O milagre - Emma Donoghue

>>  sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

DONOGHUE, Emma. O milagre. São Paulo: Editora Verus, 2018. 300p. Título original: The wonder.

“- Não quero induzi-la a nenhum tipo de preconceito – continuou ele -, mas o que posso dizer é que se trata de um caso sumamente inusitado. Anna O’Donnbel afirma, ou melhor, seus pais afirmam que ela não ingere nenhum alimento desde que fez onze anos.” p.16

Quarto é um dos meus livros favoritos e eu tinha muita curiosidade de ler outro livros da autora. E foi com uma grande expectativa que fui conferir seu novo livro, confiram o que achei de O milagre da Emma Donoghue.

Irlanda, 1859
Anna O’Donnell, 11 anos, se recusa a comer e não toma mais do que algumas colheres de água. Ela afirma que não precisa de comida, e mesmo assim, quatro meses depois continua bem, aparentemente, sem sintomas de desnutrição. Todos os habitantes do vilarejo, fervorosamente católicos, afirmam que a menina é um milagre. Viajantes começam a chegar para vê-la, os jornais começam a publicar notícias. Um milagre ou uma fralde?

Algumas pessoas importantes do vilarejo, resolvem então montar uma comissão para analisar o assunto e tirar suas conclusões, para tanto, eles precisam observar se a menina realmente não come. Além de uma freira, uma enfermeira inglesa é contratada para a função.

Lib Wright é uma jovem viúva, uma enfermeira cética que não acredita nem por um minuto que Anna não coma. Ela vigia e procura, esperando descobrir se Anna come escondida, ou se algum familiar está ajudando com a farsa. Com o passar dos dias, ela percebe que a menina realmente não come, e Anna começa a definhar sem que ela possa fazer nada para ajudar.

E o mistério cresce. A menina é uma fralde ou um milagre? A família pobre de agricultores tão religiosos, parecem esconder segredos e mentiras.

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Esse é um livro que depende muito do gosto de cada leitor, descobri que não é para mim rs, mas tenho certeza que muita gente vai amar. Eu esperava bem mais, uma trama mais forte, personagens como os de Quarto, que você ama e torce por eles desde a primeira página. Eu não me apeguei a nenhum personagem, apesar de sentir muita pena de Anna, achei a narrativa lenta e o enredo chato.

O livro todo se baseia na vigília de Lib e no jejum de Anna, uma criança devota e que leva ao pé da letra os textos religiosos. Mais da metade do livro é só isso, o dia a dia das duas, as anotações da enfermeira, a religiosidade da família e de todos do vilarejo. A descrença de Lib e sua busca pela verdade.

A segunda metade é mais interessante, você começa a perceber o nível de loucura, mascarada de fé, da família da menina e vários outros personagens. E de como eles querem usar a fé para encobrir todos os problemas. O final surpreende, realmente melhora muito nas páginas finais. Mas foi tudo muito corrido, não conseguiu salvar a história para mim.

A história é fictícia porém baseada em fatos reais. A autora inspirou-se em quase cinquenta casos das chamadas “Santas Jejuadoras” nos séculos XVI e XVII. A crítica religiosa presente no livro é muito interessante. Você se depara com o lado mais bonito e mais sórdido da fé. Anna é uma criança inocente, que acredita de todo coração em tudo aquilo, ela leva ao pé da letra todos os textos e sermões religiosos e acredita que precisa fazer esse jejum, para que um ente amado saia do purgatório. Alguns usam a fé para esconder pecados maiores. Outros, acreditam apenas, e são incapazes de enxergar a verdade.  Lib é cética, não acredita em nada daquilo, mas aos poucos ela começa a se apegar a criança, e só quer salvá-la.

Apesar de não ser um livro para mim, acredito que vai essencialmente do gosto de cada leitor, a autora como sempre, escreve muito bem. Quem leu me conte se gostou.

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Avaliação (1 a 5): 

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