Entre quatro paredes - B. A. Paris

>>  sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

PARIS, B. A. Entre quatro paredes. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2018. 266p. Título original: Behind closed doors.

“No começo, ao ver o seu corpinho estirado no chão, achei que as drogas que Jack tinha me dado estavam me deixando perturbada, por que eu ainda estava atordoada. Mas, quando ajoelhei ao lado dela e toquei seu corpo frio e rígido, imaginei como a cachorrinha devia ter tido uma morte terrível. Foi ali que não só jurei que mataria Jack como também que o faria sofrer como ele havia feito com Molly.” p.134

Como grande fã de thriller psicológico estou sempre a procura do próximo que irei ler nesse estilo. Li da mesma autora À beira da loucura e adorei! Fiquei morrendo de vontade de ler seu outro livro lançado no Brasil. Ela tem um estilo diferente e mais uma vez me surpreendeu com o final. Confiram o que achei de Entre quatro paredes da inglesa B. A. Paris.

Grace e Jack têm o casamento perfeito. Ela é a esposa perfeita! Bonita, boa cozinheira, impecável. Abriu mão do trabalho para se dedicar ao marido e à casa. Faz jantares maravilhosos para os amigos de Jack, cuida do jardim e pinta lindos quadros. Ele é um advogado especializado em violência contra a mulher e tem um currículo perfeito. Lindo, rico e charmoso, todos estranharam que ele só se casou aos 40 anos. Mas ele afirma que esperava por ela. Eles ainda não têm filhos, querem curtir um tempo sozinhos antes.

Grace tem uma irmã especial, Millie. Prestes a completar 18 anos, ela vai sair do internato onde mora e viver com Grace, esse fora o combinado. Os pais tinham pouco interesse pelas filhas, muito menos pela mais nova, portadora de síndrome de Down.  Eles se aposentaram e mudaram para a Austrália. Grace trabalhava sem parar para pagar a escola da irmã, agora, Jack assumiu com alegria essa responsabilidade.  Foi isso que fez com que Grace se apaixonasse por ele logo de cara, seu interesse e sua bondade com a irmã. Depois de ver inúmeros namorados indo embora ao saber que Millie iria morar com ela no futuro, era uma alegria ver Jack tratando Millie com todo o carinho.

Grace e Jack estão sempre juntos. Grace não sai sozinha, Jack sempre a acompanha. Ela não tem celular, diz que não precisa de um. Até o e-mail do casal é um só, afinal, eles não têm segredos... Parece ser o casamento perfeito.

Mas por que Grace nunca atende a campainha? Por que tem grades nas janelas e a casa é extremamente protegida?

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Esse é um livro que mexe com a cabeça do leitor, eu li o livro inteiro agoniada, com vontade de entrar nas páginas e estrangular alguém. Fiquei nervosa do começo ao fim, estava tão mergulhada na leitura, que até perdi meu ponto de descer do ônibus e fui parar bem longe de casa rs.

Logo de cara o leitor percebe que não tem nada de perfeito naquele casamento, só não da para entender porque Grace não faz nada para impedir Jack. E aos poucos, a autora explica tudo, e eu fiquei sem ar! A narrativa alterna presente e passado, o presente com Grace comendo o pão que o diabo amassou, e o passado com o início de namoro dos dois e como se apaixonaram.  Ao contrário de outros livros desse estilo, Grace não é uma mulher apaixonada, que desculpa os erros do marido. Jack é um sociopata, Grace uma prisioneira. Quando ele deixa isso claro, logo no início, eu quase enfartei. Ela não consegue se livrar daquilo, não tem saída, e isso me deixou nervosa até o final.

No início temos a burrice de sempre, não dou conta dessas mulheres que se apaixonam e ficam lesadas por causa de macho. Ela conhece Jack, se apaixona, e em TRÊS MESES já concordou em desistir da carreira, virar dona de casa, se casar e deixar que Jack assuma a responsabilidade com os cuidados da irmã. Ele compra a casa sem ela ver, ela vende a dela e dá o dinheiro para ele comprar os móveis e é isso. Do nada, ela está completamente dependente do marido.

Mas aos poucos você vê que tem muito mais ali. Da medo de Jack, a atitude dele com a cachorrinha me levou as lágrimas. E Millie eu queria por num potinho e proteger, que personagem fantástica! Jack é o escroto já esperado, eu queria muito poder fazer picadinho dele com minhas próprias mãos.

Aí temos o final... ah o final. Por um lado me surpreendi muito com o que aconteceu e isso, com tantos livros neste estilo, não é algo comum. Como o outro livro da autora, o final é bem interessante. Por outro lado, o final é extremamente corrido! Depois de tudo que acontecia e do comportamento dos protagonistas, eu esperava algo mais elaborado.  E esperava também mais do “depois” e não teve nada. Um enredo desse minha gente, merecia muito mais que um livro tão fininho.

Esse foi o primeiro livro da autora, então entendo que algumas coisas precisavam ser melhoradas. À beira da loucura também tem um final um pouco aberto, mas é maiorzinho. Então estou torcendo para o próximo livro da autora ser incrível, vi que foi lançado um novo em 2018 nos EUA, espero que não demore a chegar aqui.

Eu amo esse estilo e este é mais que indicado, leiam!!

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