Uma mulher no escuro - Raphael Montes
>> quarta-feira, 24 de julho de 2019
MONTES,
Raphael. Uma mulher no escuro. São
Paulo: Companhia das Letras, 2019. 254 p.
Não
tenho muito o hábito de ler livros de suspense. Sempre fico muito agoniada e
ansiosa para saber o final, quem matou, etc. Isso não quer dizer que eu não
goste do estilo. Gosto, e, apesar desse sofrimento de querer saber logo as
coisas, sempre acabo curtindo muito a história. Quando recebi Uma mulher no
escuro, fiquei muito feliz por finalmente ter a oportunidade de ler algo
escrito por Raphael Montes, de quem já ouvi falar tanto (positivamente, claro).
E, ao mesmo tempo, fiquei muito curiosa para conhecer mais de perto Victória
Bravo. Agora conto um pouco para vocês sobre a história.
Na
noite de seu aniversário de quatro anos, Victória passa pelo pior momento de
sua vida: seus pais e seu irmão mais velho são brutalmente assassinados. O
assassino, Santiago, foi preso na mesma noite, e quando o caso repercutiu em
jornais e revistas da época, ele foi apelidado de “O pichador”, por ter pichado
de preto a cara das vítimas (inclusive a de Victória).
Vinte
anos se passam e Victória agora é adulta, vive sozinha em um apartamento, não
tem amigos e tenta ao máximo evitar se relacionar com as pessoas,
principalmente de forma amorosa. Ainda tem alguns hábitos da infância, como
assistir desenhos e dormir com o ursinho (que estava com ela no momento da
morte dos pais), dentre outros. A única pessoa com quem ela mantém uma maior
proximidade é Arroz, um rapaz magricelo, alto e com cara de nerd. Ela faz
terapia desde que os pais morreram e, graças aos incentivos do Dr. Max, além da
amizade com Arroz, talvez Victória esteja preparada para ter o seu primeiro
encontro amoroso com um escritor que frequenta o café onde ela trabalha.
Georges parece um cara legal, e não faz com que Victória se sinta estranha, a
diferentona.
Contudo,
ainda que Victória esteja disposta a tentar deixar o passado para trás, este
parece não querer o mesmo em relação a ela. Santiago, o assassino, está livre
desde que completou 18 anos e ninguém sabe nem como ele está fisicamente
atualmente, tampouco seu paradeiro. De repente, coisas estranhas começam a
acontecer com Victória, que agora só pensa que Santiago voltou para assombrá-la,
trazendo de volta todo o pesadelo do passado.
__________
O
livro traz dois tipos diferentes de narrador: na maior parte da história, a
narrativa é feita em terceira pessoa e descreve acontecimentos com Victória; de
tempos em tempos, há a narrativa em primeira pessoa, e o narrador é o assassino,
o que ajudou muito a dar mais tensão à
história.
Preciso
dizer que devorei mais da metade do livro em uma sentada. Eu não conseguia
parar de ler, e teria lido tudo de uma vez se não precisasse parar a leitura
por situações alheias à minha vontade. As interrupções que a vida provoca em
nossas leituras são muito incômodas, né?! Mas, às vezes, elas acontecem e,
ainda que estivesse desesperada para continuar lendo, precisei esperar uns dias
para saber o desfecho da história.
E
que história! Victória é uma protagonista que causa empatia. Não consigo sequer
me colocar no lugar da personagem e imaginar o horror de ver a própria família
sofrer e morrer de forma tão brutal, sem poder fazer nada. E o que é pior, a
menina tinha só 4 anos! Sofri muito com a cena da morte. (Lida nas primeiras
horas do dia do meu aniversario, rs. Comecei bem o dia! Hahaha!)
Ao
longo da leitura muitos suspeitos vieram à minha mente. Juro que cheguei a
listar alguns detalhes para chegar a uma conclusão. Posso dizer que passei
perto, mas não acertei. Depois vem aquele sentimento de “ah, é claro que era
isso”, mas eu juro que o autor conseguiu me enganar direitinho, e gostei disso!
Talvez seja o único momento (além de festas surpresas) em que ser feito de bobo
seja algo positivo.
Outra
coisa que eu curti bastante foi o cenário da história. Apesar de não viver no
Rio de Janeiro, já estive lá algumas vezes e, ao me deparar, na história, com
algumas ruas e pontos turísticos da cidade, fiquei feliz em saber que eu conseguia
localizar exatamente os lugares onde Victória estava passando. Adoro quando
isso acontece, e me faz curtir ainda mais a história.
Se
você não é o tipo de pessoa que curte muito literatura nacional, acho que este
livro é uma excelente oportunidade para deixar o preconceito de lado e dar uma
chance para os livros e os autores nacionais. Se você não curte literatura de
suspense, thriller psicológico, também é uma ótima oportunidade para começar a
curtir. E se você ainda não leu nada do Raphael Montes (assim como eu não tinha
lido), passou da hora de conhecer. Eu já quero, com urgência, ler outros livros
do autor.
De
todo modo, o recado está dado: Leiam Uma mulher no escuro!
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