"- Nova York, Manhattan, salas e salões, corridas de cavalo, casas de campo em Long Island... - disse Diana, suspirando, dando de ombros alegremente e vendo o povo que passava, contente. - Ela diz que aqui nós nunca vamos conseguir ficar juntos.

Embora houvesse tentar imprimir leveza à explicação, ela ouviu sua voz se tornando grave e pesada contra sua vontade, e acrescentou:

- Diz que, se quisermos ser felizes, temos de ir embora." p. 181

The luxe chega ao final com Esplendor da Anna Godbersen! Uma série jovem adulto muito bem escrita e que inova com uma abordagem madura, intrigante e polêmica. Confiram o que achei!!

Ambientada em Nova York no século XIX, a série fala sobre a aristocracia local, sobre a vida dos jovens ricos no melhor estilo Gossip Girl! Tudo pode estar desabando, mas o público em geral só vê os lindos vestidos, os cabelos e maquiagens impecáveis e as novidades que saem nas colunas de fofoca.

Essa resenha contém muitos spoilers sobre os livros anteriores!

Elizabeth Holland está grávida do falecido marido, Will. Sem escolha, já que ninguém sabe do seu casamento secreto, ela é obrigada a se casar com Snowden Cairns, antigo sócio de seu falecido pai, um casamento de aparências. Apesar de tudo ela está feliz com a chegada do filho e sua nova casa, até que descobre um segredo terrível sobre o novo marido.

Diana Holland ficou desolada quando soube que seu grande amor, Henry Schoonmaker se alistou como soldado e partiu para a guerra. Desesperada ela foge em seu encalço e acaba indo parar sozinha em Cuba, onde começa a viver e trabalhar enquanto procura por ele.

Penelope Schoonmaker está abandonada e frustrada após a partida do marido. Ela conseguiu tudo o que sempre sonhou, mas o preço pode ter sido muito alto. Henry só quer ficar longe dela, sua vida como soldado é uma farsa. Com a influência do pai, ele não chegou nem perto de uma batalha.

Carolina Broad está cada vez mais apaixonada por Leland, mas será que ela conseguirá deixar seu passado escondido para sempre? Apesar de agora realmente ser uma herdeira com muito dinheiro, ela nunca será um deles.

Todos perseguem sonhos, agarram-se a promessas e torcem pelo melhor.

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Faz muito tempo desde que um final de série, ainda mais sendo jovem adulto, me surpreende tanto!! Esqueçam os clichês e os finais românticos de praxe, a autora inova em todos os seus desdobramentos e o final foi polêmico! Esse vai ser daqueles "amei" ou "odiei" o final, não tem meio termo. Eu amei as escolhas e entendi o que a autora quis fazer, e achei muito bom!!

Vi muitas reclamações sobre esse final no Goodreads e estava com receio de não gostar. Quem curte romance água com açúcar, finais cheios de corações, essa série não é para vocês. A autora preferiu abordar o feminismo, o preconceito social, a personalidade de cada protagonista. O final foi incrivelmente realista!

A autora escreve muito bem, a trama prende do início ao fim em todos os livros. E os personagens são muito bem construídos, aos poucos vamos conhecendo bem todos eles. Elizabeth que no início era uma cabeça de vento, vivia para agradar e ser a boa moça que todos esperavam e que muda tanto ao longo dos livros. Diana que sempre foi impetuosa, que nunca se conformou com seu papel na sociedade e sempre odiou toda a falsidade envolvida nas relações aristocráticas e que se torna uma mulher de fibra e determinação. Penélope a vilã, com seu poder, sua astúcia e sua vaidade. Sua determinação sem limites vai fazer com que ela "colha tudo aquilo o que plantou". Lina, a empregada, que vende os segredos da família onde trabalhava e com o dinheiro, finge ser uma rica herdeira. Uma moça esperta, determinada, disposta a tudo para conseguir o que deseja. Mas ela irá perceber que tem seus limites. Henry, um produto do meio, um herdeiro inconsequente e de caráter fraco, manipulado primeiro pelo pai, depois pela esposa.

No início já achei que o livro se encaminhava para um final trágico, todos os objetivos deles eram difíceis de ser alcançados. Diana e Henry se amavam e sonhavam em ficar juntos, mas ele era casado com Penélope. Carolina sonhava em se casar com Leland, herdeiro de uma das famílias mais tradicionais. Elizabeth tentava seguir em frente, mas não existia amor em seu casamento. Desde o início a autora faz uma crítica aberta a aristocracia, sobre a vida de aparências, as mentiras, as fofocas, o preço a ser pago para ter uma vida aparentemente perfeita. E isso ficou claro no final.

Agora vou contar o que mais gostei do polêmico final! [ALERTA DE SPOILER] Elizabeth continua sendo o que era, um produto do meio. Uma moça que sofreu para amadurecer, mas que no final, se casa novamente com alguém de quem gostava e tem uma vida boa, naquele ambiente que sempre foi o dela. Diana e Henry é onde reside a revolta do leitor, todos esperavam um final feliz para os pombinhos. Ela quer fugir para Paris com o seu grande amor, ele quer ficar em NY, se casar com ela e enfrentar a sociedade. Ela tem horror daquela sociedade, ela nunca quis isso. Quando ele se recusa a partir, o que ela faz?! Vai sozinha para Paris viver sua vida! Vira escritora! E fala que ele sempre será seu primeiro grande amor. Se isso não é uma mulher feminista para se orgulhar, não sei o que é. Henry fica para trás e continua casado com Penélope, os dois em um casamento infeliz, repleto de adultérios ao longo dos ano e fingindo pelas aparências. Outra polêmica, o final de Carolina. Quando Leland descobre a verdade, todos esperam um perdão e um final feliz para eles. Mas isso acontece na vida real? Um herdeiro aristocrático se casando com a empregada? Não. Ele não a perdoa, ele não volta. Ela dá a volta por cima, e se torna uma das primeiras "novas ricas" aceitas na sociedade. [FIM DO SPOILER].

Eu amei a série e indico para todos que curtem esse estilo! Leiam e depois venham me contar se curtiram!!

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Série Luxo da Anna Godbersen