A casa holandesa - Ann Patchett
>> sexta-feira, 17 de julho de 2020
PATCHETT, Ann. A casa holandesa. Rio de Janeiro:
Editora Intrínseca, 2020. 345 p. Título original: The dutch house.
Se tem uma coisa que me deixa
muito feliz é receber caixinha do Clube Intrínsecos da Editora Intrínseca. Caso
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mais lindos ainda e uma revistinha informativa superbacana. Para que não sabe,
ainda, os livros que vêm nas caixinhas são aqueles que serão lançados mais pra
frente pela editora, o que dá ao assinante, portanto, o prazer de conhecer o
livro antes de todo mundo! (E, em alguns casos, antes do lançamento mundial!). A
caixinha do mês de maio (março), de número 020, foi A casa holandesa, que me
deixou muito curiosa quando tive conhecimento de seu conteúdo e, sobretudo,
quando vi a capa da revistinha com uma mão supermaquiavélica, do tipo bruxa má,
segurando uma maçã. Agora que já matei minha curiosidade, conto para vocês o
que achei!
Danny é um garoto que vive com
a irmã Maeve, sete anos mais velha que ele, e com o pai, Cyril. A mãe os deixou
quando Danny era novinho, de modo que ele sente falta da figura materna, mas
Maeve foi muito mais afetada pela perda.
Eles vivem em uma casa
conhecida por todos como A casa holandesa. Ela recebeu esse nome por causa do casal
holandês, os Van Hoebeeks, que ficaram ricos comercializando tabaco e que viveram
na casa antes de não ter mais dinheiro para pagá-la e ela ser vendida com tudo
que tinha dentro, inclusive os retratos do casal espalhados pela casa. Foi o
primeiro imóvel adquirido por Cyril.
O pai de Danny tem diversos
imóveis espalhados pela cidade e por outras cidades vizinhas, e Danny o ajuda
com os serviços em geral, já que o pai acredita que, futuramente, Danny
assumirá sua tarefa de administrar os imóveis. Foi por meio de sua entrada no
ramo imobiliário, após a Segunda Guerra Mundial, que a família saiu da pobreza
e se tornou uma família abastada. Contudo, ainda que a família tenha
se enriquecido, algo acontece e a desmantela de uma forma dolorosa e
irreversível.
Tempos depois, o pai de Danny
está prestes a se casar de novo, e é narrando a chegada da futura madrasta,
Andrea, em sua casa e sua vida que Danny inicia a narrativa sobre sua história e
a de sua família.
~~~~~~
O livro é narrado em primeira
pessoa por Danny. Acredito que não poderia ser de outra forma, já que traz
memórias desde a mais tenra idade do personagem.
A narrativa não é exatamente
linear, e pode ser que o leitor se perca um pouco até começar a entender em que
tempo Danny está e sobre qual momento específico ele está contando. Em alguns
momentos, precisei voltar umas páginas para lembrar em que momento estava, para
pegar o fio da meada e prosseguir com a leitura. Mas, depois que se acostuma, a
leitura flui facilmente.
Senti empatia, de cara, tanto
por Danny, que se tornou meu personagem favorito, quanto por Maeve. A relação
deles é muito bacana.
O mesmo não aconteceu em relação
à madrasta, Andrea, e ao pai, embora ele tenha se mostrado um bom pai na medida
do possível. Já Andrea é o tipo de madrasta que, no sentido pejorativo da
palavra, faz jus a essa denominação. Ela não faz a menor questão de esconder
que seu interesse está, sobretudo, na icônica casa holandesa, e a relação dela
com Danny e Maeve, principalmente, é péssima.
As empregadas da casa, Sandy e
Jocelyn, também são ótimas pessoas e essenciais para a história. Elna, a mãe de Maeve e Danny, é
uma personagem que de início causa muita raiva, mas com o tempo comecei a
compreender pelo menos um pouco os motivos para ela fazer o que fez.
Mas, sem dúvida, o personagem
mais complexo deste livro é, de certa forma, a casa holandesa. Ela é muito mais
do que um ambiente onde os personagens vivem, exerce grande influência sobre
eles. Traz dor, reflexões, amargura, tristeza.
O mais interessante da história
foi acompanhar o crescimento, amadurecimento e envelhecimento dos personagens,
mais especificamente a relação entre mãe/madrasta e filhos, entre pai e filhos,
entre irmão e irmã. O livro traz um drama familiar profundo que afeta a relação
da família e quem Maeve e Danny se tornam. É uma realidade familiar que poderia
muito bem ser a de qualquer um de nós.
A mensagem do livro é muito
bacana: sobre perdoar a si mesmo e ao outro. É, também, sobre o que move uma
pessoa em sua vida, como os acontecimentos pesam sobre o que a pessoa se torna,
o que ela busca. Há uma nostalgia permeando tudo, o tempo todo, o que leva o
leitor a refletir também sobre a própria vida, as memórias da própria família.
Não há, contudo, um grande
acontecimento ou uma grande revelação na história, isto é, um clímax bem
definido. Apesar de ter desconfiado disso desde o início, acabei um pouco
frustrada, e só por isso não recebeu cinco estrelas! rs
Indico para quem curte
histórias sobre famílias, sobre memórias, sobre perdão. Leiam!
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Avaliação (1 a 5):