Os prós e os contras de nunca esquecer - Val Emmich
>> quarta-feira, 13 de março de 2019
EMMICH,
Val. Os prós e os contras de nunca
esquecer. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2018. 320 p. Título original:
The Reminders.
Desde
que recebi a primeira caixa do Clube Intrínsecos, fiquei cada vez mais
desesperada para que minha fila imensa de leitura me desse uma trégua para que
eu pudesse ler os livros maravilhosos que a Intrínseca vem enviando mensalmente
por meio desse clube do livro mais lindo! Então, um pouco antes do recesso de
carnaval (e com as renovações de parcerias), finalmente consegui dar um
tempinho nas leituras e fiquei pensando em qual livro dos Intrínsecos eu leria
primeiro, já que todos são super intrigantes e eu não via a hora de ler todos.
Então, escolhi um que me fazia pensar, toda vez que eu olhava para a estante: “Já,
já quero ler este”: Os prós e os contras de nunca esquecer. Coincidentemente, a
oportunidade surgiu logo que a editora lançou o livro em edição normal (como
vocês sabem, o Clube Intrínsecos dá aos assinantes o direito de receber um
livro que ainda não foi lançado pela editora e com uma capa super exclusiva,
certo?). E, apesar de ter lido junto com todo mundo que está
comprando/recebendo a edição normal, fico feliz de poder compartilhar com vocês
a minha opinião também. E então, vamos conhecer Os prós e os contras de nunca
esquecer?
Joan
Lennon Sully é uma menina de dez anos aparentemente comum, não fosse o fato de ter
uma memória excepcional. Tudo começou supostamente quando ela tinha dois anos e
foi a uma loja com o pai, que a deixou sozinha no carrinho por dois segundos e
ela se esticou para frente do carrinho e... puft!, caiu de cabeça no chão.
Desde então ela sofre de HSAM – memória autobiográfica altamente superior. O
que isso quer dizer? Que tudo o que aconteceu na vida dela fica registrado como
se ela tivesse um banco de dados na cabeça. Data, dia da semana, roupa que as
pessoas estavam usando (inclusive ela própria), tudo o que foi dito, palavra
por palavra. Nada escapa.
Filha
única, recebeu o nome do Joan Lennon porque seu pai e sua avó paterna sempre
foram muito fãs dos Beatles, em especial do John Lennon, mas, como o nome
Lennon para uma garota foi vetado pela mãe, ela foi registrada como Joan
Lennon.
A
mãe é professora e o pai é um musico que está passando por uma crise
profissional.
Gavin,
um grande amigo do pai de Joan, é ator e também está passando por um momento
difícil. Seu companheiro, Sydney, que também era melhor amigo de Paige, mãe de
Joan, acabou de falecer. Gavin não vê mais sentido em nada. Tudo o que ele mais
quer é esquecer. Depois de um ataque que o fez aparecer inclusive nos
telejornais, Paige o convida para passar uma temporada em sua casa.
Joan
está preocupada com duas coisas: 1) com a possibilidade de o pai fechar o
estúdio (Joan não quer que isso aconteça, pois todas as recordações boas – ou a
maioria delas – junto do pai envolvem os dois tocando, gravando ou compondo). É
seu lugar favorito na vida! Ela precisa ajudar o pai de alguma forma; 2) com o
fato de que as pessoas têm a memória muito inferior à dela. Isso a faz querer
fazer algo grandioso para que seja sempre lembrada, assim como seu maior ídolo:
John Lennon. Ela acha que o melhor meio para que isso aconteça é pela música.
Então, decide participar de um concurso chamado “O futuro grande compositor”,
pois acredita que, se vencer, será eternizada na memória das pessoas. Para
isso, ela vai contar com a ajuda de quem menos esperava: Gavin.
Enquanto
isso, Gavin começa a descobrir alguns segredos que Sydney vinha escondendo
dele, alternando entre querer saber mais e desejar que tivessem sido enterrados
com Sydney.
E,
enquanto Gavin tenta se distanciar das memórias que guarda de seu falecido amado,
Joan tenta se eternizar na memória das pessoas, e ambos vão encontrar um no
outro a força de que precisam para alcançar aquilo que buscam.
_____________
A
narrativa é alternada entre Joan e Gavin, cada um narrando um capítulo, sempre
dando continuidade ao que o outro estava contando no capítulo anterior.
O
livro é dividido em cinco partes, cada uma com um nome de uma música famosa dos
Beatles (embora eu ache que quase 100% das músicas deles devem ser famosas).
Joan
é encantadora e, apesar de parecer madura para a idade, não é uma criança-adulta,
daquele jeito pedante que as crianças maduras demais costumam ser. Pelo
contrário, ela é cativante! Ao mesmo tempo que é madura demais, ela é
totalmente criança, e isso faz o leitor se afeiçoar à personagem.
Os
pais de Joan, Ollie e Paige, são ótimos como seres humanos e como pais. Quando
crescer quero ser igual a eles!
Gavin
é gato, simpático, e torci para que ele se recuperasse logo de sua perda e
seguisse em frente. Sei como é perder alguém amado de forma repentina, então me
solidarizei bastante com os sentimentos que brigavam dentro dele o livro todo.
Há
um levíssimo tom de mistério cercando a história enquanto Gavin tenta descobrir
o que Sydney teria escondido dele. Esperei que fosse algo mais grave, mas nem
de longe acertei do que se tratava. (Calma, não é O mistério, não é um livro de
suspense).
Achei
muito interessante a forma como a memória, as lembranças são tratadas na
história. O autor, por meio da protagonista, me levou a pensar em como precisamos
de coisas materiais para nos lembrarmos dos momentos marcantes de nossas vidas.
Tenho certeza de que, em algum cantinho, você tem aquela caixinha com algum
lembrete que ative sua memória para algum acontecimento, como um show, um filme
especial, uma viagem inesquecível (#quemnunca).
Enquanto
Joan é a personificação do desapego em relação ao que se precisa para se
lembrar das coisas (muito embora ela escreva tudo em um diário), Gavin é a
personificação de alguém que precisa de algo material para ativar uma
lembrança. E isso é muito interessante de ir observando ao longo da história.
Para
quem é fã dos Beatles, há menção a diversas músicas, referências à história da
banda, do John Lennon em especial.
O
final é lindo, redondinho e teve uma passagem específica que me fez ficar com
os olhos cheios de lágrimas. É fofo, é engraçado, é divertido. Forte candidato
a Top 10 – 2019!
Indico
para todas as pessoas, sem restrições! Leiam!
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