Noite em Caracas - Karina Sainz Borgo

>>  sexta-feira, 20 de setembro de 2019

BORGO, Karina Sainz. Noite em Caracas. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2019. 233 p. Título original: La hija de la española.

Ouvi falar do livro da Karina há uns meses, quando ela foi uma das atrações no Festival Literário Internacional de Paraty (FLIP), um evento que, diga-se de passagem, sou louca para ir. Todo mundo sabe que a Venezuela tem tido momentos a cada dia mais difíceis, e o povo venezuelano, com o intuito de fugir de todo o terror, tem escapado para lugares no mundo inteiro, principalmente para o Brasil, que é tão próximo. Assim, juntando esse contexto com a sinopse, que me chamou a atenção de cara e me deixou bem intrigada, decidi ler Noite em Caracas.

Adelaida Falcón vive em Caracas, na Venezuela e está passando por um momento duplamente difícil. A mãe, única parente próxima, acaba de falecer, acometida por um câncer, enquanto o país passa por uma grave crise econômica, política, social. O país está um verdadeiro caos. O dinheiro já não existe, não há emprego, não há comida. Apenas medo, morte.

Assim que Adelaida enterra a mãe e começa a pensar no que vai fazer de sua vida a partir dali, ela é surpreendida ao ter sua casa tomada por um grupo de mulheres invasoras e não consegue pegar sequer seus documentos nem as coisas de sua mãe. Ela até tenta, mas acaba com uma coronhada na cabeça.

Ela tenta, então, pedir ajuda à vizinha, Aurora Peralta, mais conhecida como “a filha da espanhola”. Adelaida já havia notado a ausência de barulho na casa ao lado havia uns dias. A vizinha sequer tinha se dado ao trabalho de ir ao enterro da mãe de Adelaida. Quando bate na porta, contudo, não é necessário muito para que esta se abra e revele que Aurora está morta.

Ela decide, então, usar o apartamento pelo menos temporariamente para descansar, já que não tem mais onde viver. É quando ela encontra algumas cartas em cima da mesa, e o conteúdo pode não só ajudar Adelaida, como mudar sua vida para sempre.

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Antes de tudo, vale dizer que o livro conta uma história ficcional, apesar do cenário bastante condizente com a realidade vivida na Venezuela.

A crise que existe atualmente ali serve de pano de fundo e, no final do livro, há uma mensagem que deixa claro que alguns personagens e acontecimentos são inspirados na realidade, mas que não se trata de um testemunho. Isso nos leva a pensar que não existe um compromisso da autora com a realidade ao contar essa história, porém, ao longo do livro, observei que ela remete a diversas personalidades, grupos e acontecimentos de que ouvimos falar nos noticiários sobre a crise venezuelana.

A escrita da autora, que é nascida em Caracas, é muito fácil de ler, de modo que devorei o livro. A história é narrada em primeira pessoa por Adelaida.

Não há muitos personagens participando efetivamente da vida da protagonista, eles estão mais em suas memórias. Ainda assim, conhecemos personagens como Ana, a única amiga que Adelaida tem e que não pode ajudá-la, pois está sofrendo tanto quanto ela com o desaparecimento e suposto sequestro do irmão, Santiago, que é outro dos poucos personagens que cruza a vida de nossa protagonista ao longo da história.

É muito angustiante acompanhar a protagonista tentando viver em uma cidade que é literalmente tiro, porrada e bomba o tempo todo. Uma verdadeira terra sem lei, ainda que haja um governo. Adelaida é obrigada a tomar medidas desesperadas, em tempos desesperados, e muito arriscadas, para salvar sua pele. 

 E quando o livro terminou foi que percebi que, apesar de alguns mínimos detalhes do livro que me incomodaram ao longo da leitura, houve algumas páginas em que eu vinha prendendo a respiração e tinha esquecido de soltar. Torci para que todos os esforços de Adelaida para sobreviver e ser feliz dessem certo e que ela conseguisse sair daquele país caótico.

Assim, se você curte livros sobre crise humanitária, sobre luta pela sobrevivência, ou apenas tem interesse de ler um livro de algum autor que não seja americano, fique à vontade para ler!

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