Pollyanna - Eleanor H. Porter
>> segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
PORTER,
Eleanor H. Pollyanna. Belo
Horizonte: Editora Autêntica, 2017. 180p. Título original: Pollyanna.
“- É, o
Jogo do Contente.
- Que
diabos é isso?
- Bem,
tudo começou com algumas muletas que vieram num barril de missionários.
- Muletas?
- Isso mesmo.
Eu tinha pedido uma boneca, e foi isso que papai escreveu. Mas quando o barril
chegou, tinha um bilhete dizendo que não conseguiram nenhuma boneca, só muletas
infantis. Então eles mandaram, pois elas poderiam ser úteis pra alguma criança,
algum dia. E foi então, que jogamos pela primeira vez.
- Certo,
mas confesso que num entendo o que isso tem a ver com jogo... num entendo
mesmo. – declarou Nancy, um pouco irritada.
- Ah, tem
sim! O jogo é exatamente encontrar alguma razão em tudo pra ficar contente...
não importa o que é – respondeu Pollyanna, séria. – E foi exatamente ali que
começamos... com as muletas.
- Credo!
Num consigo ver como ficar contente em... ganhar muletas, quando se quer uma
boneca!
Pollyanna
bateu palmas.
- Mas
tem... tem sim! – falou, satisfeita. – No começo, eu também não conseguia ver,
Nancy – acrescentou, num impulso de honestidade. – Papai teve que me explicar.
- Então,
acho que você vai ter que me explicar – Nancy falou, imediatamente.
- Simples!
Ora, é só ficar contente porque você não... precisa... delas! – Pollyanna explicou,
bastante animada e triunfante. – Está vendo? É muito fácil quando a gente sabe
como fazer!” p.
33-34
Pollyanna foi um dos livros
favoritos da minha infância. Eu li e reli diversas vezes, amava a história! Foi
com ele, lá pelos meus 10, 12 anos, que eu aprendi que precisamos valorizar e
agradecer pelas coisas boas, e não ficar reclamando das coisas ruins. Minha
Vozinha falava muito isso, e o Jogo do Contente foi uma delícia para mim na época.
Anos depois, me deparo com essa edição maravilhosa, e corri para comprar.
Confesso que tive um pouco de medo dessa releitura, sempre tenho medo de reler
meus favoritos de anos atrás e achar um monte de defeitos. Então, confiram
minha experiência com a releitura de Pollyanna
da Eleanor H. Porter, um pouco
mais (risos), de 20 anos depois...
Lançado
originalmente em 1912 nos EUA, o livro foi publicado em capítulos, semanalmente em um
Jornal. Em 1913, foi lançado como livro, e logo se tornou um best-seller.
Considerado hoje, um clássico da literatura juvenil universal, já foi lançado
em diversas edições, em quase todas as línguas. Foi filmado pela primeira vez
em 1920, depois disso já ganhou diversas versões, uma delas da Disney.
Recentemente virou até novela... A história se passa em Beldingsville, uma
pequena cidade de Vermont.
Pollyanna Whittier, 11 anos, foi criada
pelo pai, depois de perder a mãe muito nova. O pai era pastor e eles viviam em
condições muito pobres. Muito criança, ela sabia que viviam com simplicidade,
mas esse era o normal para ela. Até que o pai da menina morre, e tentando se consolar, sabendo que o pai agora
estava no céu com sua mãe, ela é enviada para viver com sua única tia, uma irmã
de sua mãe que ela nunca chegou a conhecer.
Polly Harrington era uma mulher fria, solitária e muito infeliz. Aos 40 e
poucos anos era muito rica, mas vivia sozinha em sua grande casa. Impaciente
com os empregados e sem ter nenhum apego com crianças, ela aceita receber a
menina por ser sua obrigação. Afinal, ela era filha de sua falecida irmã, e não
tinha mais parentes vivos.
Pollyanna
chega à casa da tia com sua alegria natural. Com seu modo tão peculiar de
enxergar a vida, vendo sempre o melhor em todas as pessoas e em todas as
coisas. Com seu Jogo do Contente, ela
logo começa a mudar o modo como as pessoas a sua volta enxergam a vida. Ela vê
em tudo uma forma de ser feliz, de se alegrar com as pequenas coisas e de ser
grata. Logo muitos moradores da cidade estão encantados com aquela criança
incomum. Mas sua tia Polly ainda não entende, e insiste em seu modo de ver a
vida...
