O Desaparecimento de Stephanie Mailer – Joël Dicker
>> quinta-feira, 4 de abril de 2019
DICKER,
Joel. O Desaparecimento de Stephanie
Mailer. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2019. 578p. Título original: La disparition de Stephanie Mailer.
Sinopse: Na noite de 30 de Julho de 1994, a pacata vila de Orphea, na costa
leste dos Estados Unidos, assiste ao grande espectáculo de abertura do festival
de teatro. Mas o presidente da Câmara está atrasado para a cerimónia… Ao mesmo
tempo, Samuel Paladin percorre as ruas desertas da vila à procura da mulher,
que saiu para correr e não voltou. Só para quando encontra o seu corpo em
frente à casa do presidente da Câmara. Dentro da casa, toda a família do
presidente está morta.
A
investigação é entregue a Jesse Rosenberg e Derek Scott, dois jovens polícias
do estado de Nova Iorque. Ambiciosos e tenazes, conseguem cercar o assassino e
são condecorados por isso. Vinte anos mais tarde, na cerimónia de despedida de
Rosenberg da Polícia, a jornalista Stephanie Mailer confronta-o com uma
revelação inesperada: o assassino não é quem eles pensavam, e a jornalista
reclama ter informações-chave para encontrar o verdadeiro culpado.
Dias
depois, Stephanie desaparece.
Assim
começa este thriller colossal, de ritmo vertiginoso, entrelaçando tramas,
personagens, surpresas e volte-faces, sacudindo o leitor e impelindo-o, sem
possibilidade de parar, até ao inesperado e inesquecível desenlace.
O que
aconteceu a Stephanie Mailer?
E o que
aconteceu realmente no Verão de 1994?
Jesse Rosenberg está prestes a se aposentar, mas
as coisas não são tão fáceis assim. Poucos dias antes de pendurar a arma e se
entregar a um novo projeto na vida pacata, ele recebe a visita de uma
jornalista um tanto quanto metida e exigente, Stephanie Mailer. Ela chega sem
papas na língua, afirmando que ele errou e feio na investigação de seu primeiro
caso, um famoso assassinato quádruplo na cidade de Orphea em 1994, um pequeno
paraíso nos Hamptons de Nova York. Inicialmente Rosenberg refuta qualquer erro
no caso – foi sua primeira e mais bem sucedida investigação, que alavancou toda
sua carreira – mas como o bom policial que é resolve indagar e rever os fatos.
Ele então procura novamente Stephanie, que agora
trabalha como colunista no jornal de Orphea, e descobre que a jornalista
desapareceu. Apostando em seus instintos que dizem que não é uma mera
coincidência o fato de ela sumir justo quando estava prestes a desmascarar quem
ela dizia ser o verdadeiro suspeito dos crimes de 1994, a Noite Negra, ele vai
contra tudo e todos para reabrir um caso que ninguém deseja retomar. Para isso,
conta com a ajuda de seu antigo parceiro e Anna, uma ambiciosa e competente
policial muitas vezes desperdiçada na machista força de Orphea.
O que o trio vai descobrindo ao longo da
história realmente levanta fortes indícios de que Stephanie estava certa: eles
erraram feio no culpado dos crimes da Noite Negra. Porém, a trama é muito mais
complicada do que parece. Joel Dicker, conhecido no Brasil com seu sucesso “A
Verdade sobre o Caso Harry Quebert” mais uma vez mostra sua característica
narrativa: diversas histórias de pessoas que escondem segredos das mais
distintas naturezas, e que se enlaçam no final. Todos da cidade e arredores tem
segredos, muitos ilegais e cheios de pecados. Mas qual desses pecados é aquele
mais mortal de todos?
Acho que sou a única pessoa que não gostei de “A
Verdade sobre o Caso Harry Quebert”, e só li “O Desaparecimento de Stephanie
Mailer” para verificar se todo o hype em torno do primeiro livro era
justificável. Realmente, constatei que Stephanie Mailer melhorou
consideravelmente a minha impressão sobre o autor. Porém, alguns problemas que
verifiquei na primeira leitura ainda permanecem neste. Os livros são longos
(cerca de 600 páginas), onde 80% é somente enrolação, num ritmo lento e
pedante. Os 20% finais são repletos de ação, reviravoltas e surpresas, mas em um
espaço de tempo curto. Isso acaba por deixar a leitura confusa – nós estávamos
acostumados com um certo passo, uma caminhada leve, para então corrermos a
velocidade de 100 metros. Entendo que existem vários leitores que gostam desse
estilo, porém eu prefiro um termo constante. SE vamos percorrer uma maratona,
acredito ser mais saudável manter uma constância durante todo o percurso,
acelerando apenas um pouco quando avistamos a faixa de chegada. Não vejo como
arrastar por quase todo o caminho e depois acelerar na velocidade da luz ao
final é uma estratégia elegante.
Exceção a parte, confesso que fui surpreendida
positivamente. Os personagens são um pouco típicos e previsíveis, mas as
interações entre eles deram certa complexidade que faltava. Isso mostra
qualidade do enredo e análise da história como um todo. O livro também traz
pequenos toques de humor, essenciais para quebrar a atmosfera sombria de cenas
praticamente todas passadas a noite e com a incerteza pairando. Os diversos
personagens e seus mais distintos problemas nos fazem pensar em várias teorias,
mas creio que nenhuma acertará a solução do caso. Eu gosto disso. Gosto de ser
surpreendida pelo enredo, de maneira inteligente e explicada.
Creio que esse livro agradará fãs do gênero
policial e suspense. Ele tem todos os elementos de um sucesso. Porém, tem
também todos os problemas típicos do gênero. Mas eu acredito que vale a pena,
se você está preparado para encarar um livro grande e que provavelmente tomará
algum tempo para ser lido. Agora, se você gosta do ar de suspense, de sentir um
pouco de medo ao ler uma história, não se prive da leitura.
Avaliação (1 a 5):
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