Querido Evan Hansen - Val Emmich
>> quarta-feira, 12 de junho de 2019
EMMICH, Val. Querido Evan Hansen. São Paulo: Editora
Seguinte, 2019. 328p. Título original: Dear Evan Hansen: The novel.
Depois que li Os prós e os contras de nunca esquecer,
do autor Val Emmich, fiquei louca para ter a oportunidade de ler outra obra do
autor. Então, pouco tempo depois, tive a oportunidade de ler Querido Evan Hansen, lançado por uma editora diferente. O livro é inspirado no musical da Broadway com
o mesmo nome e foi escrito pelo autor em conjunto com o roteirista Steven
Levenson e com compositores do musical: Benj Pasek e Justin Paul. Sempre
preferi livros que são adaptados para cinema, TV e tal. Não curto muito o
contrário, isto é, livros inspirados em obras originalmente lançadas em outras
linguagens. Mas, de toda forma, já estava curiosa para ler e encantada com a
capa, que foi desenhada pelo brasileiro, também autor, Vitor Martins. Então
queria muito viver essa nova experiência. Agora deixo para vocês a minha
impressão sobre o livro.
Mark Evan Hansen, mais
conhecido como Evan Hansen, é um garoto de 17 anos tímido (até demais), ansioso
(mais ainda) e nada popular. Ele nunca conseguiu se enturmar, e sua mãe decidiu
que ele, prestes a sair do colégio, precisava de um terapeuta que o auxiliasse
com seus traumas e o ajudasse a descobrir uma forma de fazer mais algumas amizades. Para tanto, ele precisava frequentar
sessões de terapia.
As férias de verão estão
acabando e Evan está com o braço quebrado graças à queda de uma árvore durante
aulas de treinamento de guarda florestal. Como tarefa do terapeuta, Evan
precisa escrever cartas motivacionais para si próprio, com intuito de melhorar
sua segurança, autoestima, etc.
No primeiro dia de aula, ele
até sente que tudo pode ser melhor, tudo está indo melhor que o esperado, até
que o cara mais briguento e marrento do colégio, Connor Murphy, irmão de Zoe, a
garota por quem Evan nutre um amor platônico, o empurra no meio do refeitório.
Para piorar, mais tarde, a carta que Evan finalmente termina para a sessão de
terapia (ainda que, após um dia cheio, a carta não tenha ficado tão otimista
assim) vai parar nas mãos de Connor, que não a devolve.
Apavorado com o que pode
acontecer, caso Connor divulgue sua carta para todo o colégio, Evan sofre de
ansiedade por longos dias até ser chamado na diretoria e ser informado, pelos
pais de Connor, que o filho havia tirado a própria vida. E mais, o único objeto
encontrado com ele foi a carta de Evan, que os pais pensam ter sido escrita por
Connor.
Sem que Evan consiga reverter o
mal-entendido, todos começam a acreditar que ele e Connor eram melhores amigos.
Isso melhora não só a forma como os alunos veem Evan, tornando-o popular, como
ajuda a família de Connor a lidar com a morte do filho.
Mas será que essa é uma mentira
saudável? Evan vai conseguir sustentar essa e outras mentiras que vão surgindo
por muito tempo? O que vai acontecer caso a família Murphy descubra que, na
verdade, Connor e Evan não eram melhores amigos e que mal se conheciam?
_________
Demorou um pouco para que Evan
me conquistasse. Achei o personagem meio bobo e atrapalhado demais, e um pouco
exagerado o jeito como ele agia quando tentava se pronunciar sobre alguma coisa,
quando tentava conversar com as pessoas. Com o passar da história, essa
sensação melhora um pouco.
Na parte II da história, que
compreendo ser a parte II da produção da Broadway, há um pequeno salto, digamos
assim, na personalidade de Evan, mostrando-o mais confiante, mais comunicativo.
Eu gostei mais dessa pessoa que ele se tornou, do amadurecimento do personagem,
do entendimento de que ele poderia lidar com a vida e com as pessoas sem precisar
sofrer todas as vezes. Contudo, no comecinho da parte II, justamente devido ao
salto que mencionei, fiquei com a sensação de que tinha perdido alguma coisa,
que havia pulado, sem querer, algumas páginas. Mas a sensação logo passou.
De tempos em tempos ao longo da
história, o leitor é presenteado com um capítulo narrado por Connor contando o
que está vendo ali “do além”. Ele morreu, mas meio que não consegue deixar sua
família e, depois que observa quem Evan está se tornando, passa a observá-lo
também.
Senti muita solidariedade pela
família de Connor. Ainda que fosse uma família com uma relação complicada, só
de imaginar a dor dela pela perda de um filho, um irmão, não tem como não ficar
tocada (infelizmente, nem todo livro transmite essa empatia em relação aos
personagens).
Há personagens enganosos,
aqueles que poderiam ser os vilões e não são, os que poderiam ser os mocinhos e
também não são. Fato é que não houve nenhum personagem que eu tenha tido
vontade de esbofetear dessa vez (ok, talvez tenha sentido uma leve vontade de
dar uns tabefes em um tal de Jared, mas quando vocês lerem, vão compreender
perfeitamente).
Sempre acho interessantes
livros sobre a temática do suicídio. Hoje em dia há muitos livros sobre o
assunto, ainda bem, mas nunca é demais incentivar aqueles que se sentem
sozinhos, abandonados, ou com outros tipos de problema, a falarem sobre o
assunto e a entenderem que não estão sozinhos. Essa é bem a pegada que Evan
adota após a morte de Connor, e, apesar de ter utilizado meios um tanto
escusos, os resultados alcançados foram heroicos.
Fiquei com vontade de assistir
ao musical (mas você não curte musicais!?). Cheguei a assistir a alguns
trechos no YouTube, mas como estava tudo em inglês, eu não consegui compreender
nada, só o visual. Fiquei também imaginando que poderia, perfeitamente, ser
adaptado para o cinema. Eu assistiria com certeza!
Com a conclusão desta leitura,
está decretada a minha admiração pela escrita de Val Emmich, e vou querer ler
outros livros do autor, com certeza! Leiam!
Avaliação (1 a 5): 4,5
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