Areia movediça - Malin Persson Giolito
>> segunda-feira, 22 de julho de 2019
GIOLITO,
Malin Persson. Areia movediça. Rio
de Janeiro: Editora Intrínseca, 2019. 352p. Título original: Quicksand.
“Nós ‘admitimos essa parte da descrição dos eventos’, o que
significa que é verdade. Eu os matei: matei Amanda e Sebastian. E não foi por
amor. Podemos dizer o que quisermos sobre isso que nada vai mudar o fato de eu
ter feito o que fiz.” p.68
Infelizmente
o tema “massacre na escola” se tornou real e até “comum”. Já ouvimos falar de
vários casos reais, a maioria nos EUA, mas é uma preocupação recorrente nos
dias atuais. Suzano e Columbine são algumas das tragédias
impossíveis de se esquecer. A literatura de ficção tem alguns livros sobre o
assunto, o que mais me marcou foi A
lista negra e eu ainda preciso ler o Precisamos
falar sobre o Kevin. A autora Sueca Malin
Persson Giolito, apresenta uma ficção intrigante que aborda o assunto de
uma forma mais adulta e reflexiva. Confiram o que achei de Areia movediça!
Maja Norberg, 18, era uma adolescente
comum. Bonita, inteligente e que tirava boas notas. Tinha uma irmãzinha de 5
anos que amava muito, Lina, e não se
dava muito bem com os pais. Na verdade, parece que os pais não se interessavam
muito, desde que ela fizesse tudo como manda as aparências. Tudo muda quando
ela conhece e se apaixona por Sebastian
Fagerman, filho de um dos homens mais ricos da Suécia.
Eles
começam a namorar, os pais dela ficam encantados, seus amigos e sua popularidade
aumentam. Tudo pareceu ótimo por algum
tempo... O que aconteceu depois disso? Ninguém sabe. Um tiroteio acontece na
sala de aula, Sebastian e sua melhor amiga, Amanda, estão mortos. Agora
já com 19 anos, Maja está presa há 9 meses. Seu julgamento está prestes a
começar.
Como
ela acabou naquela situação? O que aconteceu naquela sala de aula ou até mesmo
antes dela chegar a escola naquele dia? Ninguém sabe com certeza. Mas Maja tem
certeza que todos sabem seu nome, e afirmam saber tudo sobre ela, afinal, ela é
a adolescente mais odiada da Suécia.
Ela
tem um ótimo advogado, seus pais contrataram o melhor advogado de defesa da
Suécia. Mas a promotoria, a mídia e todos a sua volta já a condenaram. Mas
afinal, o que realmente aconteceu?
~~~~~~~
Livro
intrigante e muito interessante, tem uma narrativa diferente e mais complexa.
Por outro lado, é bem lento, o livro se arrasta em alguns momentos. É bem denso, mas o excesso de divagações da
protagonista me irritou. Eu não sei em que gênero esse livro
se encaixaria melhor. É um jovem adulto por desmembrar tantos conflitos que
moldam o adolescente atualmente. Mas a narrativa é bem adulta e não posso dizer
que é uma leitura voltada ao público jovem em especial. Vi classificarem como
suspense/thriller/mistério, não vejo assim. Afinal, o livro já começa com Maja
presa, todos já sabemos o que aconteceu, quem matou e quem morreu. Tudo que
gira em torno disso é o grande mistério. E tem também uma boa dose de drama.
A
história é narrada apenas por Maja e já começa com o início do julgamento, nove
meses após acontecer a tragédia na escola. Em primeira pessoa ela alterna os
acontecimentos desde o início do julgamento com o passado, com seu relacionamento
com Sebastian e a forma como tudo começou. E o que causou o final, o tiroteio
onde pessoas morreram. A narrativa é diferente, interessante. Maja fala com o
leitor, como se ele fosse um confidente a quem ela estivesse desabafando.
Nas
memórias de Maja, acompanhamos todo um cenário em que vivem ricos adolescentes
suecos. Sem limites, com pais ausentes, regados a muita bebida e muita droga.
Ao mesmo tempo, ela aborda vários temas importantes como pano de fundo. A
desigualdade social, o impacto da imigração, a vida de adolescentes diferentes
em um cenário de tensão racial e econômica. O isolamento adolescente, que não
contam para ninguém nada do que se passa em suas vidas. Aos poucos, vai se
montando um quebra-cabeça, e o leitor começa a entender o porquê de toda a
tragédia.
O
julgamento toma todo o livro. E como o livro já começa dele, demora muito para
descobrirmos o que realmente aconteceu, isso deixou a leitura bem maçante até a
página 200, por aí. Não curti muito a forma que a autora apresentou o massacre,
depois que aconteceu, tirou um pouco do impacto e toda a tensão do acontecido. Como
Maja narra tudo através de suas memórias, de forma picada e aleatória, você não
consegue se apegar muito a nenhum personagem. Falta aquela emoção que uma
história tão trágica despertaria no leitor.
Como
ponto positivo, temos os discursos incríveis do advogado e da promotora. O
advogado de defesa com aquele discurso impactante, você vai lendo e pensando “é
claro, isso, essa menina não tem culpa de nada! ”. Advogados dignos dos
melhores thrillers jurídicos do John
Grisham.
O
final, sempre os finais rs, foi um balde de água fria. Eu vendo as páginas
minguando e pensando, não vai contar nada! E foi isso, eu queria o depois de
Maja, eu continuo curiosa pensando o que aconteceu com ela em seguida.
A
vantagem, ou não rs, é que o livro foi adaptado para a TV pela Netflix. A primeira
temporada contou com apenas 6 episódios, eu não comecei ainda a assistir (uma
pena porque queria comparar na resenha rs), mas pretendo começar em breve. Quero
saber se foi fiel ao livro, e como termina. A série está na “bolha”, então não
sabemos ainda se teremos uma segunda temporada.
Eu
indico para leitores que curtem histórias mais maduras e com uma narrativa um pouco
mais densa. É um livro que vale a pena ser lido, espero que saiam mais livros
dessa autora por aqui. Leiam!
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Avaliação (1
a 5): 3.5
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