O sal das lágrimas - Ruta Sepetys

>>  segunda-feira, 8 de abril de 2019


SEPETYS, Ruta. O sal das lágrimas. São Paulo: Editora Arqueiro, 2019. 320p. Título original: Salt to the sea.

“Justamente quando você pensa que esta guerra lhe tirou tudo que você amava, conhece alguém e percebe que, de algum modo, ainda tem mais para dar.”

Filha de um lituano refugiado durante a Segunda Guerra Mundial, a autora Ruta Sepetys conta histórias de ficção baseadas nesse cenário. Conhecia pelo romance A vida em tons de cinza (que foi relançado este ano pela Editora Arqueiro com o título, Cinzas na neve), seus romances de guerra são voltados ao público jovem. Hoje conto para vocês o que achei de seu novo livro, O sal das lágrimas.

Alemanha inverno de 1945
Joana é uma jovem enfermeira Lituana que desde nova sonhava em ser médica. Ela deixou a família para trás e foi trabalhar em um hospital durante parte da guerra. Agora não fazia ideia se alguém havia sobrevivido, e junto de outros refugiados, lutava sobre o frio cortante para fugir da invasão Russa, seguindo para o norte da Alemanha. Lá eles acreditavam que conseguiriam um navio para partir em segurança.

Emília, 15 anos, é uma polonesa que viaja sozinha, depois de fugir de um lugar assombrado pelos Russos, que levou uma parte de sua alma. No meio de uma floresta de gelo, ela é salva de mais um Russo, por um soldado desconhecido. Depois disso, ela pretende segui-lo para onde ele for.

Florian é um jovem soldado Prussiano, que diz ter uma missão secreta. Na verdade ele está muito ferido, e fugindo. Ele roubou uma das relíquias preferidas de Hitler, em suas mães está a chave do local onde está escondido vários tesouros do mundo, que a Alemanha roubou. Ele não confia em ninguém, e não quer companhia.

Alfred é alemão, e em meio as suas loucuras e devaneios, odeia todos os que são considerados “inferiores”. Ele serve no porto e enquanto observa os barcos, lê avidamente as palavras de Hitler, acredita na superioridade da Alemanha e espera ser reconhecido por seus serviços.  Alfred na verdade é um covarde, que cria histórias fantasiosas em sua mente, já deturpada pela guerra.

Quatro refugiados, quatro histórias. Eles seguem em frente, alguns cuidam uns dos outros, outros, seguem sozinhos. Eles lutam diariamente para sobreviver.

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Enredos que envolvem a Segunda Guerra Mundial são sempre marcantes. É tristeza grande na certa, cenas de cortar o coração. E eu já li inúmeros livros sobre o assunto, por isso, acho que falta emoção nas letras da autora. O cenário é interessante, claro, os personagens são bons, mas faltou algo... Entre os dois livros da autora, prefiro A vida em tons de cinza, gostei mais da narrativa. Mas acho que nos dois livros faltou emoção! Eu não chorei em nenhum momento nesse livro, e isso para mim não é normal, em se tratando de histórias tão tristes.

Uma coisa que me desgostou foi a narrativa rasa e quebrada (cada capítulo tinha, se muito, duas páginas), que se alternava entre os quatro personagens principais. Tirando Albert, aprendiz de psicopata, todos os outros eram interessantes. Emília coitada, passou pelo inferno e seguia em frente, que pena que senti dela. Florian que insistia em continuar sozinho, mas no fundo já estava envolvido com o bem estar daquelas pessoas. O menininho Klaus, tão pequeno e sozinho, o querido sapateiro... E Joana, a enfermeira bondosa que tentava ajudar e cuidar de todos.

A maior surpresa do livro está em Joana, só lá para o meio do livro, descobri que essa Joana era a prima que Lina (protagonista de A vida em tons de cinza) tanto falava. A história das duas primas foi terrível, e eu torci mais ainda por ela ao saber disso. No livro anterior Lina acha que a família de Joana foi culpada pelo que aconteceu com ela, seu irmão e seus pais e que Joana estava bem e feliz na Alemanha. Nesse livro Joana se sente culpada pelo que pode ter causado, e não sabe o que aconteceu com a prima e sua família. E está ela também na luta diária para sobreviver.

A história desse livro é baseada em fatos reais. Em 1945 o navio alemão Wilhelm Gustloff foi afundado pelos Russos, dos 10.000 refugiados que estavam no navio, 9.000 perderam a vida. Entre eles, milhares de crianças. Foi o pior desastre marítimo da história, com 6 vezes mais vítimas do que o Titanic.

Como no outro livro da autora, o final foi um balde de água fria! Estão todos lá, naquele sofrimento sem fim (os que sobreviveram :P), de repente temos 4 páginas,  que se passam 20 anos depois, e fim! Eu não acredito que a autora fez isso, de novo!! Gente, ela podia fazer tanta coisa! Eu esperava um reencontro das primas no futuro, esperava... tão mais.

Acho que para o público jovem, esse livro pode ser mais apelativo. Para quem já leu tantos livros desse assunto ele deixa muito a desejar. Quem leu me conte o que achou.

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