Uma fortuna perigosa - Ken Follett

>>  sexta-feira, 8 de novembro de 2019

FOLLETT, Ken. Uma fortuna perigosa. São Paulo: Editora Arqueiro, 2019. 480p. Título original: A dangerous fortune.

“Fora Micky quem deixara Hugh mais enojado. Ao longo de toda a briga, ele ficara rindo, quase histérico. A princípio, Hugh não conseguira determinar por que aquela risada lhe parecia tão assustadoramente familiar. Depois, lembrara-se de Micky rindo quando Edward jogara as roupas de Peter Middleton no poço. Era uma lembrança desagradável de um incidente sinistro.” p.75

Ken Follett é um autor inglês muito conhecido, com inúmeros Best Sellers publicados. A maioria dos seus livros de sucesso são bem antigos, esse foi publicado originalmente em 1994 nos EUA e essa é a sexta edição dele no Brasil! Incrivelmente, foi também o meu primeiro livro do autor... vivem me indicando Os pilares da terra e eu ainda não li. Mas enfim, confiram o que achei de Uma fortuna perigosa.

Inglaterra, 1866
A Escola Windfield era uma escola inglesa que formou meninos por gerações. Naquela tarde fatídica, alguns deles escaparam para nadar no lago. Peter Middleton, 13 anos, se afoga em circunstâncias misteriosas. O caso é abafado, a morte considerada um acidente. Anos depois esse segredo irá mudar a vida de todos os sobreviventes.

Londres, 1873
Edward Pilaster, 22, é herdeiro de uma poderosa dinastia de banqueiros. O banco Pilaster deixou a família riquíssima, e os sócios liderados por seu tio Seth, já bem idoso, conduzem o negócio com mãos de ferro. Edward é um jovem manipulável, vive bêbado passando as noites em bordeis, e tem uma mente fraca para os negócios. Mas sua mãe, Augusta, tem grandes pretensões para o filho, e para tanto precisa que seu marido, Joseph, assuma a presidência quando Seth se aposentar.

Hugh Pilaster, 20, é primo de Edward e vive na casa dos tios, sendo tolerado e considerado o “parente pobre sem futuro”. O pai de Hugh se matou depois de sua empresa quebrar em uma crise econômica no passado, sua mãe e sua irmãzinha viviam em condições difíceis fora da cidade. Hugh pretende fazer sua carreira no banco e lá todos começam por baixo. Ele trabalha muito, é inteligente e almeja um dia se tornar sócio.

Micky Miranda, 23, é o melhor amigo de Edward. Ele manipulou e fez o necessário para se tornar alguém quase da família. Micky é originário de Córdova, na América do Sul, e seu pai é um rico e violento latifundiário. Micky vive na miséria, mas a companhia constante de Edward lhe garante acesso aos melhores lugares. Seu pai se recusa a sustenta-lo corretamente, e ele evita de toda forma voltar ao seu país natal. Edward, Hugh e Micky estavam presentes naquele fatídico dia no lago, anos atrás.

Maisie Robinson e April Tilsley eram duas moças pobres, tentando melhorar de vida. Maisie é judia e fugiu de casa com o irmão ainda criança, já que os pais mal conseguiam sustenta-los. Ela trabalhou no circo por alguns anos, e agora em Londres tenta aproveitar sua beleza, e arrumar um amante rico que pudesse sustenta-la, ou quem sabe um marido. Elas conhecem Solly Greenbourne, herdeiro do maior banco judeu da Inglaterra, e Tonio Miranda e começam a sair com eles. Tonio e Solly eram amigos e colegas de escola, e também estudaram em Windfield.

Em uma trama repleta de mortes, traição, ganância, vingança e paixão, todas essas pessoas terão suas vidas moldadas, por si mesmo ou pelo destino.

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Eu gostei muito de algumas coisas, não gostei de outras, mas para resumir bem, a verdade é que eu esperava bem mais! Talvez por ser do Ken Follett que todo mundo elogia tanto, eu tinha expectativas de uma trama mais rebuscada e muito mais arrebatadora. No final encontrei um romance histórico, com cara de romance de época. Ou seja, é bem ambientado, tem tudo sobre a sociedade e economia do país àquela época, mas os personagens são o grande destaque do livro. É tudo bem novelesco, com grandes vilões e muitas intrigas que se resolvem só lá no último capítulo.

A narrativa no geral foi bem lenta, não foi entediante nem chata, mas é um livro cheio de detalhes, com muitos personagens. Não senti grandes emoções, não fui arrebatada em nenhum momento. Eu esperava uma grande reviravolta, algo uau, mas foi uma narrativa linear do início ao fim. Tem também grandes saltos temporais em vários momentos, o que corta um pouco os dramas da narrativa.

O livro é narrado em terceira pessoa por vários personagens, todos muito bem construídos. Os destaques com certeza são os vilões, Micky e Augusta, que roubam todas as cenas. Eles são inteligentes, lindos, manipuladores e capazes de qualquer coisa para atingirem seus objetivos. Augusta é uma vilã com V maiúsculo, da vontade de estrangular a mulher no livro todo.  Os mocinhos são perfeitos demais, sem graça demais, falta pegada rs. Hugh é um fofo, inteligente, bonito, honrado, mas inocente e imaturo demais por grande parte do livro. Maisie é inteligente, esperta e sabe muito bem o que quer, mas ela não teve grande destaque como merecia. Alguns outros personagens também mereciam mais destaque, como o gentil e bondoso Solly.  

Para mim no geral falta emoção! Eu não me emocionei com os grandes dramas e tragédias, não chorei em nenhum momento. Não me arrebatei pelos romances, o que mais me interessou foi o cenário econômico e os desdobramentos do que aconteceria com os vilões no grande final. Tudo bem teatral. O final foi emocionante e até diferente do que eu esperava, tive algumas boas surpresas. Mas depois de um livro enorme, o final como, quase sempre, foi corrido.

Eu adorei a narrativa vitoriana. O cenário, a Londres daquela época, os grandes bancos e as famílias de classe média que ascenderam na sociedade. Leio muitos romances que falam sobre a aristocracia dessa época, mas poucos narram sobre os ricos que não possuem título. Cheios de dinheiro, mas que não têm acesso aos grandes bailes da sociedade. Curti muito também todo o cenário econômico, muito diferente dos tempos atuais, onde todo investimento é muito bem controlado. Naquela época os bancos dominavam tudo, e se eles falissem por um mal investimento, todo mundo que tinha o dinheiro lá perdia tudo. E os trabalhadores que tinham míseros investimentos de uma vida toda lá? Estavam na miséria. Triste e muito impactante todo esse cenário, e muito bem ambientado pelo autor.

O estilo me lembrou muito de O chá do amor que também é um romance histórico bem novelesco, mas esse sim é arrebatador nos romances e emoções, faltou isso aqui rs.

Eu indico para quem não é tão fã de romances de época por acha-los todos parecidos, aqui você ganha em enredo, ambientação e na trama bem mais complexa. É um romance histórico com a trama bem mais interessante. Leiam! Quem leu me conte se curtiu...

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Avaliação (1 a 5): 3.5

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