Mortos não contam segredos - Karen M. McManus

>>  quarta-feira, 23 de outubro de 2019

MCMANUS, M. Karen. Mortos não contam segredos.  Rio de Janeiro: Editora Record, 2019.  352 p. Título original: Two can keep a secret.


Conheci a escrita de Karen M. McManus ao ler Um de nós está mentindo, no ano passado. Gostei muito da história, torci pelo suspeito, detestei os personagens populares e, no fim, fiquei bem surpresa com o desfecho e de queixo caído com os segredos revelados de todos os personagens. Então, claro que quando fiquei sabendo do lançamento de Mortos não contam segredos, fiquei desesperada para ler. Será que a experiência foi tão legal quanto a anterior? Vamos descobrir!

Ellery e Ezra são irmãos gêmeos e estão indo para uma cidade no interior de Vermont, chamada Echo Ridge, passar uma temporada de 4 meses na casa da avó materna, com quem eles nunca tiveram praticamente contato nenhum. Eles tiveram que ir viver com alguém da família após a mãe enfiar o carro na vitrine de uma loja, destruindo-a, ao dirigir sob efeito de analgésicos. Como pena pela infração, ela foi condenada a se internar alguns meses em uma clínica de reabilitação. Já que Ellery e Ezra são menores de idade, tiveram que ir viver com a avó.

A cidade de Echo Ridge vive imersa em alguns mistérios sombrios. Há cerca de 20 anos, a irmã gêmea da mãe de Ellery, Sarah, desapareceu inexplicavelmente depois do baile de boas-vindas do colégio em que estudava, e jamais foi encontrada. Há cinco anos, outra rainha do baile, Lacey, foi encontrada morta no parque temático de Halloween da cidade, e o assassino não foi preso, apesar de haver sérias desconfianças em relação ao namorado da vítima na época, Declan Kelly. Mas ele jamais foi preso e nada ficou provado. Depois de se formar, Declan saiu da cidade e nunca mais voltou, deixando a mãe e o irmão, Malcolm, para trás.

Ellery é fã de investigação criminal desde que se entende por gente, e tenta entender o desaparecimento de sua tia, e agora acha que vai encontrar respostas sobre o desaparecimento e, de quebra, entender quem teria motivos para matar Lacey. Ela só não esperava que investigar pessoalmente um crime real pudesse ser tão difícil e que ela própria se tornaria uma das potenciais vítimas de um criminoso misterioso.

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O livro é narrado em primeira pessoa, alternando apenas entre Ellery e Malcolm. Cada capítulo vem com o nome de quem está narrando, o dia da semana e a data.  

Fiquei interessada na história desde o primeiro capítulo e já comecei a imaginar várias teorias sobre o que teria acontecido. Meu caderno de anotações literárias e o livro ficaram cheios de anotações (em post-its, rs).

Já senti empatia por Ezra e Ellery de cara. Algumas informações sobre os irmãos eu achei desnecessárias e não tiveram nenhuma influência na história. Mas também não atrapalharam.

Malcolm me conquistou e fiquei muito solidária por vê-lo sofrendo por causa da má fama de um irmão com quem ele sequer tinha proximidade! Só queria que ele fosse feliz e, claro, shippei muito o casal que intitulei #Mallery  :)

O trio popular do colégio, Brooke e Viv, Katrin, meia-irmã de Malcolm, não me desagradou tanto desta vez. Cheguei até a sentir empatia por Brooke. Na verdade, muito do que eu esperava delas, como aquela habitual maldade que vemos nas garotas populares, não existiu ao longo da história. Apenas Viv era a mais antipática e metida e era a menos importante das três, então só lamento por ela.

Há, ainda, os adultos: Sadie, mãe de Ellery e Ezra; Peter, pai de Katrin e grande influência na cidade; Melaine Kilduff, mãe da segunda vítima, Lacey; Alicia, mãe de Declan e Malcolm; Vance Puckett, o gatão que se torna um adulto bêbado; o policial McNulty e o policial Ryan Rodriguez. Cada um tem sua participação e seu desfecho na história. Assim como no livro anterior da autora, ninguém fica de fora. Por fim, alguns outros personagens secundários, como Mia e sua irmã, Daisy. Theo e Kyle, o filho do policial McNulty.

Aliás, uma coisa que observei ao longo da história é que a autora repete a receita, por assim dizer, de seu livro anterior. Algo terrível acontece, todo mundo acredita que o culpado é sempre o mais marrento ou o mais óbvio, todo mundo tem seus segredos (ainda que não relacionados ao crime propriamente dito) revelados e o(a) assassino(a) é descoberto(a) e o livro termina.

A diferença é que, desta vez, não me surpreendi muito com o desfecho de quem matou e o motivo e tal. No meio do livro eu já fiquei desconfiada do que poderia ter acontecido e minha “viagem” estava certíssima! Não fiquei chateada de ter acertado. Adoro acertar na mesma medida que adoro quando o autor me engana.

Assim, digo que, apesar de o livro anterior ainda ter superado este, adorei a leitura de Mortos não contam segredos e indico para quem curte um suspense de leitura rápida. Leiam!

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