~~~~~~~
Esse
livro é mágico! Não tenho outra palavra para descrever. Mesmo depois de tantos
anos, a história me tocou como da primeira vez em que li. Me emocionei com
algumas passagens, impossível não amar Pollyanna e sua linda maneira de ver a
vida. Como seria mais fácil se todos fossem assim! Agradecessem mais, ficassem
mais felizes por tudo de bom que têm na vida, e reclamassem menos. O mundo de
Pollyanna é um mundo muito mais feliz. E não é uma história chata, forçada, não
tem nada de “lição de autoajuda”, é um livro encantador, sobre uma criança que
naturalmente, ensina a uma cidade inteira, como ver a vida com outros olhos.
A
história se passa no início do Século XX, onde crianças de 11 anos, eram apenas
crianças. Hoje em dia, as meninas de 11 anos já são praticamente adolescentes.
Leiam o livro pensando nos costumes, hábitos, crenças e comportamentos daquela
época, em uma cidade do interior. Embora a história se passe há tantos anos
atrás, os valores passados, são todos muito atuais, e pertencem a todas as
épocas. Pollyanna sem se esforçar, nos ensina sobre compaixão, solidariedade,
honestidade, companheirismo, otimismo, ética, empatia e amor. A beleza de
Pollyanna salta aos olhos, o seu grande coração emociona o leitor.
Eu
temia, nessa releitura, achar Pollyanna uma menina chata, imatura, melosa e sem
noção. Ao contrário, encontrei uma menina naturalmente feliz, de bem com a
vida, que prefere sempre esperar o melhor da vida e das pessoas. Pollyanna não
finge que tudo é perfeito, nem se conforma com as coisas como elas são,
simplesmente não se entrega ao sofrimento, procurando sempre, fazer o melhor com
o que a vida lhe dá. Além da menina e de sua Tia Polly, no livro conhecemos
personagens encantadores! Jimmy, um órfão que acaba se tornando um dos melhores
amigos da menina; Dr. Chilton, médico da cidade; John Pendlenton, um homem
solitário e rico; Nancy, a fofa empregada da Srta Polly e muitos
outros.
O
livro tem uma parte muito triste, quando algo pesado acontece, e Pollyanna
perde todas as razões para ficar contente. Como me emocionei com as pequenas
coisas, com cada linha escrita depois disso. O final é fofo, tocante, e deixa
um gostinho de quero mais. A história de Pollyanna continua com Pollyanna moça, mas essa é uma história para outro dia.
Além dos dois livros da
Eleanor Porter, doze outros livros sobre Pollyanna foram escritos por outros
autoras: Harriet Lummis Smith (Pollyanna of the Orange Blossoms, Pollyanna’s
Jewels, Pollyanna’s debt of honor, Pollyanna’s Western adventure; Elizabeth
Borton (Pollyanna in Hollywood, Pollyanna’s castle in Mexico, Pollyanna’s door
to happiness, Pollyanna’s golden horseshoe, Pollyanna and the mission secret; Margaret
Piper Chalmers (Pollyanna’s protégée); Virginia May Moffitt (Pollyanna at Six
Star Ranch e Pollyanna of Magic Valley); Colleen L. Reece (Pollyanna plays the
game e Pollyanna comes home. Esses outros livros não são considerados oficialmente parte
da série, e não faço ideia de como continuam a história.
Esse
é um livro que todos deveriam ler, sem limite de idade, sem expectativas,
apenas com o desejo de conhecer, ou relembrar, dessa história linda e tocante.
Eu indico para todos, leiam!! Leiam e pratiquem, uma vida vista com olhos mais
felizes é sempre mais prazerosa!
Apesar de ter lido faz alguns meses, eu guardei esse livro para ser postado no último dia do ano! Essa é a minha mensagem para vocês. Por um 2019 repleto de alegrias, mas em que vocês consigam agradecer por todas essas alegrias, e sejam capazes de enxergar o lado bom de todas as situações!
Apesar de ter lido faz alguns meses, eu guardei esse livro para ser postado no último dia do ano! Essa é a minha mensagem para vocês. Por um 2019 repleto de alegrias, mas em que vocês consigam agradecer por todas essas alegrias, e sejam capazes de enxergar o lado bom de todas as situações!
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Série Pollyanna:
- Pollyanna
- Pollyanna moça (Pollyanna Grows up)
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