A gaiola de ouro - Camilla Läckberg
>> quarta-feira, 3 de junho de 2020
LÄCKBERG, Camilla. A gaiola de ouro. São Paulo: Editora Arqueiro, 2020. 320 p. Título original: Golden cage.
Quando
você está vendo a propaganda de um livro e de repente repara nos dizeres, “A
vingança de uma mulher é bela e brutal”, acha legal ou fica morto de curiosidade
para descobrir o que acontece? Eu sou daquelas que sempre são atraídas por uma
propaganda. Às vezes nem precisa ser tão boa ou nem precisa ser uma propaganda
específica. Se a pessoa, por exemplo, diz que está comendo rosquinha, bebendo
chá ou comendo um hambúrguer, imediatamente sou acometida pela vontade de comer
e beber a mesma coisa. O mesmo serve para frases como a que você acabou de ler
acima. Basta vê-las e “puf”, já quero iniciar a leitura. Foi assim que fiquei
quando vi a imagem da capa de A gaiola de ouro. E, sanada minha curiosidade,
conto a vocês o que achei da história.
Faye
nasceu e viveu até a adolescência em Fjällbacka, na Suécia. Sua família não era
exatamente um exemplo de família perfeita, estava mais para exemplo de como não
ser uma família. O pai, sempre bêbado e agressivo ao extremo, transformava tudo
em motivo para agredir sobretudo a mãe e o irmão de Faye. Ela demorou a se
tornar mais uma vítima da raiva que o pai tinha dentro de si, mas não escapou.
Um dia, após um grande acontecimento catastrófico na família, Faye deixa a
cidade para reconstruir a vida do zero em uma nova cidade. Ela se muda para
Estocolmo e decide que ninguém conhecerá seu passado, tudo o que ela passou.
Algum
tempo depois de se estabelecer na capital sueca, fazendo faculdade de economia
na universidade local, Faye conhece Jack Adelheim, um rapaz nascido em berço de
ouro, ambicioso, que tem um grande projeto de enriquecer sozinho e se tornar
independente de sua família. Os dois se apaixonam e começam a namorar, apesar
de todos os avisos de Cris, melhor amiga de Faye, a respeito da fama de Jack em
relação às mulheres.
Jack
e Henrik, seu melhor amigo, decidem formar uma companhia, e Faye decide não só
apoiá-lo, como o auxilia na tomada de decisões e ainda tem diversas ideias para
a montagem da empresa. Além disso, ela tranca a matrícula na universidade para
trabalhar em tempo integral e ajudá-lo financeiramente e nos projetos. Pouco
tempo depois, a empresa se torna um grande sucesso, e os fundadores, Jack e
Henrik, ficam milionários.
Faye
e Jack se casam e ela deixa o trabalho de lado para se dedicar integralmente à
vida de dona de casa milionária, cuidando da filha e da casa monumental, com
móveis caros e excelente localização.
Mas
Faye não está feliz. Jack não mais se interessa por ela, menospreza sua beleza,
sua inteligência. Parece não se lembrar mais de nada do que passaram juntos
para chegar naquele patamar, nada do que ela fez por ele. Ela não sabe mais o
que fazer para ele voltar a amá-la, quando, de repente, descobre que ele está
tendo um caso. Ao contrário do que se esperaria, ele a coloca para fora de
casa.
Sozinha,
sem um tostão no bolso e humilhada por Jack, Faye decide que ele vai pagar
muito caro por tudo que a fez passar. Ele não sabe no que se meteu ao humilhar
uma mulher furiosa e de passado sombrio.
“Alice, com seus enormes olhos de gazela e
sua pele perfeita: será que ela era
feliz com a vida que levava? Era realmente apaixonada por alguma coisa? Faye
não suportava mais viver de aparências. As duas estavam presas em gaiolas de
ouro, como dois pavões.” p. 116
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O
livro é dividido em três partes. Nelas acompanhamos o presente de Faye,
alternado com o passado, que conta a chegada dela a Estocolmo. Nos momentos do
passado, a narrativa é feita em primeira pessoa por Faye, já o presente é
narrado em terceira pessoa.
No
início não tive nenhuma empatia por Faye. Tinha vontade de dar uns tapas nela,
para que ela abrisse o olho para o que estava acontecendo, por se rebaixar
tanto. Até que ela abriu os olhos e, a partir de então, torci muito para que
tudo que ela planejava contra Jack desse certo.
Apesar
da minha irritação em relação a Faye, nada superou a vontade que tive de dar
uma coça em Jack. Em alguns momentos eu variava entre o revirar de olhos e a
vontade de dar uma pausa na leitura, de tanto que ele me deixou com sangue no
olho. Pelo amor de Deus, que cara cruel, ruim, egocêntrico! A cada página e a
cada ferrada que Jack levava, eu comemorava.
Cris,
a melhor amiga de Faye, e Kerstin, uma senhora que acolhe Faye logo após sua
separação de Jack, são minhas personagens favoritas. Elas dão uma luz diferente
para a história e para a vida de Faye.
Henrik,
melhor amigo de Jack, é tão coadjuvante na história que não tive nem opinião
sobre ele. Mas, aparentemente, ele se mostrou muito mais sensato que o amigo em
alguns aspectos. E, em outros, o mesmo babaca.
Outros
personagens secundários não foram tão dignos de nota. Exceto, talvez, Johan, um
professor muito fofo que aparece em determinado momento da história. Não vou
dar muitos detalhes para não estragar a graça, mas acredito que é mais um dos
que trazem um pouco de brilho à história.
A
premissa do livro é excepcional e a expectativa, inevitável. Contudo, confesso
que nas primeiras 100 páginas fiquei com uma vontade desesperada de abandonar a
leitura, por achá-la um pouco arrastada e com cenas desnecessárias. Até que li
em algum lugar alguém comentando que, após as primeiras 160 páginas, a leitura
melhorava, então decidi dar uma chance. E realmente a leitura melhorou
consideravelmente, sobretudo a partir da parte dois.
Apesar
de, no começo, a “versão Faye do passado” ter me agradado mais, ficaram muitas
pontas soltas em relação aos acontecimentos, o que me deixou bem
decepcionada.
Além
disso, depois de tanto render assunto, não esperava que o final fosse tão
acelerado. De um fôlego só o livro termina (e com um plot twist bem na última
frase do livro), o que me deixou um pouco anestesiada, sem reação com o que
aconteceu.
Mesmo
assim, como um todo, é um bom livro. Com exceção do início arrastado, no resto o
leitor se vê preso à leitura, de uma forma que não tem como largar até saber o
final, não importa o quanto esteja irritado ou com vontade de dar
uma pausa por causa dos personagens malvados.
Como
há pouco tempo li um livro de outro autor sueco, tive uma sensação de que
existe uma semelhança entre eles na forma de escrever e fisgar o leitor. Com
isso, comecei a me perguntar se essa não é uma característica comum de autores
suecos. Bom, talvez só lendo mais alguns para ter certeza.
Agora
estou ansiosa pelo segundo volume e para saber se trará as respostas para as
perguntas não respondidas neste livro. Cheguei a ver a capa de uma edição
estrangeira do segundo volume, e ela me fez ter uma certa esperança em relação
a isso, mas só esperando o lançamento aqui para ler e conferir!
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Série Faye hämnd
- A gaiola de ouro (Golden cage)
- Faye (Ainda não lançado no Brasil)
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