Crimes em primeiro grau - Joseph Finder

>>  sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

FINDER, Joseph. Crimes em primeiro grau. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2002. 351p. Título original: High crimes.

“- Claire, você não percebe o que está acontecendo aqui? Você não vê o que estão planejando fazer comigo? Eles vão me levar à corte marcial. Uma porra de uma corte simulada caracterizada pela desonestidade e incompetência, que provavelmente vai funcionar em regime de sigilo absoluto. Vão me julgar culpado e depois vão me trancafiar em Leavenworth ou talvez em alguma instalação do Pentágono da qual nunca tenhamos ouvido falar, pelo resto da minha vida. Que não será longa porque em breve vão me descobrir morto na cela, presumivelmente por suicídio.” p. 97

Esse livro foi indicado para mim faz  alguns anos, por um leitor aqui do blog que como eu, é fã de ficção policial e suspense. É também meu primeiro livro do americano Joseph Finder. Ele ficou mais alguns anos na estante, esperando uma oportunidade, que mais uma vez, surgiu com o Clube das chocólatras. Confiram o que achei de Crimes em primeiro grau.

Claire Heller Chapman é uma advogada conceituada. Famosa advogada de defesa, conhecida por aceitar e ganhar casos difíceis, ela também ensina direito em Harvard. Está sempre na mídia, ainda mais agora, depois de ganhar um caso e inocentar um milionário acusado de estupro. Uma defesa pouco popular na mídia. Claire é casada com Tom Chapman, um bem sucedido corretor de investimentos, fazem três anos e é mãe de uma menina de  seis, Annie. Ela tem uma vida perfeita.

Tudo muda quando o marido é preso por uma equipe do FBI, acusado de um crime brutal, cometido enquanto ele era do exército. Eles afirmam que Tom não existe, ele é na verdade Ronald Kubik, um soldado desertor do exército, procurado há treze anos pelo assassinato de 87 civis desarmados, em uma aldeia em El Salvador.

Tom confessa a Claire que ele realmente é Ronald Kubik, que fugiu, mudou sua aparência e construiu uma vida sob um nome falso, para fugir de uma armação feita contra ele pelo comandante de seu destacamento na época, o coronel William Marks, hoje, general Marks, chefe do Estado-Maior do exército.

Mesmo arrasada com a traição, assustada por não conhecer realmente o homem com quem viveu por três anos, Claire arrisca tudo em sua defesa, atuando com advogada em uma corte marcial secreta. Os outros dois advogados de defesa, especialistas em justiça militar, tentam ajudar da melhor forma possível. Mas documentos desaparecem, testemunhas da época estão quase todas mortas ou desaparecidas. Ela tem uma batalha pela frente, e o que está em risco, é a vida de seu marido.

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Quero muito ler outros livros do autor depois dessa leitura, foi uma agradável surpresa. Uma trama forte e muito bem construída, um enredo que se passa quase totalmente dentro de um tribunal militar. A história foi forte, angustiante. Os personagens muito bem construídos. Foi impossível não torcer por Claire e sua defesa apaixonada, ao mesmo tempo, o autor coloca uma pulga atrás da orelha do leitor, eu não confiei em Tom/Ronald o livro inteiro.

Eu confesso que só não amei o livro por conta do final, depois de tudo o que aconteceu eu desejei que fosse aquilo mesmo. A reviravolta corrida das últimas páginas me desagradou, e o final foi muito no ar, ficou faltando um epílogo, no mínimo. 

Mas tirando as páginas finais, o livro me conquistou. Eu adorei o mistério todo em torno de Tom/Ronald, a culpa ou inocência dele não fica clara durante boa parte do livro. Adorei o julgamento na corte militar, os procedimentos diferentes e toda a injustiça envolvida. O preconceito do juiz com a advogada civil, a inteligência de Claire, que foi brilhante em um cenário completamente desfavorável.

Sobre os personagens, eu adorei Claire, claro, e não engoli Tom rs. Mesmo com pena dela, eu tinha um pé atrás sobre seu comportamento. Inocente ou não, ele criou uma vida falsa, fez plásticas, contou mentiras para a esposa a vida toda, até um pai falso ele inventou. Jackie, a irmã de Claire, é uma fofa, sempre presente para cuidar da sobrinha e ajudar a irmã. Annie, a menininha de 6 anos é um porre, garota chata toda vida, tinha zero paciência com ela kk. Gostei também de Grimes, o outro advogado de defesa, e de Devereaux, o investigador particular amigo de Claire.

O autor escreve bem, isso foi a melhor parte. E o que me faz querer outros livros dele na estante. A trama é intricada, bem construída, muito bem narrada. Os diálogos são inteligentes e a história se desenvolve muito bem. Só não curti realmente o final, e achei que um atentado contra Claire foi deixado de lado muito fácil, isso também não entendi.

O livro foi adaptado para o cinema em 2002 pelos roteiristas Cary Bickley e Yuri Zeltser. O filme foi dirigido por Carl Franklin, é estrelado por Ashley Judd, como Claire, e Morgan Freeman, como Grimes.

Para fãs de thrillers jurídicos e de suspenses diferentes, essa é uma ótima pedida! Leiam!!

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