Senhorita Aurora - Babi A. Sette

>>  sexta-feira, 31 de janeiro de 2020


SETTE, Babi A. Senhorita Aurora. São Paulo: Editora Verus, 2018. 342p.

“Não tenho medo de mostrar meus sentimentos e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra, não se sente. Coisa que talvez surpreenda muito a você, pois os seus sentimentos são tão guardados que parecem não existir realmente, li em Razão e sensibilidade”. p. 110

Já vou começar dizendo que não gostei de A promessa da rosa, o outro livro da autora que li, e ainda nem animei a ler a continuação dele. Porém, várias amigas surtaram com esse livro e amaram, então desde sempre ele estava na minha lista de compras. Finalmente consegui ler, confira minha opinião sobre Senhorita Aurora da Babi A. Sette.

Nicole Alves, 20 anos, é uma brasileira que conquistou seu maior sonho, fazer parte da Companhia de Ballet em Londres. Filha de um pai ausente e uma mãe dedicada, ela se apaixonou pela dança ainda criança, e nunca mais parou de dançar. A mãe fez inúmeros sacrifícios para que a filha pudesse lutar pelos seus sonhos, e com muita dedicação, ela conseguiu. Aos 17 anos ela passou em um concurso e se mudou para Londres. Três anos depois, ela acabava de conquistar seu primeiro papel principal em uma peça. Ela seria a Senhorita Aurora, a princesa protagonista de A bela adormecida.

Nicole mora com a melhor amiga, Nathy, uma inglesa que também é dançarina na mesma companhia. A dança é sua maior paixão, e tirando dois breves namoros, Nicole nunca se apaixonou. Ela prefere os romances dos livros e a dança, sempre a dança.

Daniel Hunter é um maestro prodígio e misterioso. Um artista incrível, mas um homem grosso e estranho. Só que ele será um dos diretores da peça, e Nicole desde o início, se sente muito intrigada por ele. Os dois se sentem atraídos, mas ele alterna entre demonstrar alguma simpatia por ela, e a humilhar em cada ensaio. Tudo muda quando os dois acabam ficando isolados na mansão de Daniel, por uma tempestade de neve. Surge uma grande paixão, mas ao mesmo tempo, Daniel precisa lutar contra seu lado sombrio.

Ela irá lutar para que ele finalmente revele o que tanto lhe faz sofrer. Ele não é capaz de deixar o passado para trás e ser feliz. Juntos eles irão buscar na música, uma forma de se aproximar.

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É, realmente essa autora não é para mim. E eu sinceramente não consigo compreender como tanta gente amou esse livro! O enredo é sim interessante, a Babi não escreve mal, mas ela tem um sério problema na construção dos mocinhos. Foi o que odiei em A promessa da rosa, e aqui acontece a mesma coisa... não tem como torcer por um “romance” desses, se é que dá para chamar assim.

Começando do início. O enredo é interessante. Uma brasileira em Londres, a belíssima descrição do balé e tudo relacionado à música. Nicole é uma personagem legal, uma moça que luta pelo seu grande sonho e que tem um coração enorme.  Daniel é intragável desde o início. Rico, bonito e etc, mas com um comportamento bipolar com altos níveis de “escrotice”.  Uma hora ele trata a mocinha razoavelmente bem, no momento seguinte ele acaba com ela. É ora um grosso, ora ligeiramente simpático, e claro que sempre “muitooo sexy”. Quando ele não estava sendo um ogro, ele chorava. É, chorava! Nunca vi um mocinho chorar tanto... Ele ficava morto de ciúme e ao invés de socar algo ou alguém (não que seja legal, mas é mais compreensível), ou sei lá, beber umas cervejas, ele chorava. Em outra cena rola um sexo incrível e depois ele está lá... chorando... há eu... fiquei rindo das cenas.

Tem uma forçada de barra incrível para que ele tenha uma aura de Christian Grey. Nem estou falando de rico, gato, sofrido e misterioso e blablabla, obviamente isso é comum nesses livros. Mas do nada ele está amarrando a mocinha na cama, e rola umas cenas de sexo muito vergonha alheia kkk.

Mas o que eu não engulo, é um personagem grosso, que trata a mocinha da pior forma possível e fica todo mundo achando lindo e torcendo para que um casal assim termine junto.  Só um exemplo dentre muitos:

“Os lábios do Sr. Hunter contornaram os meus e eu me perdi, acho que gemi de novo, não sei. Nada mais fazia sentido. Então, quando acreditei que fosse deixar de existir e me perder nos braços, no corpo, na boca colada à minha, as palavras dele me puxaram de volta à realidade:
- Sabe o que eu faço com meninas assustadas?
Apenais neguei com a cabeça; não tinha mais voz.
- Eu devoro no jantar como prato principal e depois enterro no meu jardim. – Dizendo isso, ele me soltou de forma tão abrupta e seca que perdi o equilíbrio e caí de bunda no chão. p. 101

Olhem se dá para achar isso romântico? Essa foi uma entre muitas cenas humilhantes. Fora as vezes que ele acabou com ela em público, em frente a companhia toda nos ensaios. E a Nicole ia atrás dele de novo igual um filhote de cachorrinho pedindo atenção, de novo e de novo. Ela queria pegar esse ogro e transformar em um príncipe, e perdoava, e ia atrás, e... infinitamente. Ai, eis que de repente, lá para o final, depois de uma conversa e muito choro, o “mocinho babaca” se transforma em um cara: carinhoso, protetor, amável e apaixonado. Acharam lindo? Eu achei que ele foi abduzido e trocaram o personagem.  Acho que é um dos piores personagens masculinos que já conheci!

O drama todo em torno do passado dele, que eu já saquei logo o que seria, não justifica e muito menos perdoa tudo o que ele fez com ela antes. Seu passado é uma merda, você sofre por algo trágico. Que pena, sinto muito. Isso para mim não te dá livre arbítrio para tratar ninguém como lixo, muito menos justifica isso.

Outro problema que me incomodou foi os diálogos. Nicole é brasileira, mas ela está em Londres convivendo praticamente só com ingleses. E os diálogos, são todos cheios de gírias e maneirismos brasileiros, como se todo mundo falasse e agisse como brasileiro. Achei meio estranho, enfim.

E aí porque tanta gente ama? Primeiro porque é questão de gosto não é gente? Cada um tem o seu rs. E em segundo lugar, o final é ótimo!!! Quase mudou minha opinião, foi realmente muito bom!! De repente tudo muda, algo trágico acontece, e no final você está em lágrimas torcendo para que tudo fique bem. Teve final redondinho, teve romance (com protagonista abduzido...) e teve até um epílogo redondinho.

Eu não indico, tem muito new adult bem melhor no mercado, e sinceramente, está na hora das mulheres suspirarem por mocinhos melhores. E acho que parei com a autora por aqui, esse tipo de “mocinho” não é mesmo para mim. Quem leu me conte o que achou!

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