Me encontre - André Aciman

>>  quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ACIMAN, André. Me encontre.  Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2019. 272 p. Título original: Find me.

Não é segredo: um dos livros/histórias que mais amo na vida é Me chame pelo seunome. Tanto o livro quanto o filme me conquistaram de uma forma que, vira e mexe, você pode me encontrar por aí assistindo de novo ao filme ou relendo trechos do livro que nada mais é do que puro post-it, de tanta anotação minha. Então, é óbvio que fiquei muito curiosa (e também temerosa) para ler a suposta continuação da história, Me encontre. Depois fiquei sabendo que não seria exatamente uma continuação, mas um reencontro com nossos amados Elio, Samuel e Oliver. Sem mais delongas, respondo à pergunta que não quer calar: será que valeu a pena esperar? Só um aviso para quem não leu Me chame pelo seu nome: cuidado com o spoiler!

Elio cresceu e agora se tornou um pianista renomado. Samuel, pai de Elio, agora divorciado, acaba conhecendo um novo amor, graças a um atraso na viagem para encontrar Elio em Roma. Oliver é professor universitário, casado, pai de família e, depois de tantos anos, acaba revisitando seu passado remoto, durante um passeio na Itália. 


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O livro é dividido em quatro partes, cada uma narrada por um dos personagens: a primeira, por Samuel, a segunda e a quarta, por Elio, e a terceira, por Oliver. Não se trata exatamente de uma continuação, mas de uma retomada da vida dos três personagens e de como o que aconteceu na primeira história afetou a vida deles, claramente, de forma irreversível, como um marco, um divisor de águas de como a vida era antes e de como ela ficou depois daquele verão na Itália. 

A história se passa entre dez e vinte anos após a primeira história e mostra como cada um seguiu seu caminho, se houve ou não reencontros, se o amor que uniu Elio e Oliver persistiu com o passar das décadas, ou se eles sequer se lembravam do que aconteceu.

Das três narrativas deste livro, a que mais me tocou e me remeteu à primeira história e à proximidade que sempre senti dos personagens foi a de Samuel. Nela senti uma carga maior da forma poética como Aciman traz as histórias e que para mim tinha diminuído (e muito) quando li Variações Enigma, que menciono apenas como mais uma história que li do autor, mas que não guarda qualquer relação com os outros dois livros.

As histórias dos dois livros têm ligação entre si, de certa maneira, mas não necessariamente se passam de forma linear, contínua.

Apesar de tantos anos terem se passado, consegui relembrar e sentir em Elio aquele adolescente descobrindo a vida, o amor, embora ele tenha me parecido um pouco menos ousado e seguro em alguns momentos.

Não senti empatia por Michel, mas gostei de Miranda. Engraçada, tem uma boa sacada e boa tirada. Não senti absolutamente nada por Micol, apenas queria que outra pessoa estivesse ocupando aquele trecho do livro com Oliver (entendedores entenderão).

A última parte, a mais aguardada e, infelizmente, a menor, me deixou levemente decepcionada e, ao mesmo tempo, com gostinho de quero mais, afinal sempre vou querer mais de Oliver e Elio, mas não se pode ter tudo, certo?

Não é que eu não tenha curtido o livro. Acho que minha expectativa é que ficou um pouco acima da média.

Quem não leu Me chame pelo seu nome vai se sentir perdido nesta nova história, então acho melhor ler os dois, porque você só tem a ganhar. Para quem leu o primeiro livro, indico Me encontre para que, assim como eu, possa, ainda que não de uma forma exatamente convencional, matar a saudade desses três inesquecíveis personagens.

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Avaliação (1 a 5): 3.5









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