Apenas um olhar - Harlan Coben

>>  sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

COBEN, Harlan. Apenas um olhar. São Paulo: Editora Arqueiro, 2019. 352p. Título original: Just one look.

“Charlaine Swain não era louca.
Assistia a filmes. Lia livros. Muitos. Escapismo, pensara. Diversão. Uma forma de amenizar o tédio cotidiano. Mas talvez aqueles filmes e livros tinham sido curiosamente didáticos. Quantas vezes não havia gritado para a heroína corajosa – a beldade inocente, magra, de cabelos muito negros – que não entrasse naquela maldita casa?
Muitas. Então, agora, sua vez... Não, não, de jeito nenhum. Charlaine Swain não cometeria aquele erro”. p.120

Por curiosidade, fui olhar quantos livros do Harlan Coben eu já li, e descobri que esse é o décimo oitavo livro que leio do autor, uau! Não tenham dúvidas que sou fã de carteirinha dele rs, e hoje conto para vocês o que achei do seu novo livro no Brasil, Apenas um olhar.

Grace Lawson é uma pintora, casada com Jack e mãe de dois filhos, Emma e Max, 8 e 6 anos. Ela tem uma vida feliz ao lado da família. Passa os dias como muitas mães de filhos pequenos, buscando e levando as crianças na escola, as muitas atividades depois da escola e todas suas outras tarefas domésticas.

Em um dia comum, ao buscar umas fotos que mandou revelar, encontra no meio das fotos das férias da família, algo estranho... uma foto que não pertence ao filme. Uma foto antiga de um grupo de cinco pessoas. Ela não reconhece quatro delas, mas a quinta poderia ser seu marido. Uma das mulheres tem um X no rosto. A foto é estranha e perturbadora, ela guarda para mostrar ao marido. Ao ver a foto Jack afirma não ser ele, mas logo em seguida some sem dar explicação, levando a fotografia.

Sem saber o que aconteceu com o marido, ou o que a foto significa, Grace começa a investigar. Ela conheceu Jack quando estudava em Paris, após se recuperar de um trágico acidente, ele não fala sobre o passado, ela não insiste. Ela sabe muito pouco sobre sua família e, agora, precisa pesquisar. Mas, aos poucos, percebe que está colocando a si mesma e aos seus filhos em perigo.

A polícia pouco pode ajudar, afinal Jack é um homem adulto, não tem nenhuma pista que algo de errado aconteceu. Mas Grace está disposta a tudo para desvendar esse mistério e trazer o marido de volta.

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Harlan Coben tem muitos livros publicados, muito deles bem antigos. Para vocês terem uma ideia, o primeiro livro da série Myron Bolitar foi lançado em 1995. Esse é um dos seus livros antigos, lançados originalmente em 2005, e é perceptível que a narrativa do autor evoluiu aos longos dos anos. Porém, eu amei vários dos livros antigos dele, já esse, deixou a desejar.

Primeiro vamos aos personagens, eu gostei muito do núcleo principal. Grace que sofreu muito no passado, perdeu os pais cedo, depois sofreu um acidente que a deixou em coma e com sequelas e traumas para a vida toda. Ela era uma mulher feliz e que amava a família. Jack parecia ser uma boa pessoa (apesar do desaparecimento sem explicação). Ele foi um bom marido e amava claramente os filhos. Mas tinha todo esse mistério em torno dele, mocinho ou vilão? Charlaine rouba a cena. Uma vizinha que vê algo estranho na casa ao lado e começa a xeretar. Ela fica bem perto de um assassino inescrupuloso e está disposta a ajudar, me diverti com ela. E depois disso temos uma série interminável de coadjuvantes: um mafioso que sofria pela morte do filho que ocorreu há 15 anos; um procurador que perdeu a irmã e só agora descobre que não foi um acidente; Eric Wu, um assassino frio, inteligente e letal; uma advogada misteriosa que parecer ser irmã de Jack; as outras pessoas da foto e por aí vai.  São tantos personagens que chega a ficar confuso em alguns momentos.

O enredo é interessante e o ritmo também é bom, o autor sempre escreve de uma forma que prende até o final, eu fico curiosa tentando matar as charadas. Temos todo o mistério em torno da foto, você não sabe quem está por trás disso e o porquê, nem o que aconteceu com o marido dela e com outras mortes que surgem no caminho. Eu li curiosa para saber o que aconteceria e não matei a charada, fui surpreendida.

Porém, nesses livros de suspense o final é a parte mais importante. Todos aqueles mistérios, a loucura toda que vai acontecendo sem explicação, tem que ter um porquê. Tem que ter um motivo válido para tudo isso, as peças precisam se encaixar. E esse não me convenceu. Achei o final confuso, exagerado, até mal explicado em algumas partes. A motivação do Eric Wu não me convenceu, uma das mortes ficou meio sem resposta e tudo em torno do mistério de Jack foi bem forçado.  Mas o pior de tudo foram as páginas finais, o confronto de Scott e Grace, completamente WTF, muito inverossímil tudo.

Enfim, se o final de livro de suspense/policial não me convence, ele deixa de ter muito da graça para mim rs, por isso a nota na avaliação. Apesar disso, continuo fã do autor e quero muito ler os outros livros (sim, ainda faltam alguns) que eu ainda não li. Quem leu me conte se curtiu!

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