Enfim, capivaras - Luisa Geisler
>> quarta-feira, 28 de outubro de 2020
GEISLER, Luisa. Enfim, capivaras. São Paulo: Editora Seguinte, 2019. 173p.
Já andei comentando por aqui sobre algumas leituras coletivas de que venho participando. Não importa onde – canais de booktubers, páginas no Instagram ou mesmo por meio deste amado blog –, fato é que desde o início da pandemia não perco a oportunidade de participar de leituras coletivas. Embora já existissem bem antes disso, elas se tornaram uma febre ainda maior entre leitores durante a quarentena. E uma febre contagiosa e bem benéfica, diga-se de passagem! Participei de tantas que perdi a conta, rs. Dentre essas várias, algumas promovidas pela Editora Seguinte, a última delas concluída no dia 25.10.2020, sobre o livro Enfim, capivaras, experiência de leitura que eu divido também com vocês.
Nicole, Leopoldo, Zé Luis e Vanessa são amigos e moram na pequena cidade de Chapada do Pytuna, em Minas Gerais, e a maioria deles se conhece desde criança. Exceto Vanessa, que está há três meses na cidade e, antes disso, vivia no Rio Grande do Sul.
Na escola há um colega, Dênis, carinhosamente e inexplicavelmente chamado pelos colegas de Binho, e que tem fama de ser mentiroso. A última de suas mentiras foi a gota-d'água e fez com que os quatro amigos se deslocassem até a casa dele para tirar a prova e confirmar a mentira: se Binho tinha mesmo uma capivara de estimação.
Foi então que eles foram surpreendidos pela notícia de que a capivara tinha sumido. Dênis, sem querer dar o braço a torcer e admitir a mentira, e os colegas, sem querer deixar passar mais essa mentira, decidem que vão desbravar a cidade e a mata das redondezas até encontrar a capivara.
Eles então saem no meio da tarde, num calor terrível, atrás do animal. O que acontece ao longo do dia de busca pela capivara supostamente desaparecida vai acabar por se tornar algo muito além do que se poderia imaginar.
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Narrado sob diversos pontos de vista, Enfim, capivaras me fez me sentir muito nostálgica com lembranças da minha adolescência. Embora eu tenha nascido e crescido na cidade grande, durante a adolescência passei um bom período, entre idas e vindas, na cidade natal da minha mãe, no interior de Minas Gerais, de modo que de cara me identifiquei com o grupinho de amigos que ficam pra cima e pra baixo numa cidade pequena em que todos se conhecem.
E por ter tido a minha fase rebelde e "rockeira um tanto gótica" – se é que foi uma fase, já que sou fã do bom e velho rock and roll até hoje, rs –, acabei me identificando mais com a Nick do que com qualquer outro personagem. Talvez um pouco também com a Vanessa, mas bem pouco, rs.
Me irritei bastante com o Dênis e todas as suas historinhas: o cara que conhece todo mundo, que sabe de tudo, que tudo acontece e aconteceu na vida dele e blá, blá, blá.
No início fiquei empolgadíssima com a história e, em determinados momentos, fiquei bastante aflita imaginando o que iria acontecer.
A verdade é que simplesmente nada acontece. Não vou entrar no mérito da capivara ter sido encontrada ou não, se ela existe mesmo ou não; vocês vão precisar ler para saber, rs. Mas, em relação aos acontecimentos, confesso que me senti enganada. Não sei se minha imaginação é que é muito fértil de tanto ler, ou se fui realmente ludibriada pela premissa da história, rs. Cheguei a pensar que estava faltando um pedaço do texto, o que não poderia ser o caso, já que a última frase vem acompanhada dos agradecimentos, e isso claramente é um fim.
Esperei que a situação vivida pelo grupo serviria para a evolução dos personagens, já que ao longo do livro nos é revelada a complexidade de cada um deles, que estão vivenciando a adolescência de formas distintas, cada um com seu medo, suas esperanças de futuro, suas paixões secretas.
Mas acho que a ideia da autora não era essa, pois, apesar de toda a complexidade e todo o drama apresentados, não há, efetivamente, um desfecho: a história só termina e pronto. Possivelmente há uma mensagem subliminar nessa história que a autora pretendeu passar, mas, se existe, ela foi tão sutil que eu não consegui captar.
Deixo aqui minha nota 10 para a capa, que achei uma graça. Tem também uma ilustração superfofa de capivara em meio ao texto, e a diagramação favorece muito a leitura, o que é sempre um ponto positivo.
Apesar do que eu disse sobre o desfecho e afins, rs, o livro é leve, de rápida leitura e é engraçado em determinados pontos, de modo que indico para quem está procurando algo desse tipo para ler e se distrair.
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Enfim, capivaras
Avaliação (1 a 5):