Ofélia - Lisa Klein
>> quarta-feira, 28 de agosto de 2019
KLEIN,
Lisa. Ofélia. São Paulo: Editora
Verus, 2019. 265 p. Título original: Ophelia.
Não
consigo recordar quando foi e qual foi a última vez que li um romance de época.
Não é um estilo que tenho o costume de ler, mas curto todas as vezes que tenho
a oportunidade. Ofélia, contudo, não é um romance de época qualquer. Vamos
descobrir por quê?
Ofélia
é uma menina que cresceu sem mãe e sem o amor materno ou qualquer tipo de
carinho, atenção ou amor. O pai é um puxa-saco do rei e o irmão, um rapaz que
vive solto no mundo. De repente, Ofélia é vista pela rainha e é levada para
viver no castelo de Elsinor, passando a ser treinada para se tornar uma dama.
Além
de dama da maior confiança da rainha Gertrudes, Ofélia, que é linda,
espirituosa e inteligente, chama a atenção do príncipe Hamlet, e os dois, tão
distantes na escala da sociedade, passam a se amar em segredo.
De
repente, algo terrível acontece e a Dinamarca passa a não ser um lugar bom para
se viver. Ofélia precisa escolher entre o amor e sua própria vida, entre fugir
(carregando consigo um perigoso e terrível segredo) e ficar e, talvez, não sobreviver.
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Então,
caros leitores, já ouviram, alguma vez, falar de uma história semelhante? Se
você acha que se trata de uma releitura de Hamlet, de William Shakespeare,
acertou em cheio. Uma das tragédias mais famosas do autor é transformada em uma
releitura pela autora Lisa Klein, trazendo Ofélia como figura principal.
Assim
como na história original, Ofélia é muito inteligente e à frente de seu tempo.
Isso para uma jovem dama vivendo no período de 1585.
Contudo,
ainda que fosse muito inteligente, ela é ainda muito ingênua quando o assunto é
o amor, o coração, afinal ela é muito jovem e não sabe nada sobre relacionamentos,
tampouco tem amigas ou mesmo uma mãe para conversar sobre essas coisas. Ela
acaba por cair nas graças de ninguém menos que o príncipe da Dinamarca, Hamlet,
e, a partir de então, sua vida é apenas agonia e caos.
Fiquei
muito agoniada ao longo da leitura. Sei como a história de Hamlet é trágica,
mas Ofélia é um livro angustiante em outro nível. Ver toda a inocência da
personagem, beirando a cegueira, me deixou mal.
Contraditoriamente,
apesar dessa agonia toda, o livro se mostrou muito morno na minha visão.
Acabei
torcendo por um personagem secundário e me peguei dizendo, várias vezes ao
longo da história, que se Ofélia tivesse se apaixonado por Horácio, e não por
Hamlet, a história seria outra e, possivelmente, tudo teria tomado um rumo bem
mais feliz.
O
livro é dividido em três partes. No prólogo, o leitor já é preparado para a
tragédia que o aguarda ao longo da leitura. Nas partes um e dois, acompanhamos
a ascensão e a queda do Reino da Dinamarca e, via de consequência, daqueles que
ali habitam.
A
terceira parte, na minha humilde opinião de leitora, foi totalmente
desnecessária. Entendo que há necessidade de dar um desfecho à personagem,
contudo acho que não era necessário estender tanto mais a história. O que
realmente importava na história inteira (e pelo que eu esperava) acontece nos
últimos cinco parágrafos. O
restante da terceira parte foi maçante e me segurei para não pular páginas para
terminar logo.
Quanto ao filme, a expectativa é grande. Tenho receio de ficar enfadonho em determinado momento (o tempo previsto de filme, pelo que vi, é de mais de 2h15min!) mas, como sou fã da Daisy Ridley, com certeza será mais fácil acompanhar sem morrer de tédio como quase acontece
com o livro. E Laertes, o irmão de Ofélia, é interpretado por ninguém menos
que o eterno Draco Malfoy, o que me deu ainda mais vontade de assistir! O príncipe Hamlet, interpretado por George
MacKay, não se parece em nada como Hamlet que imaginei, e pelo trailer não me
agradou muito, rs. Na minha imaginação, o conceito de bonito vai muito além
disso, mas quem sou eu para questionar, não é?
Então,
se você curte releituras, leia! E assista ao trailer da adaptação (ainda não consegui trailer legendado, mas o que vale é a intenção!)
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